ESPORTE: NA ONDA DO SKATE, O SURF DE CALÇADA

Febre do momento, a prática do skate tem conquistado milhares de adeptos em todo o país, sem distinção de sexo ou idade. Mais democrático do que nunca o skate é presença obrigatória nas ruas e tem feito a alegria de muita gente apesar dos tombos que são inevitáveis. O surgimento do skate tem algumas versões datadas em época diferentes, mas todas originárias nos EUA. Pra começar, vale saber que o nome original é skateboard que significa patins em uma prancha. Uma das versões data o surgimento na primeira metade dos anos 20 a partir dos rollers scooters. Outra diz que em 1918 um garoto chamado Doc ‘Heath’ Ball andava de joelhos numa madeira com eixos e rodas de patins que havia sido desmontado.

A versão mais clássica vem da Califórnia na década de 50 e tem a ver com a falta de ondas e a vontade de surfar a todo custo, fazendo com que os surfistas criassem algo similar ao surf, mas que pudesse ser praticado fora da água. Daí eles usarem a mesma técnica do Doc Ball de uns 30 anos antes. O esporte adaptado do surf passou a ser conhecido como sidewalk surfing (surf de calçada) e logo, logo se espalhou por todos os cantos até ficar conhecido só como “skate”.

AO LONGO DO TEMPO

A década de 60 foi um tempo de grande efervescência cultural não só nos EUA, mas no mundo todo. Tempos de contracultura, movimentos de minorias, mudanças e a juventude estava no epicentro de tudo. Não à toa foi nesse período que o skate ganhou mais força e se profissionalizou, mais precisamente em 1963 quando foi realizada a primeira competição oficial na cidade de Hermosa Beach, Califórnia, tendo como vencedor Larry Steveson. A venda de skates pós competição chegou a mais de 50 milhões em todo o mundo.

Na década seguinte, por conta do racionamento de água nos EUA as piscinas vazias foram vistas pelos skatistas como ótimas pistas para manobras mais radicais dando origem ao skate vertical e a toda uma cultura e mercado voltado pra esse esporte, como roupas, revista (Skateboarder), músicas e material para fabricação de rodas (uretano, desenvolvido pelo químico Frank Nashworthy). Foi no final dos anos 70 que o skate começou a perder adeptos, pistas foram fechadas e as bicicletas começaram a invadir os espaços. Os resistentes acabaram criando assim o street skate, usando construções urbanas já que as pistas já eram quase inexistentes.

Nos anos 80 uma nova ascensão do skate se inicia, surgem as pitas em formato de U, novas tecnologias para fabricação de materiais e novos heróis do esporte como Steve Caballero, Tony Alva, Tom Sims e Tony Hawk, de apenas 12 anos. Daí pra frente o skate não perdeu mais espaço tendo nos ano 90 alcançado o “estrelato” profissional com exposição na mídia, programas de TV, cobertura de competições, marcas, produtos e publicações especializadas.

O “REI” DO SKATE – TONY HAWK

Tony começou a prática de skate ainda menino e conquistou mais de 80 títulos, incluindo 8 x-games (as Olimpíadas do esporte). Conhecido como pássaro voador foi garoto-propaganda de várias marcas e o primeiro a conseguir executar o primeiro giro de 900º no X-games de 1999. Considerado o melhor skatista de todos os tempos foi o pioneiro nas pistas verticais.

OS ROLÊS, EM QUALQUER LUGAR, EM QUALQUER IDADE

Entre os skatistas sair pra praticar o esporte se diz “dar uns roles” e tem muita gente fazendo isso, independendo da idade, encaixando a atividade dentro de suas rotinas, seja pra “desestressar” da vida moderna, seja para praticar atividade física, fazer novos amigos ou mesmo evoluir no esporte.
Segundo pesquisa feita pela Revista 100% Skate, em 2012 eram 3.800.000 (três milhões e oitocentos mil) skatistas no Brasil com 52% nas capitais e regiões metropolitanas e 48% interior, sendo 14% no Norte/Centro-Oeste, 18% no Nordeste, 48% no Sudeste e 21% no Sul do Brasil.

Em relação à faixa etária temos 25% tem entre 3 e 10 anos de idade, 30% entre 11 e 15 anos, 31% entre 16 e 20 anos, 7% entre 21 e 25 anos e 7% tem mais de 26 anos, e esses 7% tendem a aumentar a cada ano.

Independente da razão, o skate já entrou na vida de muita gente, incluindo dessa editora que vos fala, e pelo visto não sai mais. É o caso também de Sueli Lucena que se reúne com a turma sk8 na Itaipava Arena na Região Metropolitana do Recife para viver a adrenalina “É um esporte que trabalha o foco, pois você precisa estar atento e equilibrado o tempo todo para não levar uma queda”. Sergio Souza, 42 anos, costumava surfar e andar de patins na adolescência e na procura por um esporte pra vida adulta preferiu o skate pela facilidade, a filha de 11 anos já o acompanha no Parque da Jaqueira nos fins de semana e feriados para ele “especificamente o longboard, transmite uma sensação parecida com a de estar sobre as ondas”, já Ricardo Antunes tem pelo skate uma “paixão incomensurável” e a velocidade “sobre quatro rodinhas” é a sua maior motivação.

O grupo que posou pras fotos dessa matéria atende pelo nome de Rivotril Skateboard e tem gente de toda idade, lugar e profissão. Eles costumam se encontrar em vários points da cidade do Recife para a prática do esporte em especial o Parque Dona Lindu, em Setúbal, bairro onde a maioria mora.