CAPA: GABRIEL GODOY – IRREVERENTE, DIVERTIDO E DANDO O QUE FALAR EM “VERÃO 90

Gabriel Godoy estreou na TV em 2014 no papel do ingênuo e atrapalhado Afeganistão na novela “Alto Astral”. Depois, fez sucesso em “Haja Coração” vivendo o pilantra Leozinho, par de Tatá Werneck. Gabriel também viveu Oscar nas quatro temporadas da série de sucesso “O Negócio”, na HBO. Atualmente ele vive o Galdino em “Verão 90” novela das 19h na Globo. Malandro, pilantra e aproveitador, se junta a Jerônimo (Jesuíta Barbosa) e Vanessa (Camila Queiroz) nos golpes e falcatruas. Ou seja, mais uma vez é diversão garantida. Falando em diversão, ele também está no ar na série do “Porta dos Fundos”, “Homens?” ao lado de Fábio Porchat. E em breve nas telonas Gabriel poderá ser visto em três longas, “Incompatível”, “Maior que o Mundo” e “Grande Mentira”. Ou seja, o rapaz não para quieto! Talvez por isso também seus personagens sejam tão agitados e divertidos.

Gabriel, como está a vida agora juntamente com esse malandro do Galdino em “Verão 90”? Intensa. Tenho a sensação de que a novela começa de novo a cada novo personagem que o Galdino faz. A adrenalina é de início de processo, só que sem tempo algum. Preciso estar muito focado. Aconteceu isso com a Adelaide, que é uma cartomante Paraguai, e agora com o Andreas Moratti, investidor italiano. Nesse momento estou na luta e mergulhado nos estudos para aprender o sotaque italiano. Vendo filmes, ouvindo podcasts da Itália, revendo as novelas “Passione” e “Terra Nostra”. Eu até avisei a minha namorada que nas próximas semanas eu ficaria aéreo pois a cabeça está totalmente no trabalho.

Soubemos que seu personagem passou por uma mudança e se passa por uma cartomante. Pelo jeito vem mais trambicagem e muitas risadas ai. Tem se divertido muito? Foi uma transformação incrível. É a primeira vez que interpreto uma mulher. Eu não, o Gladino, importante esse detalhe. Sempre antes dos dias de gravação eu sofro um pouco, pois fico muito concentrado para estudar tanto o sotaque como o corpo e os movimentos femininos. Na hora é só diversão, ainda mais por ter o privilégio de contracenar com o Marcos Veras, que já era meu amigo, mas nunca tínhamos trabalhado juntos.

O humor sempre esteve presente no seu trabalho. Isso foi uma escolha sua ou você foi se deixando levar? Minha maior paixão é ser artista. Gosto muito do meu ofício e das possibilidades que tenho enquanto ator. A comédia sempre fez parte da minha vida pois meu pai e meu avô da Argentina sempre foram muito palhaços e acho que a genética me pegou. Eu gosto de fazer comédia e acho muito difícil. E ainda tive a sorte de cruzar com os maiores na atualidade como Marcelo Medici, Tata Werneck, Fábio Porchat e Paulo Gustavo. Ter trabalhado com eles foi praticamente um curso com salário. (Risos)

Falando em humor, como é o sua no dia-a-dia? Às vezes falo que o humor me domina e não sei quem sou. Estou brincando. Mas sim, eu amo o humor. Gosto de rir e fazer rir. Só não gosto de ataque de riso, pois as vezes tenho a sensação que vou morrer e realmente não queria fazer a passagem numa crise de riso. Mas não só eu, como toda minha família, minha namorada e meus amigos amam o humor. O humor me atrai. Porém não podemos esquecer que a comédia faz pensar, propõe reflexões. Acho essencial o humor na vida. Aliás, eu costumo ter um pouco de medo de quem não tem humor.

E o que te tira o bom humor? O que me tira o humor acho que é a estafa. Quando ultrapasso a média no trabalho ou em outras questões e fico exaurido. Aí preciso de silêncio para zerar. Afta, rinite e arrogância também me deixam extremamente irritado.

Dentro desse universo você esteve na série “Homens?” ao lado de Fabio Porchat. Qual a importância desse trabalho? A série mostra como esse machismo impregnado na nossa história, na nossa sociedade, no nosso cotidiano, faz mal. O quão cruel e injusto é com as mulheres. Não se pode mais aceitar esse tipo de postura. E devemos usar a arte para debater assuntos como esse. No caso da série, através do humor.

