DESTINO: Jordânia, uma região que guarda um verdadeiro tesouro da humanidade

Texto / Fotos Fernando Russo

Um oásis de paz em meio à confusão de seus vizinhos, a Jordânia oferece uma experiência cultural autêntica do Oriente Médio com conforto e estrutura de país Europeu.  Com seu rei idolatrado pelo povo e casado com uma norte-americana, hoje rainha da Jordânia, o país tem o respeito do ocidente e da liga dos países árabes, que considera a família real Jordana descendente direta do Profeta Maomé.  Nesse cenário o país tem passado longe da revolução da Primavera Árabe que levou alguns vizinhos à guerra civil.

 

Essa foi minha segunda viagem a esse belo país e a proposta foi explorar toda a região ao sul de Amã, que contém os principais sítios arqueológicos e parques nacionais do país.  Ao desembarcar no aeroporto internacional de Amã seguimos direto ao Mar Morto e nos hospedamos no maravilhoso Marriott Dead Sea. Com estrutura completa de um resort cinco estrelas, o Marriott oferece luxo, conforto e serviço de SPA completo a beira do mar morto, a mais de 450 metros abaixo do nível do mar. À noite fomos recebidos com um coquetel à beira da piscina, de onde era possível ver as luzes da cidade de Jericó, em Israel, na margem oposta do mar. Ao amanhecer, a visão do Mar Morto era incrível! O calor e a umidade deixavam uma névoa sobre o mar, com o deserto e as montanhas áridas de Israel ao fundo.  Descemos à praia para a famosa experiência de flutuar em suas águas densas e salgadas. A sensação é de estar nadando em um óleo. Seguindo as instruções dos nossos anfitriões do hotel, entramos no mar de costas evitando qualquer contato da água com os olhos. Outro acessório fundamental cedido pelo hotel foram sapatos de borracha. As pedras no leito do mar ficam cobertas por sais cristalizados que podem furar os pés.  Na praia muita gente cobre o corpo com a lama do mar morto que tem fama de rejuvenescer a pele.  A experiência de flutuar no mar morto é mesmo incrível.

 

Renovados com a manhã de praia partimos para o Monte Nebo, onde o profeta Moisés teria avistado a terra prometida. O lugar é realmente especial com uma vista deslumbrante e as ruínas de uma igreja ortodoxa. Hoje no local está sendo construída uma nova igreja, que indica o local onde supostamente foi encontrado o túmulo de Moisés. Da montanha partimos para a interessante cidade de Madaba. Aqui durante a construção de uma Igreja Ortodoxa foi encontrado um antigo mapa feito com mosaicos, que indicava todas as rotas de peregrinação à terra Santa. Parte do magnífico trabalho de arte bizantina continua preservada no chão da igreja. Por conta dessa e outras belas peças encontradas em Madaba, a cidade é conhecida como terra dos mosaicos.  Nos dias de hoje muitos artistas ainda reproduzem as técnicas da antiguidade e vendem seu trabalho pelas ruas do centro.  Além da beleza do local, um dos pontos altos da visita foi nosso primeiro banquete Jordano. Com grandes semelhanças com a cozinha libanesa já apreciada no Brasil, a gastronomia local é uma atração à parte na Jordânia. Naquela tarde fomos recebidos com um maravilhoso almoço nos jardins de um casarão histórico onde fica o restaurante Haret Jdoudnah. Depois do banquete seguimos viagem rumo a Petra por estradas cênicas que atravessam o deserto passando por acampamentos Beduínos e pequenos vilarejos. Já era noite quando chegamos a Wadi Musa, povoado onde fica a entrada de acesso para o Parque de Petra, controlado pela Unesco. A cidade conta com excelentes hotéis como o Movenpick, que fica a poucos metros do acesso do parque e tem estrutura completa de um hotel cinco estrelas, construído ao estilo de palácio Sírio.

 

 

Nosso dia em Petra começou cedo e no primeiro sol da manhã entramos no parque arqueológico de Petra para conhecer o principal ponto turístico do país. A cidade sagrada dos Nabateus que por muitos anos foi mantida em segredo é realmente um dos lugares mais incríveis do planeta e merecedor do título de uma das sete maravilhas do mundo. Para chegar ao centro da antiga cidade e necrópole é preciso caminhar por cerca de uma hora através de um percurso estreito, que parece mesmo uma passagem secreta cavada na montanha. No caminho já se pode admirar belas estruturas construídas, como túmulos guardados pela família que montava sua casa no andar de baixo, protegendo os tesouros que eram enterrados com o falecido. O mais famoso e impressionante deles é conhecido como: O Tesouro, um templo de dimensões enormes, totalmente esculpido na rocha para abrigar o corpo de um falecido rei dos Nabateus. A imagem desse templo correu o mundo após o filme Indiana Jones e a Última Cruzada, e hoje é o principal ponto turístico do complexo arqueológico de Petra. Apesar de muitos turistas visitarem apenas O Tesouro, as ruínas da cidade guardam outros edifícios surpreendentes. É fácil passar um dia inteiro no parque caminhando pelas ruínas e descobrindo seus segredos.  Infelizmente nosso tempo era curto e partimos na mesma tarde para nosso próximo destino – o deserto de Wadi Rum.

