ENTREVISTA: Daniel Blanco encara um novo desafio, dessa vez em um musical

 

Neto do cantor Billy Blanco, e vindo de uma família de artistas que tem a arte como ponto em comum, o jovem ator Daniel Blanco que no primeiro semestre esteve no ar na novela “Totalmente Demais”, encara novos desafios em estrear nos palcos com o musical “Divas”. Sem medo de desafios, Daniel canta, dança e atua como se aquela fosse sua praia desde sempre. Um belo encontro da arte por completo com um ator disposto e talentoso.

E aí Daniel, qual a sensação de estrear um musical no teatro? É uma sensação de estar no trabalho certo, na arte certa. Sempre fui apaixonado por interpretação e música, antes mesmo de virar ator ou começar a cantar. Vim de uma família de músicos, então sempre fui envolvido com isso. Via meus irmãos participando de musicais desde 2007 e eu assistia pensando que um dia queria aquilo pra mim. Finalmente receber o convite pra participar da minha primeira peça musical foi uma sensação que encaixou com a minha esperança e expectativa. Pra completar, me apaixonei por essa arte mais do que eu imaginava. Sentia muito prazer nos ensaios, sinto muito prazer no palco e nas coxias com o elenco que é muito unido.

Como é seu papel em “Divas” e o que o público pode esperar dessa peça e novo personagem? Divas é o nome da banda pop de 3 adolescentes que prometeram nunca se separar e cantar juntas sempre, mas depois que uma das integrantes some sem dar explicações, cada uma segue seu rumo, mas se encontram 10 anos depois num reality show de cantores. O espetáculo traz músicas de divas do pop internacionais com arranjos diferentes e maravilhosos do nosso diretor musical Thiago Gimenes. Meu personagem é o Pacífico, um garçom/cantor lesado que vive 3 passos atrás de todo mundo. É sempre atraído por pensamentos ou distrações aleatórias enquanto não presta atenção no que deve. É um personagem cômico, limitado de vocabulário: em quase toda frase ele usa as palavras “daora” ou “véi”.

 

Como está sendo deixar a TV de lado um pouco e ir para o teatro (caminho inverso de muitos atores)? O que cada um tem de mais desafiador? O maior desafio da TV é conseguir estudar a fundo o caminho do personagem e as cenas dentro de um prazo curto. Em novelas não temos tanto tempo pra estudar quanto em um filme de cinema, por exemplo. Na TV somos máquinas de fazer cenas em pouco tempo. No teatro é desafiador não deixar a peteca cair depois que pegamos o ritmo certo do espetáculo. Cada dia é diferente, mas temos que lembrar dos detalhes que são muito importantes pra amarrar a peça. Outro desafio é sempre manter a voz saudável. A peça tem mais de 40 músicas e mesmo que em alguma eu não sole, a maioria tem coro, então usamos a voz o espetáculo todo. Todo cuidado é pouco, como não tomar nada gelado, evitar falar muito enquanto não estamos no teatro e o mais importante, dormir o suficiente.

Você vem de uma família de artistas, músicos… isso te influenciou como? Sempre amei ver tudo que minha família fazia no teatro e na música. Não foi difícil me apaixonar pelas artes também. Depois que comecei a me interessar, ter o apoio da família é um ponto muito importante que ajuda na perseverança de qualquer jovem que queira ser artista, pois muitos jovens no mundo inteiro têm esse desejo reprimido pelos pais que acham que arte é hobbie e não profissão. Meus pais sabem que não é apenas um hobbie. Tiveram acesso a informação suficiente pra saber que levando a sério, a arte é uma profissão digna como qualquer outra.

O que te fez despertar para ser ator e largar o sonho de ser jogador de futebol? Sempre fui apaixonado por arte, mas meu maior sonho era ser jogador e por isso eu reprimia minha própria curiosidade de testar o ator que tinha em mim. Tinha medo de perder o foco. Até que um dia o futebol me decepcionou. Eu era um adolescente inocente que não entendia direito como funcionava aquele meio futebolístico e quando descobri, me fez abrir a cabeça para paixões escondidas que eu tinha. Na arte também não é tudo limpo, mas eu aceitei que seria mais saudável pra mim. Tinha mais a ver comigo.

