ENTREVISTA: Bruno Gagliasso, entre tantos personagens e uma grande paixão por Noronha

Noronhense, nativo, ilhéu, qualquer um desses adjetivos podem caracterizar a relação de amor de Bruno Gagliasso com a ilha de Fernando de Noronha. Se a ilha é conhecida por ser um paraíso, pra Bruno ela é mais que isso, é um lar. Onde recarrega energias, onde vivencia a harmonia, onde se encontra consigo mesmo. Ator com talento mais do que provado e reconhecido, Bruno é também um empreendedor nato, tanto que junto com Tuca Sultanum montou uma agência especializada e voltada para os amantes da ilha que querem ganhar tempo e praticidade no dia-a-dia da estada na ilha. Além da agência, Bruno também tem uma produtora de cinema e em agosto lança seu primeiro filme. Quando quer descansar, adivinha pra onde ele vai?

Você é um habituê de Fernando de Noronha, já se considera um nativo? (risos) Qual a sua relação com a ilha? Em Noronha me sinto pleno! É onde recupero minhas energias, minha força… Acho que é lá que nos tornamos nós mesmos. Lá a nossa casca cai. Todos que amam Noronha são de Noronha.

Qual seu roteiro preferido quando está na Ilha? Que lugar ou programa mais te encanta? Justamente não ter roteiro (risos). Gosto de acordar e decidir na hora em qual praia ir. Adoro passar por um restaurante e decidir comer na hora ou ficar no Varandas de manhã até à noite. Acho que o único lugar que me programo em Noronha é para o Festival.

Quando foi a 1a vez que foi visitou Noronha? Como foi no 1º impacto? Tinha 17 anos. Foi quando gravava Chiquititas, uma novela pra crianças. Foi muito impactante. Fascinante. Me apaixonei e nunca mais deixei de ir à ilha.

E além da vida artística, empreende em outras áreas… Soubemos de sua parceria com Tuca Sultanum em agência com serviços Vips na Ilha de Fernando de Noronha. Como é isso? AMO NORONHA, foi feita por quem ama Noronha, respeita Noronha e conhece Noronha. É uma agência de Noronha que foi feita para receber os amigos e todos os apaixonados pela ilha. Quem não quiser dor de cabeça de comprar passagem, alugar bugy, marcar jantar e passeios é só entrar em contato.

Você é um cara mais do dia, que curte uma praia e a natureza ou da noite? Como você se vê? Sem dúvida do dia. Mas posso indicar vários programas noturnos de Noronha quer ver?! Forró do Cachorro, Festival Gastronômico do Zé, Cineminha no Pico… Em Noronha também gosto da noite. (risos)

Comédia, drama, mocinho ou vilão? Como se sente mais à vontade? Consegue ter alguma preferência? Amo os complexos… Seja mocinho ou vilão. Gosto de desafios e eles me instigam. Acabei de fazer um mocinho em JOIA RARA que era cheio de conflitos. Alias meus últimos personagens me deram bastante trabalho, esquizofrênico, vilão, gay, mocinho com atitude…

No início da carreira você chegou a morar na Argentina para gravar Chiquititas. É isso? O que guarda de boas recordações deste tempo? Sai de casa aos 17 anos para morar em outro país e trabalhar. Foi muito difícil no começo, mas muito importante para minha formação. Aprendi a dar valor a coisas que antes não dava muita importância. Fiz muitas amizades e aprendi a respeitar muito a profissão que escolhi.

Sua mãe ser publicitária foi de certa forma uma influência para a carreira de ator? Em relação a ela ser publicitaria nenhuma. Mas sempre me levou ao cinema e ao teatro então de certa forma, foi fundamental para que eu me aproximasse do mundo que entrei. Tenho muuuitas memorias da gente junto indo assistir peças e filmes.

Como se preparou para fazer o seu personagem em Joia Rara que lidava, dentre outros temas, o budismo? Qual a sua crença religiosa, tem alguma? “Religião pra mim, nada mais é do que uma invenção do homem para encarar o medo da morte.” Essa fala é do meu personagem no segundo capítulo de novela. Ela mostra bem quem ele era no começo. Mas foi aprendendo a respeitar e começou também a vivenciar o budismo através da filha e isso o fez mudar totalmente seu olhar. Essa novela me proporcionou uma viagem que nunca vou esquecer. Conheci o Nepal.

Seu personagem se dividia entre o amor da mulher e o amor e respeito ao pai. Como vê esse conflito e como reagiria se fosse você o envolvido? Ninguém pode ser feliz sendo o que não é. Foi imposto a ele como é o que ele deveria ser. Felizmente ele não correspondeu a essas expectativas, pois não era daquela maneira que queriam que ele fosse. Seu amor, Amélia, serviu como uma espécie de lente de aumento para enxergar no pai o que ele não era. A idealização é um perigo. Eu Bruno seguiria sempre meu coração.

Qual a importância da família para você? Que lições aprendeu em casa que coloca em prática na sua vida e pretende passar para um filho? Somos humanos e todos tem o direito de errar e aprender com os erros. Isso com certeza vou tentar passar para meus filhos.

Vida de ator nem sempre é o glamour que aparenta, são gravações, viagens, compromissos…, o que faz para relaxar de tudo isso? Penso em Noronha e tudo passa.

Como cuida da cabeça e do espírito? Indo para Noronha. (risos)

Como lida com o espelho? Algum cuidado ou mania em relação à aparência? No meu caso isso é muito complexo. Dependo dos meus personagens. Se eu tiver fazendo um mauricinho riquinho, tenho que estar com o cabelo arrumadinho engomadinho, se eu tiver fazendo um lutador posso estar com o cabelo raspado então vou ter que lidar com isso. Já tive que estar com o cabelo branco para um filme. Tenho que estar gordo num ano e magro em outro. Tudo depende dos meus personagens. Meu corpo SEMPE estará a serviço da minha arte.

O que podemos esperar ainda para esse ano? Teatro, TV ou cinema? Investimentos na sétima arte em vista? Abri uma produtora de cinema. A Escambo filmes. E esse ano, no dia 14 agosto, vamos lançar nosso primeiro filme, “Isolados”. Um suspense comigo, Regiane Alves. Direção do Thomas Portella.

Pra finalizar, o que sente quando está em Noronha que não sente em lugar nenhum do mundo? Vontade de não voltar nunca mais. Isso só em Noronha.

AGRADECIMENTOS: Alex Santana (fotografia), Cleide Araújo (beleza), Octavio Duarte e Thiago Costa (tratamento de imagem)