CAPA: André Dias chama atenção por sua interpretação de Olavo Bilac no teatro

Graças a um excesso de timidez, os palcos e as telonas ganharam um grande artista, André Dias, que atualmente está em cartaz com o espetáculo Bilac vê estrelas. A MENSCH foi conversar com o ator e diretor e descobriu mais coisas além da vontade de estrear na TV.

Além da formação em Artes Cênicas você tem formação em Teoria e Percepção Musical, essas duas formações já visavam uma carreira em musicais ou foi acontecendo naturalmente? Foi um caminho natural. Fui buscando qualificação de acordo com as exigências do mercado profissionalmente.

Conta pra gente como foi a descoberta artística e a decisão de seguir essa carreira. Comecei a fazer aulas de teatro para vencer minha timidez e descobri minha verdadeira vocação. Quando vejo que mais de 20 anos se passaram e eu não parei de trabalhar, percebo que foi o teatro que me escolheu.

O gênero musical vem crescendo e lotando cada vez mais os teatros, a que se deve isso em sua opinião? Primeiro ao nível de excelência que os profissionais atingiram neste gênero; e segundo pela facilidade com que as plateias absorvem a música como elemento dramatúrgico. Não há quem não se emocione com uma bela melodia.

Atuar e dirigir, quais os maiores desafios de um e de outro? A responsabilidade de um diretor é enorme. Todas as decisões, em todos os âmbitos da produção passam pelo seu crivo de aprovação. A decisão errada pode lhe custar muito caro. Mas o trabalho do diretor termina na estreia, quando o do ator está apenas começando. Como ator quero crescer a cada espetáculo e que o melhor dia seja o último. Como diretor quero oferecer sempre um espetáculo de qualidade, calcado na figura do ator e oferecer ao elenco um estreia segura.

Cantar, dançar, interpretar, tudo junto ao mesmo tempo, dá um certo nervosismo? (risos) Entrar em cena dá nervoso sempre pra fazer qualquer coisa, (risos)

Como foi a experiência no filme sobre Chico Xavier? Cinema é uma experiência indescritível. Tive o privilégio de contracenar com Nelson Xavier e Angelo Antônio, com os quais aprendi muito. Daniel Filho me ensinou a fazer cinema e trabalhar com a câmera. Tenho um enorme sentimento de gratidão por todos os membros desta equipe.

E a semelhança entre você e o espírito Emmanuel, que você interpretou no filme? Como lida com isso, destino, coincidência…? Na verdade nunca se viu o rosto de Emmanuel. Existem esboços desenhados do rosto dele e a partir destes esboços foi criado um estudo de profundidade e sombreamento pela maquiadora do filme Rose Verçosa, a fim de criar esta semelhança.

Como você vê o espiritismo? Algo mudou depois do filme? Parte da minha família é Espírita. Tenho profundo respeito por todas as religiões, mas sou um homem de natureza mais cética. Fazer parte deste filme, num papel tão polêmico, foi e é, até hoje uma honra. O artista se aperfeiçoa e muda a cada trabalho. Com Emmanuel não foi diferente.

Você escreve ou já pensou em escrever, para compor mais uma atividade ao seu vasto mix de talentos? Sim. Gosto muito de escrever e roteirizar shows. Em breve teremos novidades (risos).

Agora você vive Olavo Bilac, como está sendo essa experiência e o seu “encontro” com um dos grandes nomes de nossa poesia? É um privilégio pra qualquer ator ter uma papel de protagonista escrito especialmente pra você. Bilac já fazia parte da minha vida pois meu pai, José Delton Moreira Dias (1938-2012) era fã ardoroso do poeta. Ganhei um presente de Ruy Castro Heloísa Seixas e Julia Romeu e espero estar a altura dele.

O espetáculo apresenta ficção e realidade, misturando grandes nomes da literatura brasileira, conta pra gente um pouco dessa construção, dos bastidores antes da estreia. O espetáculo é uma obra de ficção, baseada em personagens e fatos históricos. João Fonseca propôs uma direção divertida, baseada na comédia física, então tive liberdade pra fazer uma composição bem detalhada, quase farsesca. Busquei referências no cinema mudo, em especial em BUSTER KEATON e procurei criar uma dualidade entre personalidade retraída e tímida do homem Olavo e o ego inflado do artista Bilac.

E quando não está nos palcos, onde a gente te encontra? Quais seus hábitos de lazer? No mar, (risos). Amo a praia e o mar. Apesar de gostar muito da noite e da madrugada, não sou muito de baladas e boates. Sou muito caseiro, até porque é de madrugada que eu tenho meus arroubos criativos para escrever, dirigir e compor meu personagens.

O que você curte ler, ver e ouvir? Sou fã de Aldous Huxley. Adoro as biografias que Ruy Castro escreve. Gosto das séries americanas e inglesas pois são verdadeiras aulas de roteiro. Já pra música sou muito eclético. Ouço de tudo, samba, MPB, pop, mas o jazz é o que eu mais ouço. Em especial as cantoras negras como Dinah Washington, Nina Simone, Billie Holliday.

Quais os próximos passos? TV? Tô louco pra fazer televisão! Nunca Fiz.  A Televisão é um veículo poderoso que pode ser muito cruel. Começar com o papel errado pode arruinar quase 25 anos de carreira no teatro. Sei que a hora está chegando e que o papel certo vai aparecer quando eu menos esperar. A vida do ator é assim.

FOTOS FILIPE LISBOA
DIREÇÃO DE PRODUÇAO MARCIA DORNELLES
STYLING XICO GONÇALVES

ANDRE DIAS VESTE: LOOK 1 – calça jeans Convicto, camiseta marinho Base Jeans,
camisa xadrez azul Acostamento; LOOK 2 – calça jeans Convicto, camiseta preta Ogochi, camiseta tie dye cinza Base; LOOK 3 – calça jeans Convicto, camisa branca Acostamento, jaqueta jeans Acostamento; LOOK 4 – calça jeans Convicto, camisa branca Acostamento.