 

Por falar em família você tem vários irmãos e pelo jeito a família é bem unida. O que aprendeu com seus pais e você leva para o resto da vida e pretende passar para seu filho? Aprendi cedo que a fama não é uma coisa em que devemos acreditar. Aprendi que é simplesmente o resultado de um trabalho bem feito. Reconhecimento. Achar que sou uma pessoa superior às outras por isso é onde tá o erro. É difícil, porque um artista com o ego inchado parte também do jeito que certas pessoas o tratam, como alguém superior, ou um “ídolo”. Muitas pessoas colocam o artista em outro patamar de ser humano que na verdade não existe. Se o artista acreditar nisso, vai perder a noção de quem é de verdade e com o tempo vai acabar tratando os outros como “inferiores”. Meus pais conviveram com muita gente famosa na vida e me passaram essa valiosa informação que vou levar pra vida toda e pro meu filho, se eu tiver, um dia.

Em seu último trabalho na TV, em “Totalmente Demais”, você tinha conflitos com seu pai. Como foi participar desse trabalho e o que te trouxe de novo? Com meu personagem em “Totalmente Demais” aprendi que antes de julgar alguém, temos que entender o passado da pessoa e o que ela viveu antes que criou alguma personalidade ou teve algum comportamento inadequado. Se você não souber o passado da pessoa, não julgue. Nem pra si mesmo. Meu personagem era nascido em berço de ouro e mimado pela mãe a vida toda, até quando estava errado. Isso causou um comportamento comum entre os “riquinhos”, que é a rebeldia. Achar que tudo tem que acontecer do jeito que ele quer. Se não acontecesse, ele fazia acontecer.

A visibilidade da TV aproxima o artista do público. O que isso traz de bom e ruim no seu caso? É comum as pessoas criarem uma imagem minha na cabeça delas e acharem cegamente que sou aquilo que acham. Até esquecem que somos seres humanos comuns, com variações de humor, intolerâncias, preocupações, dias tristes, etc. O perigo disso é que se uma dessas pessoas me virem num dia ruim, em que não estou muito sorridente, podem acabar falando por aí que sou antipático ou grosso. Mas eu já desencanei com as falsas opiniões sobre mim, eu já sei quem eu sou e meus bons amigos também. O lado bom disso tudo é que temos a oportunidade de mostrar realmente quem somos, pelas redes sociais, nas entrevistas, etc. Ter atenção de muita gente virada pra mim é uma boa oportunidade pra instruir o povo com opiniões simplistas e diretas, levando as pessoas a pensarem de uma forma mais humanista e altruísta.

 

Como lida com o assédio e a fama? Alguma vez já incomodou? Quando as pessoas esquecem que sou ser humano que nem elas e se interessam só pela minha imagem, incomoda. Mas sempre trato todos com igualdade. Fico muito feliz quando alguém se aproxima e fala bem do meu trabalho, elogiando coisas específicas que observaram, as vezes sem pedir foto. Infelizmente também têm as pessoas que chegam e perguntam se eu já fiz novela e se eu digo “sim”, pedem pra tirar foto com sorriso na cara. Fico pensando o que teria acontecido se eu tivesse falado “não”, porque pelo visto a pessoa nem tinha certeza de quem eu era e provavelmente não sabia meu nome. Fico triste com os valores de certas pessoas que querem somente aparecer do lado de alguém que fez novela ou algo na TV. A parte boa é quando nosso trabalho de fato toca alguém, fazendo alguém as pessoas se identificarem com a história que contamos. Esse é o maior motivo de orgulho da minha profissão. Fazer a diferença na vida de alguém.

FOTOS Vinicius Mochizuki
MAKE UP & HAIR Vinicius Mochizuki
STYLIST Rodrigo Rodrigues

DANIEL VESTE:
Look 01 – jaqueta jeans Zara, camisa jeans Zara, calça jeans Colcci, coturno Zara; Look 02 – t-shirt estampa acervo; Acessórios Metally e acervo