CAPA: Jonathan Azevedo colhe o sucesso de seu “Sabiá” em “A Força do Querer!

Ele chegou tocando o terror e o que era para ser uma participação pequena terminou caindo no gosto do público e trazendo para a história da novela “A Força do Querer” um toma mais realístico e dramático. Jonathan Azevedo tem uma história de sucesso e batalhou para seu lugar ao sol. Ele veio do morro e com suas escolhas, e uma boa orientação familiar que fez a diferença, Jeferson foi traçando seu futuro. Prova vida de que as artes, seja a música ou o teatro, pode transformar o homem esteja ele em que situação estiver. Todo mundo temeu o Sabiá traficante do morro mas ao mesmo tempo todo mundo adorou ver esse ator trazendo tanto talento e dedicação a um trabalho. Que venha muito mais!

Jonathan, o Sabiá tem sido um divisor de águas na sua carreira? Soube que o personagem seria só uma participação e terminou ficando fixo até o final. Sim, com certeza. Do Sabiá pra cá, muitas coisas mudaram na minha vida, ainda estou tentando me acostumar. Costumo falar com meus amigos, que o Sabiá é só o carimbo do passaporte para muita coisa que tem por vir. Sabiá era pra ser só uma participação e acabou conquistando o público, e, ficando até o final da novela. Trouxe muitos elementos, principalmente, vocabulário das comunidades do Rio para novela. Acredito que isso fez o sucesso do personagem!

Como tem sido a reação do público? Por ele ser um grande bandido qual a reação do povo na rua? As reações do público são as melhores. Eu ando pelas ruas, shoppings, praias, tem sido difícil, graças a deus(risos). Fui ao shopping, dia desses, pagar uma conta de telefone. Coisa que levaria de 15 a 20 min, hoje, demora umas 2 horas pela quantidade de fotos que pedem para tirar comigo. O shopping para, é tudo muito engraçado pra mim. Está sendo uma coisa maravilhosa!

Talvez grande parte do público tenha conhecido o Jonathan ator agora com esse personagem. Mas como começou sua trajetória até chegar ao Sabiá? Uma longa jornada. Aos 15/16 anos conheci uma galera do Nós do Morro. Via como eles eram felizes, e quis fazer teatro também. Quando fui assistir à primeira peça, vi um personagem que tinha uns 80 anos e quem fazia era um rapaz de trinta. Conversando com o ator ele me disse – Sou eu mesmo, no teatro posso ser quem eu quiser. Ali, eu descobri o que queria ser na vida. Fui pra uma escola de teatro da Marisa Orth e do Gringo Cardia. Lá, um professor falou que eu deveria seguir no Nós do Morro e que se eu quisesse ser feliz, eu nunca deveria sair do palco! Comecei a estudar cada vez mais, fiz o teste no Nós do Morro, passei, depois fiz faculdade de Artes Cênicas. Nessa trajetória foram diversos filmes, cerca de 16 longas, diversas participações em novelas e series, fiz Malhação que foi incrível, mas com Sabiá está sendo essa explosão. Está sendo maravilhoso, pois estou podendo mostrar não só os personagens mas também o Jonathan Azevedo. Acredito que tudo aconteceu no tempo certo. Consegui estar preparado para viver tudo isso, preparei minha cabeça, minha alma. Minha proposta com arte sempre foi levar não só alegria, alegria, mas também amor e paz aonde eu passasse com minha interpretação. E vejo que estou conseguindo.

Você foi criado no Vidigal. Criado por pais adotivos. Como foi sua infância no morro e quando despertou para as artes? Sempre teve apoio dos pais? Na verdade, eu nasci na Cruzada São Sebastião, uma comunidade localizada no Leblon.  Sou filho adotivo sim, meus pais sempre me deram muito amor e carinho. Amo muito tudo que aconteceu na minha vida, essa também é uma parte maravilhosa da minha trajetória. Mesmo sendo adotivo, meus pais me apoiaram em tudo que eu fiz, sempre estiveram do lado. Quando fui pro teatro, me apoiaram mais ainda. Nem sempre vemos isso acontecer, tenho muitos amigos que falaram aos pais que queriam ser atores e não receberam apoio. Comigo foi o contrário! Eles fizeram de tudo para me dar condições de estudar, fazer faculdade. Graças a Deus o investimento deles está dando certo! Crescer na comunidade me ensinou muito sobre coletividade, sobre familiaridade. Isso tudo ajuda muito no Sabiá também.

A novela A Força do Querer fala muito de escolhas que fazemos e daí vem suas consequências. Como foi o caso do seu personagem e de Bibi (personagem de Juliana Paes) que vivem uma ilusão da vida fácil. Como foi pra você vivenciar tudo isso através dos personagens de vocês. Como isso te tocou? Essa é uma ótima pergunta. Conversamos muito sobre isso no set, eu, Juliana, Emilio e Hylca, temos muito essa preocupação do que está sendo passado pro público. Fazemos uma reflexão muito boa sobre a novela, não só sobre o poder das escolhas, mas também da atitude de cada em relação às suas escolhas. Cada um tem que arcar com as consequências de suas escolhas, pode ser depois de um tempo, ou até mesmo na mesma hora. Isso atinge você e atinge quem está à sua volta, amigos, familiares. No caso da Bibi, o que ela passa com a mãe, com o filho.