O deserto de Wadi Rum, assim como Petra também já foi cenário de filme. Foi lá que viveu Lawrence da Arábia e onde o famoso filme sobre a sua história foi filmado. O acesso ao deserto é restrito, e a população beduína que vive dentro do parque nacional é quem cuida da recepção de turistas e passeios. A bordo de uma Toyota velho, pilotado por um beduíno, adentramos pelo deserto à tarde e ficamos fascinados com suas dunas de areia fina vermelha e as enormes montanhas de arenito. Essas montanhas guardam milhares de anos de história, gravadas em suas rochas através de inscrições rupestres.  No isolamento total do deserto ocasionalmente se avista uma tenda beduína onde os moradores locais nos recebem com chá. No final da tarde nos posicionamos em um local privilegiado para apreciar o por do sol. Cada um buscou o seu canto na montanha e pode admirar, a sua maneira, o espetáculo do por do sol no deserto. O contraste de cores do céu e areia do deserto, fez desse o momento mais mágico da viagem. Com o cair da noite seguimos para o acampamento King Aretas Luxury Camp, que trouxe recentemente para o deserto uma opção de acampamento com mais conforto sem perder o charme da estrutura tradicional e meio de vida dos beduínos.

Chegando ao acampamento cada hóspede recebe uma roupa tradicional árabe e é convidado a sentar em volta da fogueira para apreciar um Naigrilé sob o céu estrelado. Para o jantar, um banquete típico beduíno, que incluía um carneiro assado em um buraco no chão do deserto por mais de seis horas. Sem dúvidas o carneiro mais saboroso que já provei. Depois de curtir a noite em volta da fogueira regada a vinho Jordano, me esforcei para levantar antes de todos às cinco e meia da manhã para curtir o nascer do sol. Meu tempo era curto naquele lugar incrível e fiz questão de aproveitar cada hora do dia. Parti sozinho do acampamento e escalei a primeira montanha que vi, de onde pude apreciar os primeiros raios do dia e as caravanas de camelos atravessando o vale. Partimos após o café da manhã e seguimos para o próximo e último destino da viagem – a cidade de Aqaba no Mar Vermelho.

 

Não muito longe de Wadi Rum fica o balneário de Aqaba que esta à beira do mar vermelho e faz fronteira com Israel. A cidade é o destino de praia favorito da região e possui ótima estrutura hoteleira. Novamente ficamos no maravilhoso hotel da rede Movenpick, dessa vez, localizado à beira mar. Ao chegar já fomos direto ao trapiche do hotel embarcar em um catamarã onde seria servido mais um banquete jordano. Navegando pelo mar vermelho se pode avistar a costa de quatro países: Jordânia, Israel, Egito e Arábia Saudita. Além da praia e do mar, Aqaba é uma cidade interessante de explorar. Um mercado tradicional oferece uma ótima oportunidade para comprar os produtos locais. Atrás da principal mesquita encontrei uma loja de tabaco que vendia dezenas de tipos de fumo para o naigrilé. Acabei voltando para casa com um naigrilé enorme que mal cabia na mala. De Aqaba tomamos um avião de volta a Amã e de lá embarcamos para a Europa.  Desci no aeroporto de Frankfurt com o tênis ainda vermelho das areias de Wadi Rum e um pedaço do meu naigrilé gigante embaixo do braço. Além das lembranças, veio a certeza de ter visitado um dos países mais fascinantes que já tive a oportunidade de conhecer. Mesmo na minha lista de 52 países visitados, a Jordânia entra com folga nos meus dez preferidos. Combinação perfeita de experiência cultural, beleza natural, história, gastronomia e hospitalidade.

 

Quem quiser se aventurar procure a Karma House. Foram eles meus fabulosos anfitriões nessa experiência inesquecível. Para chegar à Jordânia a maneira mais fácil é com a Turkish Airways que voa de São Paulo direto a Istambul com conexão de menos de duas horas para Amã. Programe ao menos uma semana para conhecer esse destino fascinante que tem dezenas de outras atrações que não couberam nessa reportagem. Leve na mala uma camisa do Brasil e prepare-se para ser recebido com um sorriso por onde passar.

Acompanhe a MENSCH também pelo Twitter e nossa FanPage: @RevMensch