CAPA: Ricardo Almeida, ícone da moda masculina

Por Luciana Costa / Fotos Newman Homrich

Indiscutivelmente Ricardo Almeida se tornou o estilista preferido de dez entre dez homens bem vestidos que prezam por elegância, conforto e qualidade. O estilista, que desde a infância, é ligado ao mundo da moda, vendas e comércio, iniciou sua jornada na Casa Almeida, loja do pai especializada em cama, mesa e banho. Primeiramente, ajudava na época de Natal, e logo passou a trabalhar em tempo integral, se tornando expert na área de vendas.

Na adolescência descobriu sua primeira paixão – motos! Ricardo saiu em busca de patrocínio para suas corridas e voltou para casa com um novo emprego –  representante de vendas. O contato com o ramo de confecção e o de produção começou aí, e isso era só o início de uma grande carreira. Em 1983, após alguns anos de trabalho, optou por começar um negócio próprio, trouxe uma equipe de quatro pessoas para dentro de sua casa e começou a esboçar o que seria a sua marca. Logo na sequência, montou uma pequena fábrica, e abriu a Ricardo Almeida Indústria. Na época, só fabricava para outras marcas e chegou a ter 40 funcionários.

MARCA DE SUCESSO

A década de 90 foi significativa para a Ricardo Almeida. O estilista que sempre buscou os melhores tecidos e aviamentos para seus produtos, aproveita a abertura econômica do Plano Collor e começa a importar insumos. Consequentemente aumenta o custo de seu produto e alguns lojistas não aceitam os novos valores. Nessa época, o empresário resolve tomar uma posição radical – para de atender lojistas, diminui o quadro de funcionários e abre sua primeira loja própria, onde pode escolher as melhores matérias-primas sem se preocupar com preço de revenda por parte de lojistas.

Acreditando sempre na qualidade da matéria-prima aliada a uma modelagem equilibrada, Ricardo participou de praticamente todas as edições de semanas de moda Brasileira, como o “São Paulo Fashion Week”, desde a criação do evento. Famoso por levar celebridades para as passarelas, Ricardo já contou com a presença de renomados atores, cantores, executivos e da top Gisele Bundchen. Com o intuito de aumentar o volume de produção, em 2010 abriu uma nova fábrica no Bom Retiro, em São Paulo, e investe pesado em tecnologia. Importa máquinas da Alemanha, aumenta o número de lojistas compradores, investe no plano de expansão, diversifica o mix de produtos e se adéqua à avalanche de produtos importados no mercado.

Hoje, com mais de 25 anos de história, 12 lojas pelo Brasil com planos de chegar a 30 até 2016, um ateliê fechado em São Paulo, atualmente tem focado muito no mercado nordestino (com sua primeira loja em Recife) e diversos pontos de vendas multimarcas em todo o país. Seu trabalho é focado em peças de alfaiataria como paletós, calças e camisaria, porém, sua linha esporte, jeans, tricôs, couro e sapatos tornam-se objeto de desejo a cada coleção.

Precursor da roupa sob medida lá no início dos anos 90, Ricardo desenvolve em seu ateliê o trabalho de “Personal Stylist” para clientes que necessitam de orientação especial ou desejam uma roupa exclusiva. Em sua lista de clientes estão o presidente Lula e o jogador Neymar, além de desenvolver figurinos para shows e novelas. A MENSCH conversou com exclusividade com ele para conhecer um pouco mais desse homem que virou um ícone da moda masculina.

Qual a razão do sucesso da assinatura Ricardo Almeida? A primeira coisa é que eu gosto do que eu faço. A segunda coisa é que eu me preocupo em fazer o melhor possível. Então eu me preocupo com o melhor corte, melhor matéria-prima, o melhor tecido, o melhor fio. O melhor tudo. Tudo que eu escolho é tudo o que eu acho que é o mais legal.  Não necessariamente precisa ser o mais caro de todos, mais caro de todos, mas com certeza o que tem mais qualidade.

Quais os planos para o mercado brasileiro e para a região Nordeste?Começamos no Nordeste vai fazer dois anos, a 1ª loja em Recife, depois em Fortaleza e em breve em Salvador. Acho que o mercado no Nordeste está crescendo muito, você tem por exemplo esse shopping RioMar, me surpreendeu bastante, com marcas bem fortes, acho que Recife tem um lugar no Nordeste com um posicionamento mais elitizado das marcas tops. Eu não isso em outras cidades, excelentes mas sem esse mercado tão forte. É um mercado com esse desejo mais forte. Muitas pessoas com poder de compra e que sabem o que é bom. No exterior não pensamos nada de imediato pois temos que trabalhar muito o mercado nacional. Estamos expandindo e temos muito o que fazer aqui no Brasil. Como citei, a região Nordeste que estamos iniciando nossas lojas e merece uma atenção especial. Tem muito o que se fazer aqui no Brasil.

