ENTREVISTA: Romero Britto, o embaixador da arte pop nacional que coloriu o mundo

Romero Britto até dispensaria apresentações, mas não custa reforçar que ele é um dos artistas mais conhecidos da sua geração. Ganhou o mundo e expressa sua alegria de viver através do colorido de suas telas. Da infância humilde ao reconhecimento internacional Romero Britto é, apesar do clichê, ”de Pernambuco falando para o mundo”.

Você teve uma infância pobre, mas isso não tolheu sua criatividade, pelo contrário. Como explica isso? Acho que às vezes a dificuldade faz você mais forte e o torna capaz de aproveitar as oportunidades.

O que ficou dessa infância humilde? Teve algo que influenciou ou ajudou na sua formação como homem e artista? Tudo o que passei me influenciou muito. Toda a dificuldade me fez sonhar mais e mais. E a fonte dos sonhos sempre foi a leitura e a inspiração dos vitoriosos.

Como surgiu a ideia de fazer Direito? Por que não artes plásticas ou outro curso que desse vazão a sua criatividade? A ideia de fazer Direito foi simplesmente para ter um curso superior que complementasse o curso no Itamaraty! Queria ser embaixador do Brasil!! Recentemente fui apontado pelo Secretário Geral da FIFA como Embaixador da Copa do Mundo no Brasil!




Como se deu a viagem para Paris? Ela te impulsionou como artista? Eu gosto das artes desde os meus 8 anos, minha primeira viagem a Paris foi um sonho mesmo. Ver tudo de perto, obras que você só via em fotos de livros, foi fascinante esta ida para Europa e ficar vivendo lá por um ano.

Como se deu a sua mudança para Miami? Enxergou lá mais oportunidades que não via aqui ou foi apenas mais uma tentativa? Um amigo que tenho desde criança, o Leonardo Conte, estava estudando na Universidade de Miami, e fui visitá-lo. Depois fui para Nova York e de volta para Londres. Adorei a dinâmica veloz dos Estados Unidos! Voltei para Miami que lembra muito Recife com muita água em volta! Adoro esta cidade.

De onde vêm tantas cores na sua arte? Cor é vida? Elas te inspiram? As cores por si próprias trazem muita alegria. O amarelo, a minha cor favorita é o máximo de vida!! O vermelho super poderoso! A minha inspiração vem de todo um universo que me cerca todos os dias, é natureza, gente, emoções e o sonho também.

A que você atribui o sucesso de sua arte? A alegria, a mensagem direta, o positivismo, tudo que vivemos à procura todo o tempo.

Você acha que é possível não ter o dom para um tipo de arte, mas atingir a qualidade de quem tem através de muito trabalho, estudo e esforço? Ou para você a pessoa ou nasce com o dom ou nunca chegará a ter? Acho importantíssimo ter um dom e também a paixão. Quanto ao sucesso acho muito importante saber se esta paixão e dom seriam compartilhados para muitos ou poucos.

O que você leva de suas origens pernambucanas para sua arte? O colorido das casas do Recife e Olinda, do Maracatu e do lindo carnaval do Rio!!!

Em qual momento da sua vida você pensou, “consegui, cheguei aonde queria!”? Não paro muito para pensar nisto, tem tanta coisa que ainda quero fazer.  Ainda sou muito jovem e há tantas oportunidades por aí mundo a fora!!


Sua arte está por toda parte e seu estilo chega a ser copiado e reproduzido em várias coisas, de roupas a garrafas de bebida. Como se sente em relação a isso? Criar uma arte que se torna um movimento interessante, mas ao mesmo tempo triste porque tanta gente que poderia criar sua própria identidade se anula para me seguir.

O “poder” do reconhecimento e o sucesso de ser um artista respeitado mundialmente te dá mais responsabilidades e deveres? Em que esse “poder” te toca? Esse “poder de influência” não me toca, estou tão envolvido com a minha arte que não dá tempo para pensar nisto.

Muitos artistas e celebridades admiram e têm suas obras em casa, isso te orgulha? Fico muitíssimo orgulhoso em ter minha arte nas mãos de tanta gente no mundo das celebridades, isto para mim é um grande motivo de alegria e inspiração!

Como é estar prestes a completar 50 anos? Isso te incomoda de alguma forma? Estou feliz de chegar a fazer esta idade, na verdade me sinto muito jovem. Às vezes eu não acredito que vou fazer 50, acho que será 30 ou 28!!! (risos)

E uma última pergunta para encerrar… O que falta conquistar? O que falta conquistar são as novas gerações que estão chegando agora e dos próximos 10 anos!

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