CAPA: Márcio Kieling encara novos desafios em sua volta à Globo com “Sol Nascente”

Quem vê o ator Márcio Kieling atualmente na novela “Sol Nascente”, na Globo, pela primeira vez não imagina a bagagem que esse cara traz. Não é a primeira novela dele na casa e muito menos e um estreante. Afinal Márcio é cria da casa, em 1999 ele começou na TV, em Malhação, e de lá até cá foi muitos trabalhos dentro e fora da TV, dentro e fora da Globo. No cinema quem não lembra do grande sucesso “Os 2 Filhos de Francisco”? Foi como Zezé di Camargo no cinema que Márciou viu sua carreira ir para as alturas. Mas nada disso tirou seus pés do chão e a cada novo trabalho é um recomeço, claro, trazendo sua experiência adquirida ao longo do tempo. Experiência essa que o faz não ter medo de ousar e sempre se arriscar a cada novo personagem, a cada novo trabalho. Como o atual desafio.

Depois de mais de dez anos fora da Globo você está de volta. Como surgiu o convite para atuar em “Sol Nascente” e como está sendo essa sua volta à emissora? Sou um workaholic. Gosto de trabalhar. Estou atento a tudo. Sempre fico ligado a novas produções sejam elas no teatro, cinema ou TV. Gosto de fazer testes, não vejo problema nisso. Sempre fiz. E nesse não foi diferente. Enviei um e-mail para o autor Walther Negrão que prontamente me respondeu e me encaminhou para a produtora de elenco, a querida Frida (que eu conheço há mais de 15 anos) para marcar para eu fazer um teste. Eu fiz e acho que eles gostaram. Claro que também contei com a sorte de ter um personagem com o meu perfil. Já estava com saudades. Retornar a empresa onde comecei a minha carreira, onde tive oportunidade de bons trabalhos, personagens marcantes, onde aprendi bastante, está sendo muito gratificante e emocionante. Ainda mais quando eu reencontro pessoas com que eu trabalhei. É bom saber que deixei as portas abertas.

 

Você começou na TV praticamente em Malhação (1999) e depois de várias novelas, filmes e peças que resumo faz da sua trajetória? E no atual momento, como se ver como ator? Já estou nessa carreira a 25 anos. Tenho 11 novelas, 9 filmes e quatro peças de teatro. De todos os personagens os que ficaram mais marcados foi o Perereca e o Zezé di Camargo. E acredito que o ator é feito dos personagens que fez/faz durante a carreira. No momento precisava de um bom personagem que me desse um destaque nessa minha volta a TV Globo. Acho que o personagem Bernardo da novela “Sol Nascente” foi muito bem vindo, por se tratar de um personagem um pouco complexo.
O que você pretende quando encara um novo trabalho? Qual a maior função do ator? Sempre que encaramos novos desafios precisamos estar aberto para o novo, precisamos estar disponíveis. A principal função do ator é passar verdade e estar absoluto em cena.

No cinema você participou do filme “Gatão de Meia Idade” (2006), hoje aos 38 anos já se sente meio assim ou ainda está longe disso? Os tempos mudaram. Por mais que hoje a gente sinta que o tempo está passando mais rápido, os trintões estão com cara de 20 os quarentões estão com cara de 30. Hoje existem muitos métodos para cuidar da saúde e retardar o envelhecimento, hoje as pessoas se cuidam bem mais. Acredito que quando eu estiver com 50 eu estarei me sentindo o “Gatão da meia idade”.

 

Falando em cinema, um momento marcante na sua carreira foi quando você participou de “2 Filhos de Francisco”, quando interpretou Zezé di Camargo. Esse trabalho continua marcante até hoje? Que lembranças guarda dele? Sim, dois personagens caminham comigo até hoje na minha carreira. Um deles é o Zezé di Camargo. Tive a sorte e a competência de ser escolhido para interpretar um ídolo brasileiro que ainda está muito vivo e marcado na lembrança de todos. Foi uma das maiores experiências e mais marcantes na minha vida. A simplicidade a humildade e a garra de uma família foi o que mais me marcou nesse trabalho. Foi um dos trabalhos que mais me exigiu como artista.

Em breve você volta às telonas em dois novos filmes, ”O Último Virgem” e “Maverick”. Ou seja, uma boa fase de trabalho com novela e filmes. O que podemos esperar desses longas? Sou formado em cinema. Já me aventurei por de trás das câmeras. Já escrevi e dirigi alguns curta-metragem. Tenho essa vontade. De dirigir. Esses dois filmes tem uma curiosidade, ambos foram produzidos por amigos. Eu pedi para fazer. Nos dois filmes eu fiz uma participação. No “Maverick” tive a oportunidade de fazer um traficante com diálogos em inglês, o que foi um desafio para mim. Já no “Último Virgem” faço um delegado engraçado. São dois filmes de baixo orçamento, mas que não devem em nada para um BlockBuster.

