ESTRELA: JACQUELINE SATO, MUITO TALENTO E UMA BELA MISTURA GENÉTICA E CULTURAL

Recentemente ela esteve na novela “Orgulho e Paixão”, na Globo, e na série “(Des)Encontros”, no canal Sony, e atualmente tem passado uma temporada em Los Angeles para estudos e aprendizagem. Mas por onde esteja a bela atriz Jacqueline Sato se sobressai e nos arrebata com sua beleza. Um belo exemplo de como a mistura genética e cultural pode trazer um belo resultado. Jacqueline possui descendência de alemães, espanhóis, japoneses, índios e portugueses. A gata deu uma pausa nas suas atividades nos EUA para nos contar um pouco da sua trajetória e nos falar dos próximos passos. Não vamos perde-la de vista.

Jacqueline, recentemente você participou da novela “Orgulho e Paixão”, do início na TV em 2010 (em “Corações Feridos”, no SBT) até esse trabalho que avaliação faz da sua trajetória? Sou muito feliz e grata por cada passo dado ao longo destes 9 anos, afinal as gravações de “Corações Feridos” aconteceram em 2010. Lembro muito bem, tinha recém me formado como atriz, além de ter concluído, paralelamente, a faculdade de Rádio e TV. Estava com aquele frio na barriga que todo final de ciclo nos dá. Afinal de contas, havia passado os últimos 4 anos estudando muito, mas ainda tinha aquela dúvida sobre estar pronta. Aquela voz de “E ai? O que você vai fazer agora?” vira e mexe vinha cochichar no meu ouvido. Sabia que precisaria começar a trabalhar logo. Mas graças a Deus, cerca de um mês depois de ter graduado fiz o teste para a novela e passei. Foi meu primeiro trabalho. Lembro de pular de alegria e já contar a notícia para a minha família. Recebi aquilo como um sinal para continuar seguindo em frente. Fui muito feliz durante todo o processo, e fiz amigas e amigos que carrego na vida até hoje. Aprendi muito, e sempre agradeço esta primeira oportunidade. Depois dela muitos outros trabalhos vieram, a séria “Psi” da HBO, a novela “Além do Horizonte” da Globo, a série “Na Mira do Crime” da FOX, a peça “A Lenda do Vale da Lua”, a séria “Lili a ex”, a novela “Sol Nascente” da Globo, o filme “Talvez uma História de Amor”, a série “(Des)encontros” da Sony, onde vivi minha primeira protagonista, e por último esta que foi minha primeira novela de época “Orgulho e Paixão”, também da Globo. Também pulei de alegria a cada vez que recebi a notícia. Sempre mexe muito comigo. Sei o quanto irei me transformar a cada processo. Sei que sou privilegiada por viver daquilo que amo, e dou muito valor. Procuro dar o meu melhor sempre e honrar o ofício que ocupo.

Olhar para trás assim me motiva a seguir em frente querendo sempre mais e melhor. A Jacque de 2010 não poderia imaginar que faria isto tudo. A gente nunca sabe o que o futuro nos reserva, sempre penso que o “hoje” é tudo o que tenho e busco viver, trabalhar, plantar o melhor que eu posso para poder colher lá na frente. Sempre pensei assim. E agora, fazendo essa retrospectiva vejo o quanto já deu certo. Uma participação de uma ou duas diárias numa série em que me dediquei 100% me trouxe a indicação para o meu primeiro longa-metragem como atriz, que por sua vez, me trouxe a Marina, minha primeira protagonista numa série. Continuar evoluindo assim no meu trabalho é tudo o que mais quero.

E como surgiu tudo isso? Quando percebeu que queria ser atriz? Existe em mim desde pequena. Porém algumas vezes, na adolescência, cheguei a achar que era uma “viagem”, muito difícil, “pára com isso” (risos). Mas quando estava saindo do colégio e tinha que decidir o que faria “quando crescesse” que dei meu primeiro passo nesta direção. Iniciei os estudos e desde então nunca mais parei. Lembro direitinho da minha primeira aula de Teatro. Tive a certeza que queria viver daquilo. Mas de qualquer maneira me formei também em Rádio e TV, pois já sabia que a carreira era cheia de altos e baixos. Graças a Deus, muito estudo, trabalho, e vontade, consegui trilhar meu caminho nesta carreira. Até nos momentos difíceis não conseguia me imaginar fazendo outra coisa. E sinto que é meio que isto, quando há paixão pelo que se faz superamos qualquer obstáculo, dificuldade, desafio.