Você se diverte no trabalho? O que te faz dar uma boa risada? Me divirto sim, mas com muito respeito e muita seriedade pela minha profissão. O que me faz rir é o conjunto de um bom texto, com um parceiro de cena que goste de jogar e um diretor que crie uma atmosfera leve. Durante as gravações da Adelaide senti muito isso com o Marcos Veras, o Alexandre Davi e a diretora Bia Coelho. Nos divertimos muito.

Mas você não para só por aí, em breve nos cinemas três longas: “Incompatível”, “Maior que o Mundo” e “Grande Mentira”. Dá para nos adiantar um pouco o que vem de bom nesses três trabalhos? “Incompatível” deve estrear em julho. Produção da Gullane, direção do gênio Johnny Araujo. Faço o melhor amigo do protagonista (Gabriel Louchard). Tento ajudá-lo a resolver as questões amorosas com a Nathalia Dill e a Giovanna Lancelloti. Em “Maior que o Mundo” faço um jornalista que deseja desmascarar o escritor que plagiou uma obra. O protagonista do filme é o querido Eriberto Leão. E na “Grande Mentira”, que é um filme independente dirigido por Leandro Derrico, faço o vilão do filme. Um empresário manipulador que arruína a carreira de um ator vivido por Johnnas Oliva.

Teatro, cinema, novela, séries… O que te deixa mais confortável como ator e mais à vontade como espectador? Impossível responder essa pergunta, pois gosto demais de fazer tudo. Minha formação toda e o início de minha carreira foi no teatro em São Paulo, mas depois veio a nova paixão, o audiovisual e agora a maratona de fazer novela. Todos me trazem satisfações, me preenchem como artista. Sempre digo que o melhor trabalho é o do momento presente, ainda mais na atual situação onde não vemos incentivo algum para cultura e educação. Estar trabalhando é um privilégio e só agradeço.

Em um relacionamento o bom humor é primordial, especialmente para segurar a rotina? Respondo a pergunta com o poema de 1927 de Oswald De Andrade chamado “AMOR”. O poema é assim:

AMOR

humor

Direto e reto. Humor e amor se confundem e com amor eu sou humor e com humor eu sou amor. Filosófico, mas eu sou isso.

O que os homens precisam aprender urgente com as mulheres? E o que elas precisam aprender com eles? A escutar, a respeitar. Nós homens precisamos passar por uma reciclagem e nos reinventar urgentemente. Não podemos mais aturar o machismo. Se assumir machista é o primeiro passo para essa transformação. Aprender um com o outro tem que ser orgânico, gostoso, motivador. Penso que o que precisamos não é só aprender. É querer mudar, se investigar para evoluir como ser humano. Eu faço terapia e sempre tenho um diálogo transparente com minha família, minha namorada e meus amigos. Esse processo de evolução exige entrega. Ainda vamos errar muito, mas temos que reconhecer, perceber o erro e MUDAR. E precisamos parar de ter certezas. Admiro quem muda de opinião. Temos que ter uma BUSCA.

A vida virtual anda mais difícil que a vida real? Como lida com isso? O silêncio sempre é uma saída quando preciso me desligar. Acho a vida virtual muito cruel as vezes. O mundo virtual agora elege presidente. As fake news, tudo muito delicado. Precisamos ter mais atenção. Investigar, pesquisar, nos informar antes de se colocar ou postar. Hoje em dia as pessoas não leem mais livros, jornal. Leem um parágrafo de algum post de Facebook e já vão dando uma opinião. Muito delicado. Muitas bocas e poucas orelhas. Falta escuta. Tento sempre ser coerente e ficar sempre atento com que eu posto e escrevo.

O que te distrai nos momentos de folga? Ver série.

Alguma mania? Tenho a mania de ver programas de futebol. Sou viciado em ficar vendo debates da rodada.

E qual a maior virtude, aos seus olhos? Maior virtude? A humildade me atrai. O respeito pelo próximo, sempre. Fico muito triste quando vejo pessoas que não dão nem um: “Bom dia” ou que não falam: “Obrigado”. E olhar no olho e escutar também é uma virtude que todos deveríamos ter.

Para te conquistar basta… Só ler a resposta anterior. (risos). A simplicidade me conquista também.