O que te desafia mais nessa profissão? Existe barreiras ou tabus para você? Eu busco na minha profissão, desafios. É o que me motiva. Personagens que me tiram da minha zona de conforto. Ainda não fiquei nu em cena, por exemplo. Ainda não fiz cenas de sexo. Acho que isso é ainda é um desafio para mim.

 

O que mais admira em você e o que você gostaria de mudar? Essa pergunta é meio complicada de responder. Pois tenho que citar minhas qualidades e revelar meus defeitos. (risos). Acho que minha determinação, dedicação, disciplina e comprometimento com meu trabalho são armas ao meu favor. Nessa profissão o que mais ganhamos são rótulos. O que eu mudaria seria um rotulo que me colocaram. Como galã. Porque, o galã fica restrito a fazer outros tipos de papéis, ele te limita. Eu já deixei de fazer muitos trabalhos por ser “bonito”. Esses tempos fiz um teste para ser um taxista. Meu empresário me ligou perguntando como eu tinha me saído no teste. Eu disse que tinha ido bem, mas fiz outra pergunta para ele. Perguntei se eu tinha cara de taxista, ele me respondeu que não. Claro que eu não peguei o personagem. Eu poderia até ficar com cara de taxista com uma caracterização ou com uma preparação, mas hoje em dia não tem esse “tempo”.

A vaidade pode ser uma “armadilha” para o ator em sua trajetória. Já pensou nisso? Como driblar isso? Pode ser não, a VAIDADE é uma armadilha para nós atores. Eu costumo pensar sempre nisso, e não deixar que isso aflore. A vaidade pode não só estragar um personagem como pode levar o ator ao fundo do poço. Para driblar isso, devemos sempre colocar o personagem a frente de qualquer coisa. Já fiz um personagem em que tive que raspar a cabeça com gilete e ficar de barba. No caso do Bernardo que estou fazendo na novela “Sol Nascente”, ele é gay, e eu Márcio não sou. Não posso nunca criticar as atitudes do personagem, tenho que acreditar naquilo que estou fazendo por mais distante que o personagem seja de mim.

 

Falando sobre outro tipo de vaidade, a idade te deixou mais ligado na aparência? Como cuida do corpo? A principal ferramenta do ator é o seu corpo. Cuido de mim não por vaidade mas por uma questão de saúde. Sempre me cuidei. Fui e sou um atleta amador. Por isso o meu principal cuidado é com a alimentação. Procuro beber muita água e me alimentar de uma forma saudável. Não gostaria de voltar no tempo, acho que ele me fez bem, e eu me sinto melhor do que quando tinha 20 anos.

Com novo visual… Que cuidados tem com barba e bigode? Gosta de ter ou foi só para o personagem? Já estava deixando a barba crescer para dar como uma opção a algum personagem que pudesse surgir. Quando me chamaram para fazer o Marchand Bernardo, já estava com essa barba que coube direitinho no personagem. Meu cuidado é manter ela aparada e com uma cera para deixar os fios no lugar certo.

Após sete anos casado você está solteiro. Como tem curtido essa nova fase? Ainda mais com exposição na TV e cinema. As possibilidades de permanecer solteiro ficam balançadas. (risos) Eu tenho um sonho de construir uma família, quero ter filhos. E eu achei que era a hora. Mas a vida fez com que eu mudasse os planos. Agora solteiro estou focado no trabalho. Claro que com a exposição as “ofertas” aumentam, mais sou um cara seletivo e não saio atirando para tudo que é lado. Costumo economizar minha “munição”.

As mulheres estão mais afoitas? De certa forma “assustam” alguns homens? Com as mulheres “brigando” pelos direitos iguais elas também saíram de baixo de suas saias, isso fez com que elas saíssem para o ataque. Claro que de certa forma dependendo da sua abordagem acaba assustando. Os homens ainda não estão acostumados com essa “nova” mulher.

 

O que as mulheres precisam saber sobre os homens urgente? E o que os homens precisam aprender sobre elas? Ahhh se eu soubesse dessa formula eu estaria rico! (risos) Mas acho que as mulheres precisam entender que todos nós homens temos nossas particularidades, e as mulheres tem as delas. Mas acho que elas pecam nisso. Elas nunca vão entender uma simples “pelada” que no caso é nosso FUTEBOL com os amigos. É quase que uma terapia em grupo. Isso elas não tem. E o que os homens precisam aprender sobre elas?  Confesso que estou sempre em busca desse conhecimento!

Já recebeu contata de mulher que deu certo? E já levou um “não” ?! Como administra isso tudo? Hoje com as redes sociais o que mais recebo são cantadas. Acho que as mais criativas são as que funcionam mais. Quem já não recebeu um não?! O negócio é não se abalar e bola para frente. Porque opção é o que não falta.

Na hora de relaxar qual seu programa preferido? Quando estou em casa sozinho, leio, assisto a séries. Gosto também de fazer a jardinagem aqui de casa. Gosto de estar com os amigos e jogar conversa fora. Ir ao cinema ou ao teatro. E é claro que um bom futebol, churrasco e cerveja não faz mal a ninguém!