O que essa mistura de descendente alemães, espanhóis, japoneses e portugueses te trouxe de bom? Aliás, uma bela mistura! (risos) Obrigada =) Olha, posso dizer que de ruim não me trouxe nada. Acho que a diversidade é sempre bem-vinda, e vem pra enriquecer a gente como seres humanos. Ter tido contato com todas estas diferentes culturas só me trouxe coisas boas, seja no modo de ver a vida por outros ângulos, no “jeito de ser” de cada um, nas delícias de cada culinária, ou até mesmo nas crenças e religiões.

Acredita ser mais difícil encontrar bons papeis para que tem traços mais orientais? Já sentiu algum preconceito em relação a isso? Com a questão da importância da diversidade e representatividade em evidência, vem melhorando também a variedade de papéis. Finalmente parte da Indústria vem mudando o seu modo de pensar. E eu creio que, hoje, com a internet democratizando a voz, mais pessoas tem sido ouvidas. De novo, não é de hoje que nosso país é multiétnico. O público gosta se ver representado nas telas, ou nas páginas. E cada vez mais, quando percebe que não está, tem sido ouvido. E creio que muitas empresas, tem prestado mais atenção.

Estamos vivendo um momento de mudança positiva em relação a isso. E a mudança está acontecendo em várias partes. Desde o público que vem comentando quando não vê esta representatividade na tela, à mídia que vem colocando isto em pauta como você está fazendo agora – é como se colocassem uma lupa, ajudando os outros a verem mais de perto e com mais atenção – aos produtores, diretores, e roteiristas que estão mais conscientes da importância de haver esta multiplicidade em seus castings. Mas o caminho precisa ser crescente. E temos que estar atentos a isto para que não haja retrocesso. Afinal, uma vez que você se conscientiza de algo, não tem como voltar atrás. Vejo que esta é uma questão que muitas pessoas já tem consciência, e espero que elas façam o possível para que as coisas não voltem a ser como antes. Por quê juntos podemos gerar uma mudança ainda mais significativa.

Você acha que as mulheres com traços mais orientais encantam mais os homens de alguma forma? Trazem algum “mistério”? Não acredito que exista um senso comum em cima de um padrão estético. O que agrada a um pode não agradar ao outro. É muito relativo. E para mim, “Encantar” alguém demanda muito mais do que a pura e simples aparência. Tem a ver com a atitude, o jeito de ser, tudo aquilo que mora dentro daquela pessoa tida como encantadora. E sempre será encantadora pra uns, mas nada demais para outros.

Sobre o “mistério” eu acho que todas as pessoas carregam mistérios. Nunca conhecemos ninguém 100% e sempre vamos nos surpreender com o outro. Talvez essa ideia de mistério que você está falando tenha raízes antigas que estão arraigadas no imaginário coletivo por conta das gueixas, por conta do modo como a cultura oriental foi disseminada por aqui. Mas tudo isto é parte da imaginação e da ilusão que, as vezes, as pessoas gostam de acreditar.

Falando nisso como lida com o assédio? Em algum momento incomodou ou envaideceu? A palavra assédio tem sido bastante usada e às vezes confundida. Ao pé da letra, a definição de assédio no dicionário diz: “insistência impertinente em relação a alguém, com declarações, propostas, pretensões etc” e isso nunca é positivo. Sempre que em alguma pergunta classificam abordagem dos fãs como assédio eu acho que não é a palavra mais adequada, pelo menos no meu caso, já que nunca teve qualquer conotação por parte do público que pudesse ser impertinente. Só tenho a agradecer pela forma respeitosa com que sempre fui abordada por quem veio comentar que gostava do meu trabalho. Sempre com respeito. Mas pelo contexto aqui, eu acho que você está falando do assédio dos homens em relação a mim. Aí vou tentar explicar o que uma mulher sente quando é assediada, e o que ela sente quando recebe um elogio. São coisas bem diferentes.