Na sua vida as escolhas certas fizeram muita diferença. Tanto a escolha de seus pais em te adotar, quanto à sua escolha em seguir essa carreira. Ambas muito bem sucedidas. Para você o que faz a pessoa fazer boas escolhas? Com certeza. É um privilégio poder ser escolhido pelos seus pais. Acho que pra tudo dar certo no meio dessas escolhas, o grande segredo é a família por perto, o apoio de quem você ama. Saber que mesmo não dando certo, você terá apoio. Não se resume só às escolhas, mas também à estrutura que você tem. Minha família e amigos me deram muito esse suporte e aprendizado sobre energia, amor. Sempre penso positivo e acredito que isso faz tudo acontecer no tempo certo e da maneira correta.

Hoje em dia com toda informação que temos, parece que as pessoas estão retrocedendo e casos de racismo e preconceito estão cada vez mais comum. Como lida com isso? Como você enxerga isso? Uma pessoa preconceituosa, pra mim, é uma pessoa que tem um vazio muito grande que não conseguiu preencher. Vejo como uma falta de amor, falta de afeto, coisa que tive muito na minha vida. Meus pais me ensinaram muito a levar amor a quem precisa. Nem todo mundo, teve a oportunidade de receber carinho, amor, como eu tive, como diversas pessoas tiveram. Quando você tem esse amor, não escolhe classe, cor, opção sexual, você só quer viver esse amor. Levo essa questão do racismo com o maior carinho, não levando bandeira, mas tento abraçar essa pessoa que têm dificuldade de lidar com o ser humano, seja lá ele quem for. Tento levar a mensagem de que só amando e respeitando o próximo se chega a algum lugar. Preconceito precisa de muito amor para ser compreendido.

 

É com sua arte e seu talento que você mostra seu real valor. A arte tem o poder de modificar as pessoas (quem pratica e quem consome). Você acredita que seria uma boa “arma” para combater a violência e mostrar um futuro com melhores escolhas? Essa pergunta é incrível e deveria ser feita para o Brasil. Outro dia, um rapaz me perguntou, na rua, o que eu acho que deveria ser feito para mudar o Brasil. Eu respondi: eu tive oportunidade de me educar e olha o que aconteceu comigo. Sou a resposta dessa pergunta. Ter a oportunidade de estudar e a liberdade de escolher a profissão, mudaria tudo nesse momento que o o Brasil, e mais especificamente, o Rio está vivendo!

Falando em arte… Você faz parte do banda Melanina Carioca, que faz sucesso e virou uma referência faz muito tempo. Como surgiu a banda e como você se realiza através da música? A música e a banda Melanina representam meu lado poético. Amo poesia, adoro escrever minhas poesias.  Através da música, posso dar vida a isso.  Sobre o começo do Melanina Carioca, o Jonathan Haggenzen tinha acabado de sair da Fazenda(reality show), fizeram uma festa para ele. E tinha vários amigos com projetos musicais na festa, acabamos nos unindo no palco para cantarmos juntos. Juntamos umas 12 pessoas no palco. Um contratante amigo estava na festa e perguntou se a gente topava levar aquela galera para fazer um show na casa dele no Leblon, numa quinta-feira. Ensaiamos na mesma semana na casa da Roberta Rodrigues, fizemos uma quinta, depois voltamos na outra quinta, e nas outras seguintes e nunca mais paramos! Rodamos o Brasil todo com a banda! Vivemos esse amor intenso até hoje!

Ao contrário de seu personagem Sabiá, você é um cara positivo, alto astral e paz e amor. O que te motiva no dia a dia? Sou mesmo, amo levar positividade, amo abraçar, amar, ser feliz! O que me faz acordar assim, todos os dias é saber que tem algo maior do que todo esse nosso ódio, nosso ego, que gira em torno do mundo que nós vivemos. Nessa minha jornada, cada vez sinto mais uma sensação de amor e ver que isso está dentro de mim. Uma  luz grande que me dá uma vontade imensa de levar esperança a quem não tem esperança no amanhã. Levar fé e amor para aqueles que não desfrutaram disso nessa vida, é isso que faz o diferencial no dia a dia de cada um. Às vezes a pessoa ganha carro, ganha casa, mas não ganha carinho. Isso dificulta saber lidar com as coisas que você tem, saber dar valor a si mesmo. É isso que tento levar às pessoas.

 

Nessas fotos você está cheio de estilo. É um cara vaidoso? Até que ponto? Sou um cara vaidoso, até o ponto que a moda me deixa ser vaidoso. Sou uma pessoa vaidosa, até o ponto em que eu consiga não me machucar com a minha própria vaidade. Nem sempre é preciso ter a melhor roupa, o melhor óculos. A  moda, o estilo, partem de você. A partir do momento que eu aprendi que meu estilo é meu jeito de ser, eu acabei matando meu ego, e, me arrumar, me manter no estilo, virou mais prazeroso!

O que Sabiá vai deixar para você? Sabiá vai deixar uma certeza de que se trabalhar com amor, com honestidade e carinho, não tem como dar errado. Vai deixar também uma família grande que construí dentro desse processo de gravações. Vai deixar que sucesso e fama são coisas diferentes. A fama tem a boa e a ruim, ela vem e vai de um dia pro outro, tudo muito passageiro. O sucesso vem com muito trabalho, honestidade e gratidão. Sabiá me ensinou a viver cada segundo e abraçar cada oportunidade.

Já tem planos para novos projetos? Diversos planos e projetos. Tenho o Neggs, um projeto de música junto com Jefferson Brasil, um irmão meu, também do Melanina Carioca. Fazemos uma mistura de rap nacional com a nossa vontade de se expressar. Já estamos armando um show pro verão, vem muita música por aí. E tenho certeza que até o verão também estarei de volta à TV, estamos trabalhando nisso, podem aguardar o pretinho aqui de volta!