CAPA: Miguel Roncato, o ator de “Geração Brasil”, mostra que juventude também ensina enquanto aprende

Bem jovem, mas com maturidade bem acima da idade e do tempo de carreira, Miguel Roncato um personagem bem contrário a si mesmo em Geração Brasil, novela das 19h na Rede Globo. Caseiro e esportista Miguel não é dado a muitas baladas, mas gosta de gente e nisso ele acertou na profissão. Com o pé no chão e a cabeça focada no que é bom e do bem, Miguel conversou com a MENSCH e trouxe grandes lições de vida para quem ainda tem muito o que viver e experimentar mostrando que a juventude também ensina enquanto aprende.

O que te trouxe do Sul para o Rio, além da vontade e garra de se tornar ator? Sempre sonhei em conhecer o mundo. Sair do Rio Grande do Sul era o primeiro passo, mas a carreira artística foi decisiva para a mudança de Estado. O mercado da atuação é centrado no eixo Rio/Sampa. Era inevitável que acabaria morando nesses dois lugares. Sou apaixonado pelo Rio e tenho belas lembranças dos três anos que passei em São Paulo.

Você estreou em uma novela de horário nobre na TV. Como tudo aconteceu e como encarou a responsabilidade? Passione foi a melhor fase da minha vida, sem dúvidas. Mesmo com pouco tempo de estudo, consegui a aprovação para viver o italiano Alfredo Matolli. Precisei mudar para o Rio durante as gravações e cá estou até hoje. O personagem foi um desafio de estreia na TV, mas estava muito bem acompanhado pela equipe da novela. Amparado por todos, foi mais fácil dar esse grande passo na minha carreira.

Já atuou com algum ator/atriz que admire e se espelhe? Sim. Por coincidência, foi na minha estreia em Passione. Era filho do Tony Ramos, sobrinho da Aracy Balabanian e neto da Fernanda Montenegro. Ufa! Chegava tremendo nas primeiras gravações, mas com o tempo fui acostumando com tudo isso. É uma rotina de muito trabalho e dedicação. Precisamos estar muito concentrados e atentos a tudo o que a história pede. O dia-a-dia nos exige bastante foco. Eles me proporcionaram isso.

Você venceu a 8ª edição do Dança dos Famosos. Quando recebeu o convite pra participar, imaginava que teria potencial para tanto? Aceitou de cara? Por quê? Não imaginava que seria tão maravilhoso participar do Dança. Aceitei de cara, estava muito tranquilo no começo. Queria me divertir, fazer a galera de casa se emocionar. Com o passar dos ritmos, a torcida foi aumentando e a pressão também. Mesmo assim, eu e a minha bailarina conseguimos manter uma energia bem positiva durante a competição, e isso, junto com o carinho de todo o Brasil, foi essencial para vencermos o quadro.

O quanto se dedicou a competição e como mudou sua rotina nesse tempo? Eu respirava dança durante os quatro meses que a competição durou. Só pensava na coreografia, 24h por dia. Muito doido isso! O quadro envolve de uma maneira quem participa que é impossível não se dedicar de corpo e alma naquilo tudo. Exercitava muito nos ensaios, comia muito mais que o normal e bebia muita água. Estava sempre exausto, mas sempre querendo ensaiar para mostrar um bom resultado para nossa fiel torcida.

O que a dança te trouxe? Ainda faz parte da sua vida? Consciência corporal. A dança desenvolveu meu corpo e fez dele uma ótima ferramenta de trabalho para a minha profissão. O ator precisa, além de emocionalmente, estar fisicamente presente em cena. Saí da competição mais consciente do meu corpo. Sigo dançando na vida, sempre que possível. Mantenho contato com a bailarina que dançou comigo e a gente acaba marcando vários programas juntos. Ela foi, é e será especial.

E no dia a dia, pra se divertir, descansar, o que gosta de fazer? Sou muito caseiro. Adoro natação, nado em casa mesmo. Também gosto muito de séries, filmes, estou sempre acompanhando alguma coisa. Livros eu leio uns cinco ao mesmo tempo, acho cansativo ler só um de cada vez. Gosto de bike e estou reaprendendo skate. Com os amigos, gosto de um bom show, um jantar pra colocar conversa fora, essas coisas.

Em Geração Brasil, você interpreta Danilo, um jovem preguiçoso que quer enriquecer sem grandes esforços. Como você vê esse tipo de jovem? Abomino. Se existe uma característica que eu não gosto em uma pessoa é a incapacidade de escolher, decidir, agir, batalhar. A vida tá aí pra gente correr atrás do que quer. Existem os bons e maus caminhos, a diferença dar-se-á na consciência tranquila e satisfeita quando a recompensa chegar. O caminho mais trabalhoso é sempre mais prazeroso em longo prazo. Ainda mais aos jovens, com tanta energia pra gastar.

Como lida com a tecnologia e o mundo online? Acho maravilhosa a tecnologia. Obviamente, é preciso ser usada com bom senso, como absolutamente tudo na vida. O mundo online é envolvente. Possibilita que a gente encontre amigos/colegas/parentes afastados pelo tempo, troque informações com todos que desejarmos. Enfim, eu uso muito e adoro. Tenho várias redes sociais, e é através delas que eu me comunico com os fãs e acompanho a opinião deles a respeito do meu trabalho. Sinto um grande carinho por todos que me seguem e demostram apoio por tudo o que eu faço.

Jonas Marras saiu do Brasil para fazer carreira e fortuna. Acha que isso ainda é necessário ou nosso país tem condição de fazer muita gente atingir seus sonhos profissionais? Nosso país tem muito que crescer em termos de oportunidades, mas acredito que é possível fazer uma vida por aqui e realizar nossos sonhos ou pelo menos grande parte deles. Porém, é preciso bastante foco e determinação. Nada cai do céu e nada vem de graça. Plantar e colher no tempo certo. Tudo tem sua hora e seu lugar. Acredito nisso e num ser maior que nos guia e determina as “involuntariedades” da vida.

Qual o maior laboratório para você como ator? Trabalho com gente. Gosto de gente. E é essa gente que me inspira em todos os âmbitos para um trabalho. Seja no cinema, nos livros, na TV, nas ruas, nos jornais. O que me move é o comportamento humano. É nele que vem a base para os meus personagens. O laboratório é estar atento e sensível para captar os sinais mais singelos em nossa volta. Tudo pode ser importante. Costumo dizer que pode tudo, mas não pode qualquer coisa.

Lá na frente, quando já tiver anos e anos de carreira, como quer ser reconhecido pelo público? Quero ser lembrado como um artista que contou histórias, inspirou seres, confortou corações e moveu almas. Grande estrada até lá, mas trabalho pra isso. É lindo cruzarmos com pessoas nas ruas e elas relatarem que vivem fatos semelhantes aos nossos personagens, e esses mesmos personagens acabam auxiliando-as na solução de problemas da vida. Isso faz o ofício do ator valer a pena. Isso que me faz acordar de manhã.

FOTOS RODRIGO MARCONATTO 
EDIÇÃO RODRIGO MARCONATTO
STYLIST MARIANA VAZ 
MAKE UP RODRIGO MARCONATTO
PRODUÇÃO TERNOS / BLAZERS FABRIZIO ALLUR 
CAMISAS NVISION 
LOCAÇÃO RIO DE JANEIRO – PRAIA DE GRUMARI