Tenho pra mim que um simples olhar que “objetifica” completamente uma mulher, que ignora o ser humano que habita aquele corpo, já é capaz constranger. Se nos constranger, já computa como assédio. Existem olhares tão invasivos que nos fazem atravessar a rua só para evitar ser olhada daquele jeito. Outros olhares tão incômodos que nos fazem desistir de sentar em determinado bar ou restaurante. E eu acho isto bem injusto.  Se a mulher está constrangida, se ela não está correspondendo, está errado. Pronto. Simples assim. Eu não consigo ver como uma situação envaidecedora.

Acho que a grande maioria das mulheres, e comigo não é diferente, já passou por alguma situação em que um desconhecido se aproximou num primeiro momento flertando e, diante da negativa, tentou mesmo assim aproximação (taí mais um exemplo da “insistência impertinente”, tentou falar mais perto, ou pior tentou pegar na mão, braço, cintura, o que para certa parcela dos homens, infelizmente, não configuraria desrespeito). Isto acontecia com mais frequência anos atrás, não sei se está mudando, ou eu é que estou saindo menos para lugares onde a exposição a este tipo de situação é maior, como nas baladas, mas torço para que o bom senso esteja reinando e para que menos garotas passem por situações constrangedoras e chatas como essas. Agora quando recebemos um elogio genuíno e respeitoso muito provavelmente vamos aceitar, ou agradecer, e será nítida a diferença pois, ao invés do constrangimento virá um sorriso.

Atualmente estudando em Los Angeles como anda sua rotina? Bem intensa! Passei as primeiras 5 semanas estudando de segunda a segunda. Estava fazendo 3 cursos ao mesmo tempo. Sendo que um deles era um treinamento intensivo na técnica Meisner, que é uma das que mais me identifico. O intensivo acabou, mas continuo fazendo o treinamento 3 vezes por semana. O outro que fiz, foi um de Improviso no “The Groundlings” que é uma das escolas de improvisação mais tradicionais daqui, por onde já passaram nomes como Will Ferrel e Melissa McCarty. E também estudei, e continuo estudando a técnica da Ivana Chubbuck que é bem interessante, tem uma abordagem bem profunda que inclui ciência comportamental e psicologia, então utiliza bastante da nossa individualidade e experiências pessoais como ferramentas na hora de interpretar uma cena. É interessante estudar diferentes técnicas, pois às vezes conseguimos encontrar pontos de convergência entre elas, como se estivessem falando a mesma coisa, só que em idiomas diferentes. E conhecimento, nunca é demais. Eu gosto de ter múltiplas perspectivas para poder fazer uma escolha genuína de qual adotar conforme for minha necessidade.

Fora os cursos tenho conseguido utilizar bem o meu tempo livre fazendo uma das coisas que mais gosto: ficar em contato com a natureza. Fiz alguns hikings, visitei o “Antelope Valley Park” que é uma reserva natural estadual onde você pode ver os campos repletos de flores de papoula, é a coisa mais linda, tudo coberto de laranja! As vezes pego o carro e dirijo até o pier de Malibu, ou algum parque, só pra ficar estudando ao mesmo tempo em que contemplo uma vista linda.

O que busca em L.A. além de se aperfeiçoar como artista? O que te encanta da cidade? O maior motivo é este, aprender mais. Desde que tive meu primeiro contato com a Técnica Meisner eu soube que iria querer investigar mais. E sempre quis vir estudar aqui, numa escola tradicional deste método. E é muito bom poder estudar aqui, uma cidade que sempre me encantou, não só pelo fato de ser um dos epicentros do audiovisual, mas também pelo contato com a natureza que ela proporciona. É incrível. Você dirige meia hora, quarenta minutos e esquece que estava numa cidade grande, tem parques enormes, ou dirige mais um pouco e está na beira da praia, ou ainda, se preferir, dirige para a outra direção e vai ver neve, esquiar. Essa variedade toda é muito legal.