Que estratégias inicialmente você usou para alavancar a marca Ricardo Almeida? Não foi bem estratégia, foi muito mais vontade de fazer a coisa bem feita que acabou o mercado identificando isso e também identificando que é bom você ter um produto de melhor qualidade. Por que o mercado descobriu que às vezes o barato é aquela peça que você compra e usa mais vezes. É o custo por usada. É por exemplo aquela peça que você compra por R$ 100, aí você usa 2 vezes por que aí ficou feia em mim e nem tinha vontade de usar tanto. Me custou R$ 50 por usada. Daí você tem outra peça que você paga R$ 300, três vezes mais, mas usei trinta vezes, ou seja me custou R$ 10 por usada. E eu curtia muito mais, me sentia mais importante usando ela, muito mais autoconfiante. Um monte de outras coisas. Então eu acho que o mercado descobriu isso, essa história do custo por usada, agregado a isso a autoestima toda em está com um produto diferenciado. Foi uma estratégia natural. No meu intuitivo fui trabalhando muito em cima desse mercado de luxo, e eu sei que hoje eu conheço muito desse mercado.

 

Hoje a nossa estratégia é muito voltada em cima disso. No meu intuitivo. Eu sempre apostei sempre diferente. Nunca gostei em ir para onde a maré está indo. Sempre fui na contramão disso tudo. Por exemplo eu comecei a fazer roupa sob medida em 91, e hoje que é o maior sucesso. As pessoas falam “ah quero fazer roupa sob medida”, é um mercado diferenciado, a coisa exclusiva. Ninguém estava falando sobre isso, estão querendo alta produção com preço baixo, pra ter mercado de venda para se consumir em volume. E eu pensei sempre diferente. Ah eu vou comprar o tecido melhor na fora, vou produzir em menor quantidade, com melhor qualidade e com mais exclusividade. E sob medida. Ou seja, o contrário do que o mercado fazia. Nós sabemos nos preservar. Agente por exemplo nunca colocou um monte de marcar Ricardo Almeida. Tem gente que coloca um monte de marca na roupa, isso desgasta a marca. Cansa. Agente trabalha de vez em quando a logomarca pequena, o simbolozinho.

O homem está mesmo mais vaidoso? Hoje o homem por exercer mais a vaidade, ele vai para o salão, para academia, faz depilação, pinta cabelo… Coisa que há algum tempo atrás era totalmente discriminado o homem fazer isso. Ele viu que isso dá mais resultado. Além de resultado comercial, financeiro. Pois ele viu que isso dá mais resultado pois ele chega mais bem apresentável fica mais fácil ele ter credibilidade ou no produto que ele está vendendo ou na imagem dele, que ele quer passar. Isso dá resultado. Ele descobriu isso um pouco mais tarde que as mulheres e está aprendendo usar isso aí.

 

Como você consegue balancear a vida particular com trabalho? É possível? Atualmente não tenho balanceado muito isso. É trabalho, trabalho, trabalho… de vez em nunca, pessoal. Então realmente abandonei todo o meu pessoal para me dedicar totalmente ao trabalho nesses últimos três anos. Por que eu via uma perspectiva boa, de crescimento, tem crescido bastante. E estamos colhendo agora o trabalho de base já feito há muito tempo. Então desde 2010, temos trabalhando bastante. Estavam vindo as marcas de fora e falei que não íamos perder pra eles, vamos ter produto e preço melhor que eles. Eu sei que nosso produto é bom, tem qualidade. Sabemos que o mesmo produto lá fora, com a mesma qualidade, não é preço que eu vendo aqui.

A que você atribui o fato de muitos homens famosos escolher a Ricardo Almeida para vestir? Acredito que seja pela variedade de produtos. Na Copa do Mundo veio o jogador Nakata, ele é tido como um Ronaldinho no Japão, e ele foi na minha loja e viu um terno marrom. Ele virou pra mim e comentou que virou a Europa inteira e não tinha achado um marrom assim. E eu tinha três na minha loja, lindos. E ele comprou que ele não acreditou. E isso vai fortalecendo essa relação. Eles viram amigos nosso.

Alguma dica de estilo para o homem atual? Alguma peça básica? Eu sempre falo o seguinte, você pode até diminuir bastante, mas o homem de terno com gravata balança qualquer mulher. E dá muita credibilidade quando ele chega em qualquer lugar, por mais que falem que ele está muito arrumadinho, não deixa de passar uma imagem de respeito, de bem sucedido, de educação. Não tem erro!

Bastidores das fotos: