ESTRELA: Giselle Tigre, a bela de olhos azuis, é uma diva‏

Giselle é tigre. Forte, audaciosa, voraz para defender seus ideais. Giselle é gata. Linda, doce, sedutora. Giselle é palco. Atriz de grande talento, cantora, encanta na TV, no cinema, nas passarelas, nas fotos, onde quer que esteja. Essa pernambucana do mundo é patrimônio cultural assim como o bolo de rolo, não tem igual. Protagonista de uma das cenas mais ousadas da TV brasileira Giselle é fogo, água, céu e terra. Conheça essa linda mulher cheia de elementos encantadores.
Seu início de carreira foi como modelo? Você chegou a ser uma das 12 finalistas do concurso Supermodel of the World, ano que consagrou grandes modelos como Cindy Crownford e Linda Evangelista. Era sua meta seguir carreira como modelo internacional ou foi só um início para sua realização profissional como atriz? Não comecei como modelo, meu primeiro trabalho foi no teatro com o TAP em 1987. Só depois surgiram convites para fazer comerciais de TV e em seguida fiz um book fotográfico. A partir de então não parei mais de trabalhar como modelo até hoje. São mais de 20 anos de experiência. Continuei fazendo teatro e mais tarde incorporei a música. Faço tudo junto, não existe a modelo, a atriz e a cantora. Pra mim, é tudo uma coisa só. Entendi que era uma artista, era pra isso que eu prestava.
Seu inicio sua carreira como atriz foi no musical Zuzu promovido pelo Teatro de Amadores de Pernambuco. O que marcou dessa época? Toda a minha formação aprendi com o TAP, tinha 15 anos quando entrei para este grupo tradicional de teatro pernambucano e todos ali tinham muitos anos de teatro nas costas, a começar por D. Diná de Oliveira, Geninha da Rosa Borges, Vicentina do Amaral. Eu aprendo muito observando e essas lições ficaram impregnadas na minha alma. Ouvi de todos eles sobre a ilusão da fama e que não tinha que pensar nessas coisas.
Você é linda e sua beleza nunca passou despercebida. Soube usar ela a seu favor ou em algum momento já se perdeu em vaidade? Sou uma pessoa desprovida de vaidade. Não vejo minha aparência como os outros vêem. Passei anos negando a beleza. No fundo, continuei a ser a menina descabelada que usava óculos fundo de garrafa (usei dos 10 aos 27 anos) Só agora, aos 40 (completos em 02/08), sinto a força da verdadeira beleza interna que construí ao longo dos anos e ela tá vindo com força. Hoje não tenho vergonha de dizer: Sou bonita sim e daí!?
Quem sofre mais crítica e cobrança, a modelo que vive da beleza ou a atriz que tem seu talento testado a todo instante? As duas! A beleza sempre será uma cobrança. Uma vez em uma entrevista ao telefone me perguntaram: você continua bonita?? E ter o talento testado, com certeza é uma cobrança que eu mesma me faço. Ninguém precisa fazer isso por mim, lanço esse desafio a mim mesma a cada trabalho.
No início dos anos 2000 você se mudou para o RJ e começou a trabalhar na Rede Globo, depois passou para Record e SBT. O ritmo da TV ainda assusta? Acha que tudo é um pouco descartável por conta de audiência e alta rotatividade de atores no mercado? Sinceramente, gosto de atuar e não importa o veículo. Gosto de mesclar projetos. Se faço uma novela, depois quero fazer teatro, gosto de passar um tempo escrevendo ou pesquisando, um tempo me dedicando mais à música, por exemplo. Gosto de variar a forma como me exponho. Há períodos que quero o ostracismo, faz parte do aprendizado, da entrega que é ser ator.

Por falar em TV… Você protagonizou o primeiro beijo gay na TV da atualidade. Como considera isso? Só mais uma cena ou algo realmente importante e marcante em sua carreira? O que significou pra você? Poxa, foi um dos momentos profissionais mais incríveis que já vivi. Primeiro pela total sintonia que encontrei na minha parceira de cena, a Lu (Vendramini), pelo marco histórico de protagonizar um beijo de 30 segundos entre duas mulheres, numa novela que falava sobre a ditadura militar no Brasil em 1970. Foi uma história de amor linda e virei um ícone da causa, que não era a minha, mas agora é.

O que é preconceito para você? Já sofreu algum? O que não dá para admitir? A intolerância me incomoda muito e a arrogância de quem se julga melhor que os outros. Todo tipo de discriminação é uma merda. Já sofri preconceito, claro! Quem já não sofreu?

Alguma das suas personagens se parece mais com você em personalidade? Sou um pouco todas as personagens que já fiz. Atuo e elas atuam em mim. Sou diversa e ainda estou descobrindo mulheres em mim que me surpreendem.

Como foi a experiência de gravar um CD de canções de autores nordestinos? Pensa em ser compositora também? Desde que resolvi cantar profissionalmente quis fazer um trabalho autoral. Nunca compus, mas sou boa de pesquisa e sensibilidade, então gravar compositores nordestinos foi um começo. Ainda quero compor, tocar um instrumento, quero fazer o diabo ainda.

O que é a música pra você? Já usou a música para seduzir? A música sou eu e eu sou a música, tem um M imaginário tatuado na minha testa. Não sei descrever o que a música me provoca. Só sei dizer que não é humano, é divino. Uso a música pra tudo e atualmente escolho meus projetos em função dela. Estou voltando aos palcos agora, com o show Como Você Imagina, cujo repertório passeia entre canções do meu disco de estréia, canções inéditas e canções que já são queridas do público. Paralelo a isto, estou em processo de escolha e montagem de repertório para um novo cd, que espero lançar em breve. Também estou atuando em um musical, “Enlace, A Loja do Ourives”, do papa João Paulo II, em cartaz desde maio em São Paulo e que irá rodar o Brasil em 2013.

Da época que você era solteira em Recife, você era mais daquelas que frequentava os bares da Rua da Moeda e a Soparia ou do calçadão de Boa Viagem e das farras na Over Point? O que te trás mais lembranças? Sou meio bicho do mato. Era muito caseira na época que morava em Recife. E desenturmada sou até hoje. Aprendi a apreciar a noite há pouco tempo.

Recife é seu porto seguro ou você já se tornou cidadã do mundo? Sou cidadã do mundo graças a Deus. Recife será sempre minha referência mais forte, mas hoje tenho apegos e saudosismos de outros lugares e de outras épocas fora da terrinha, mas admito que o coração bate mais forte quando estou na terra dos altos coqueiros ou quando escuto de qualquer lugar do planeta o som do maracatu, do frevo, do coco, do pastoril e tantas outras maravilhas da rica cultura pernambucana.

Do que você sente mais falta da “terrinha”? Fora meus irmãos e amigos, queijo coalho e bolo de noiva (bolo de ameixa famoso nos casamentos pernambucanos).

Quando você faz uso do Tigre e mostra suas garras? Quando canto, atuo e defendo o que acredito, quando educo minha filha, quando amo pra valer.

 

Fotos: Sergio Santoian
Assistente de fotografia: David Zoega
Idealização e concepção artística: Márcia Dornelles
Direção de produção: Márcia Dornelles –

 

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Figurinos gentilmente cedidos por Elena toscano, figurinista da peça “Enlace, a loja do Ourives” e pantera, Brechó Salto Alto
Make up Artist:  Luciano Sousa
Assistente de Maquiagem: Vitor Alpher
Camareiro: Helio Sousa
Locação: Teatro Contemporâneo – www.ciadeteatrocontemporaneo.com.br
Agradecimentos: Dinho Valadares
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