AVENTURA: Um mergulho na caribenha Isla Mujeres com os tubarões baleia

A apresentadora Renata Maranhão esteve em Isla Mujeres, no Caribe Mexicano, onde uma vez ao ano ocorre a desova dos peixes Snapper (no Brasil, Cioba) e Bonito. Nesta temporada, chamada de “Festival de Tubarão Baleia”, os tubarões migram para a região para se fartar dessas ovas. Apaixonada declarada por tubarões, a Renata esteve lá para nadar ao lado da espécie, que é considerada a maior do mundo, com até vinte metros de comprimento. Acompanhe agora Renata em sua incrível jornada ao encontro desses gigantes de Isla Mujeres.

Foram quase 15 dias no caribe mexicano, entre Cozumel e Isla Mujeres. O mergulho em águas tão quentes (média de 26 graus) foi inédito e me senti mais livre ainda. A visibilidade da água beirava os 50 metros e a floresta de corais impressionava até o mergulhador mais experiente, afinal é a 2a maior barreira de corais do mundo, perdendo apenas para a Austrália. E se Jacques Cousteau declarou Cozumel uma das águas as mais bonitas do mergulho autônomo do planeta (e o francês sabia das coisas), quem sou eu para dizer algo diferente?
Para “desbravar” a maior ilha do México, eu e meu namorado nos aventuramos de lambreta ou de fusca conversível para o lado mais deserto é exótico da ilha. Descobrimos belíssimas praias desertas, bares charmosos a beira-mar e paisagens incríveis. Gravaremos na memória estes momentos inesquecíveis no lado não-turístico de Cozumel. Encontrei em Gustavo, dentre outras coisas já sabidas, meu exímio parceiro de mergulho. Foi emocionante acompanhar o entusiasmo dele quando viu seu primeiro tubarão. Lá, conhecido como tiburon gata; aqui, tubarão lixa.

A cereja do bolo foi Isla Mujeres, uma das quatro ilhas de território Maia que pertence ao estado de Quintana Roo. Pegamos um ferry boat de Cancun e em menos de meia hora estávamos lá, onde o tempo passa devagar e as férias dos sonhos se tornam realidade. Historicamente é uma ilha de pescadores, que mantém seu charme e atmosfera tranqüila. O nome vem de uma longa história que vou tentar resumir. A ilha serviu como santuário para uma deusa. Quando foi descoberta por uma expedição espanhola (1517), foram encontradas várias estátuas femininas pela ilha, que representavam a deusa Ixchel, deusa maia da fertilidade, da razão, da medicina, da felicidade e da lua, e de suas filhas e enteadas. Eram tantas mulheres representadas em rochas, mármores, ouro, que o nome Isla Mujeres pareceu até natural. Por 300 anos foi uma ilha deserta, visitada apenas por pescadores e piratas. Usavam até para deixar suas mulheres “em segurança”, enquanto passavam meses em alto mar. Hoje a ilha é dedicada ao turismo e os pescadores alugam seus barcos para os gringos nadarem com os tubarões baleia.

Já que toquei no assunto, vamos a eles, afinal, eram o motivo para estar lá. Uma vez ao ano ocorre a desova do snapper (Cioba) e todos os tubarões baleia da região vão à Isla Mujeres se fartar desta iguaria. Éramos o primeiro barco todos os dias. Acordávamos às 05h30 da manhã, navegávamos cerca de uma hora para encontrá-los (afinal, eles estão soltos na natureza) e éramos os primeiros a cair na água para nadar com eles, pois quando chegavam os outros barcos, eles tendiam a se afastar.

Eu estava passando férias com meu namorado. Simples assim. Mas minha paixão pelos tubarões, o engajamento na causa de defesa da espécie e uma câmera HD na mão (pequena, de bolso), me levaram a sonhar com um documentário, que pelo menos neste momento, se transformou numa série de reportagens especiais para o Leitura Dinâmica; muito especiais, diga-se de passagem. Poder mostrar minha paixão pelo assunto para o Brasil inteiro, mostrar o quanto a espécie está fragilizada e correndo o risco de extinção e, quem sabe, sensibilizar algumas pessoas, me realiza de uma forma que nem poderia imaginar. E meu namorado, achando que estava tirando férias, se transformou em cinegrafista, diretor, produtor…
Várias histórias também rodeiam os tubarões baleia de lá, mas essas eu não li, fiquei sabendo durante as conversas que tive com nativos e curiosos. Por um lado, falou-se que com a diminuição da população do tubarão tigre na região (que comeria os filhotes dos tubarões baleia), os grandões puderam se reproduzir a vontade, daí esta grande concentração em Isla Mujeres. Um desequilíbrio ecológico “do bem”. Por outro lado, conversei com o capitão do barco, ex-pescador e nativo da ilha, e ele falou que os tubarões baleia sempre estiveram ali. Quando era pequeno, o pai já o levava para nadar com os tubarões baleia e, hoje, aos 45 anos de idade, ele leva os filhos. A atividade se transformou em business há 8 anos. Foi quando ele deixou de ser pescador e se transformou no capitão Ruben!

Cheguei a ter uma reação alérgica a um coral de Cozumel. Bom para lembrar as primeiras lições do mergulho, que a roupa de neoprene não é só para o frio, é para proteger de situações assim. Manchas pelo corpo, dias de coceira e calafrios. Ok, o coral era em Cozumel, mas à medida que os dias passaram meu corpo foi reagindo e ficou pior em Isla Mujerers. Acabei perdendo um dia de mergulho. Aproveitamos esse dia e fomos à Cancun e alugamos um helicóptero para fazer imagens aéreas. Com as coordenadas, localizamos os tubarões baleia de cima e cheguei a me emocionar de ver tantos reunidos. Eles são animais solitários, você vê no máximo 2 ou 3 nadando juntos. Saber que eu estava presenciando um fenômeno raro me fez sentir especial e agradeci a Deus por isso.
Estava em contagem regressiva, as férias estavam acabando. Me acabei de nadar com os tubarões baleia. Quando estava tentando seguir um, outro atravessava na minha frente e eu tinha que escolher com qual eu queria nadar. Foram dias muito preciosos, com fartura de ovas para os tubarões baleia e fartura de tubarões baleia para os humanos. Na saideira, fiquei sozinha na água um tempão. Um tubarão baleia me fez companhia e até desacelerou seu nado (que já é lento) para que eu pudesse acompanhá-lo. Nadei o quanto pude ao lado dele, em clima de despedida. Era o último desta minha temporada.

Isla Mujeres vai ficar para sempre na minha memória. Foram dias perfeitos! Uma lua-de-mel com o meu amor… e com os tubarões!

Renata Maranhão é jornalista e apresentadora do “Leitura Dinâmica”, na RedeTV.www.renatamaranhao.com.br
Fotos: Daniel Botelho
Agradecimento: Carol Medeiros – [email protected]
Agradecimento especial a Renata Maranhão

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