TV, teatro e cinema, o que te desafia mais como atriz e o que te encanta mais na hora de se entreter? Ô pergunta difícil. Gosto dos três. Seja para trabalhar ou para me divertir. Como profissional, tenho aprendido muito e de formas diferentes com cada um destes veículos. O que mais me desafia é poder continuar me experimentando em cada um deles. Poder transitar entre um e outro. E mais do que isto, poder sentir um crescimento como artista a cada trabalho executado. Jamais me permitir ficar numa zona de conforto. E sei que não conseguiria, pois é nessa sensação de aprendizado contínuo, e no prazer de superar cada pequeno ou grande desafio é que me sinto mais viva. E para me entreter eu também consumo de tudo. (risos) Amo ir ao Teatro, ver o trabalho dos atores ao vivo, na íntegra, é sensacional. E é um momento único que não poderei dar “play” novamente se quiser. Ir ao cinema é uma das coisas que mais gosto de fazer também. Definitivamente não dá pra comparar a experiência de assistir a um filme na telona com assistir em casa. Também gosto de assistir minha TV de pijamas, debaixo da coberta com meus gatinhos no meu colo. São prazeres e entretenimentos diferentes, que não consigo classificar num ranking. Ainda mais atualmente com tanto conteúdo de extrema qualidade que vem sido produzido na TV.

Nas horas vagas o que faz sua cabeça? Gosto de estar em contato com a Natureza, isso renova minha energia! Quando posso, gosto de me isolar em locais onde este contato é mais profundo. E é nestes momentos que me sinto mais conectada com Deus. Tenho isto desde pequena, mas demorou até entender o quanto estes momentos são realmente importantes para mim. Amo estar com minha família, meu noivo e meus animais de estimação. E claro, se as horas vagas forem tantas que se somadas sejam dias seguidos, vou querer viajar, experimentar diferentes culturas, lugares e modos de se viver. Fora isto, já falei mas repito: adoro ler, e assistir a peças, filmes e séries.

Como lida com o espelho? Se considera muito vaidosa? O que se permite? A cada ano que passa parece que a minha relação com o espelho melhora. Acho que com o tempo e a maturidade a gente aprende a se gostar mais. Quando mais nova era muito mais insegura e, apesar de gastar mais tempo do que gasto hoje me arrumando não me sentia tão bem quanto hoje. Sobre o que me permito… me permito mudar de ideia, ser transitória, me permito viver todas as minhas fases e mudanças.

Redes sociais um mal necessário ou pura diversão? Já senti um pouco dos dois em algum momento. Depende do dia, do momento em que estou vivendo. Consigo ver muitas coisas positivas que elas trouxeram.  Gosto do jeito de que elas conectam e dão voz a pessoas que antes não eram ouvidas. Mas também vejo muitas coisas negativas. Eu desgosto quando elas desconectam as pessoas do momento presente, o que aliás é tão frequente.

Qual seu maior pecado? Gula. (risos) Sou louca por comida, e doces ainda mais. Amo comer. Procuro manter uma dieta balanceada e até considero que eu tenha sido bem sucedida nisto, mas tem dias que eu me entrego a esse pecado da cabeça aos pés.

E maior virtude? Agora a maior virtude… acho que vou citar as mudanças que venho fazendo em minha vida em prol da sustentabilidade. Sempre me preocupei com o meio ambiente, e com a crise ambiental em que vivemos. Desde criança este sempre foi um dos temas que mais me alarmaram. Afinal, sem a Natureza em equilíbrio toda a vida no planeta, incluindo a nossa como seres humanos, está em risco. A cada dia procuro caminhar em direção a uma existência menos agressiva. Há cinco anos parei de ingerir carne vermelha, que além de me fazer mal, é uma das práticas mais poluentes. A criação de gado é responsável por grande parte do desmatamento, os animais em si liberam muito gás metano, que é rico em CO2 e afeta o ar e camada de Ozônio, fora a quantidade de água que é gasta. Diminuí bem o consumo de produtos de origem animal como um todo. Atualmente como peixe, e queijos esporadicamente.

Para conquistar Jacqueline basta… Me inspirar a ser alguém melhor. Ser sincero. Olhar nos olhos e me atravessar enxergando além da superfície, além do que o os olhos podem ver. E me fazer enxergar tudo isto também. Ser espontâneo, divertido e livre.