ENTREVISTA: Rômulo Estrela revela seu talento “além do horizonte” (e nessa entrevista)

Rômulo Estrela é antes de tudo disciplinado e para ele isso faz toda a diferença na vida pessoal e na carreira artística. Natural de São Luís já é praticamente um carioca da gema e sempre que tem tempo vai ao cinema e ao teatro, aliás, duas coisas que estão entre seus planos. No ar em Além do Horizonte, Rômulo nos falou sobre sua trajetória e sobre o caráter do seu personagem, um advogado alpinista social.

Você é natural de São Luís do Maranhão. Como é a vida artística por lá e quando resolveu seguir carreira de ator e se mudar para o Rio? Em 2001 fiz uma oficina de interpretação em São Luís e descobri que queria seguir a profissão de ator e no ano seguinte mudei para Rio de Janeiro. São Luís tem um enorme potencial artístico em diversas áreas, mas falta fomento para que o horizonte cultural se amplie lá. Acredito também que o fato de São Luís preservar tanto seu regionalismo, acabe por inibir a entrada regular e rotineira de outras formas de expressão artística.

Talento, competência, senso de oportunidade, sorte e persistência são bons ingredientes para quem quer alcançar um objetivo na vida, seja profissional ou pessoal. Em que medida tem cada um deles na sua vida? Concordo e acredito que cada um desses elementos citados na pergunta seja importante. Gostaria de acrescentar a disciplina como elemento primordial também. Costumo dizer que toda vez que a sorte bateu na minha porta, ela me encontrou trabalhando…(risos). A vida contemporânea tem se apresentado de forma muito caótica, excessiva…Foi daí que entendi o valor da ordem e da disciplina, do contrário a gente corre o risco de se perder.

Além da família do que sente falta da época que morava em São Luís e gostaria de ter no Rio? Tenho um carinho muito especial pela minha cidade, pelas tradições e pela atmosfera que envolve a ilha de São Luís. Tenho amigos incríveis aqui no Rio, mas sinto falta dos amigos de São Luís…Seria perfeito juntar essas pessoas em um único lugar.

O que fez para se preparar para a carreira de ator? E o que continua fazendo para estar sempre aprendendo e se aprimorando? Estudo, leio, observo, assisto a filmes, faço aulas de interpretação…A vida é um grande laboratório para o ator e o artista de um modo geral. Tomei consciência de que sem essa busca pelo conhecimento seria impossível fazer arte. Procuro otimizar meu tempo em todos os sentidos. É algo como o título do monólogo que a Fernanda Montenegro fez sobre a vida da Simone De Beauvoir: “Viver sem Tempos Mortos”.

O personagem Minotauro na novela “Da Cor do Pecado”, na Rede Globo foi o seu primeiro personagem, confere? Como recebeu o convite e de que forma encarou essa oportunidade para a sua carreira? Sim confere. Fiquei feliz com a possibilidade de fazer o meu primeiro personagem na TV ainda que como elenco de apoio. Foi muito desafiador, eu já tinha feito algumas participações antes da novela, mas esse personagem foi o primeiro trabalho que fiz do início ao fim de uma obra, o que exigiu bastante dedicação e atenção. Compartilho a ideia de que todas as oportunidades são únicas e precisam ser aproveitadas ao máximo.

Até chegar à “Além do Horizonte”, recentemente sendo exibida no horário das 19h na Globo, você fez alguns papéis na Record e outros também na Globo, quase que intercalando entre uma e outra. O que acha mais bacana para o ator, ser contratado por projeto ou ter contrato fixo, sendo exclusivo de uma emissora só? Essa é uma pergunta onde a resposta pode variar de acordo com o momento do ator. Claro que dentro de um mercado tão competitivo e difícil como é o mercado artístico, a tentação por um contrato fixo com uma emissora é enorme, traz segurança. Mas sem dúvida um contrato longo também apresenta suas limitações, sobretudo com relação ao cinema, ao teatro e mesmo a projetos independentes. De certa forma a televisão limita o campo de atuação do ator e ter liberdade no terreno da criação é fundamental.

Tanto na Record quanto na Globo, você tem participado de algumas histórias que beiram o realismo fantástico, como na novela “Os Mutantes” e agora em “Além do Horizonte”. Em que você acredita e no que não acredita de jeito nenhum? Como ator preciso estar sempre a serviço. A arte é o espaço da fantasia, do fantástico, do lúdico…Para mim não importa o gênero, mas sim o fato de poder contar boas histórias sejam elas realistas naturalistas ou fantásticas.

O que você almeja com a carreira de ator? E o que almeja para sua vida pessoal? Me considero uma pessoa agraciada, tenho uma família linda e meu desejo é aproveitar o que a vida tem de melhor ao lado deles. Em relação a minha profissão, sou um ator jovem e que ainda tem uma estrada longa pela frente. Quero trabalhar com pessoas que admiro e consequentemente aprender com elas.

Pinta de galã, corpo atlético, talentoso…Como é o assédio feminino, como lida com ele e com a vaidade? Todo profissional fica feliz com o reconhecimento do seu trabalho. A vaidade faz parte da nossa natureza humana, só temos que ter cuidado para não confundir com presunção e exibição. Passa a ser importante quando a usamos para nos cuidar e viver a vida de maneira mais saudável.

Como cuida da saúde do corpo e da mente? Procuro me alimentar de maneira saudável, pratico esporte, frequento academia de ginastica e leio.

O que as mulheres têm que te conquista? É lindo ver a força e ao mesmo tempo toda delicadeza e sensibilidade de uma mulher…Um sorriso, um olhar, uma cruzada de pernas… A mulher tem um charme todo especial e somos nós que temos que aprender com elas.

O seu personagem em Além do Horizonte, o advogado Álvaro é um alpinista social e busca manipular as pessoas para conseguir o que quer. Como você o enxerga? A nossa sociedade de consumo é responsável por criar nas pessoas essa busca insana do TER além do SER ou isso é fonte de uma educação doméstica equivocada? Acredito que os dois. A sociedade mudou bastante nos últimos dez, quinze anos devido à velocidade em que tudo acontece. Sem dúvida existem veículos de comunicação de massa que propagam a necessidade de se consumir produtos, mas esses mesmos veículos também propagam outras coisas, portanto a resposta não é tão simplista assim. No final das contas, acredito que a educação de qualidade é a grande saída, não somente a doméstica, mas, sobretudo a educação escolar onde fundamentalmente formamos nossos pensamentos e escolhas sobre a vida.

Durante a novela, o ritmo de gravação costuma ser intenso, mas quando sobre um tempinho o que costuma fazer para se divertir e relaxar? Sou bem caseiro, mas não dispenso um cinema, teatro, ou shows de bandas que curto acompanhado da minha mulher e dos amigos.

Teatro e cinema estão no seu plano? Muito. Adoro estar no teatro e me sinto feliz quando estou em cartaz. O cinema é um namoro antigo, faço faculdade de cinema e gosto de todas as etapas de uma produção. Pretendo estrear em breve no cinema, é um desejo.