ESTRELA: Letícia Colin, “a hora da estrela”

Letícia Helena de Queiroz Colin, nasceu em dezembro de 1989, capricorniana, assim como seu signo considerado um dos mais aplicados do zodíaco, não foge à regra e se entrega de forma plena as suas criações e personagens. Arrojada, competente, responsável, nasceu para liderar – colegas de trabalho validam sua boa energia e dedicação. Respeito, admiração e reconhecimento é o que sua atuação provoca. Atualmente integra o seleto grupo de melhores atrizes da nova geração, se destacando pelo profissionalismo e atitude. Leitora ávida, consome, faz críticas e indicações muito interessantes em suas redes sociais “Sou comprometida com a vida. Quero ser uma boa cidadã. Quero mergulhar cada vez mais nos meus personagens e criar cenas que possam tocar e modificar algo nas pessoas.” Revela que gentileza, coragem e sagacidade são atitudes que arrebatam seu coração e que trabalha continuamente para melhorar, “Sobre o que melhorar, tudo! Os medos, os desafios, o diálogo, as reflexões…”.

Sua primeira aparição na TV foi em 2001, no seriado Sandy e Junior. Desde cedo compreendeu a missão a que veio, o que contribuiu para que soubesse aproveitar as oportunidades que foram aparecendo, ao máximo “Eu amava fazer cena, decorar falas, vestir as roupas dos personagens… Me sentia feliz! Um dia pintou um teste pro seriado, eu fui, fiz e passei. Me mudei pra Campinas onde era filmada a série. Quando acabou, eu, então, aos 12 anos, enviei material com minhas cenas pra produtores de elenco do Rio que precisavam de uma atriz com o meu perfil para um papel em Malhação. Em dois dias eu estava morando na cidade com minha mãe.” Sobre a experiência de participar da considerada escola de atores da Globo, Letícia revela a importância da produção em sua carreira “Eu amei ter feito parte do elenco de Malhação. Experimentei pela primeira vez sensações mais profundas em cena. Sou muito grata por ter feito parte deste grande trabalho.”

Natural de Santo André, interior de São Paulo, adaptou-se rápido ao estilo de vida carioca “Eu amo Cachoeira e mar! Aquele lance de tomar um banho super energético e sentir que a vida muda? Então! Eu prefiro as águas…” Se transformou em uma “garota carioca” – Eu vim ao Rio com 12 anos para ficar apenas um ano atuando em Malhação, mas nunca mais fui embora! […] tenho muitos amigos cariocas, meu marido é carioca. E é nessa terra caótica e de beleza extravagante que eu sempre encontrei ou abri espaços pra mim. Sou grata demais ao Rio. E sempre sinto falta de São Paulo! Sou maluca por aquela cidade… sou meio a meio!”

2018 promete para essa garota de talento à flor da pele, agora em maio estreia novela nova na Globo, Segundo Sol. Sua personagem, Rosa, dará o que falar, é o que afirma a bela “O trabalho está só começando, mas Rosa é uma mulher que busca ser dona de si, e vai fazer um belo caminho para sua liberdade e emancipação. Ela nasceu para ser livre.” Encantamento, graça e amor, tornaram-se marcas registradas desta atriz, que mesmo tão jovem, já possui uma trajetória artística impressionante, tanto em quantidade de produção, quanto em qualidade das obras.

Letícia é uma atriz que dança, canta e encanta, assim como muitas de suas personagens, tem uma inteligência criativa sagaz, não gosta de ineficiência, nem desperdício de qualquer espécie. Mulher múltipla, ativa e ativista, defende a liberdade em todas as suas formas, expressões artísticas e linguagens “Arte é expressão com singularidade. Então todo mundo é artista todo o tempo! A individualidade, a criatividade, as forças motrizes de avançar, desenvolver, arriscar são muito poderosas. Isso move o mundo – quando a mudança é boa. Eu vivo de olhar ao redor, pra dentro de mim e insuflar vida nos meus personagens. Eu me investigo, me observo, me expando sendo artista. Isso é a minha missão e o meu tesão na vida. Cantar, dançar, escrever ou atuar tudo é parte dessa manifestação. Eu não queria, nem trocaria esse meu trabalho/meu lugar no mundo por nada.” A atriz revela ainda que tem a mania de entrar em cena afirmando, “que arte é sempre espaço de experimentação, de desequilíbrio. Que tudo certo sentir muito e que tudo pode acontecer!”

Sua carreira é marcada por interpretações de mulheres de personalidades fortes, livres e vanguardistas, como em 2016, quando interpretou Júlia, na produção Global Nada Será Como Antes, ao lado de Bruna Marquezine e que protagonizou cenas marcantes, em um triangulo amoroso que arrebatou a admiração da crítica e do público, revertendo-se cada dia mais em espaços e relevância aos seus trabalhos. Em 2017, interpretou a princesa Isabel Cristina Leopoldina de Bragança, na novela Novo Mundo, onde tratou com muita competência de temas como liberdade, machismo e preconceito. A atriz revelou à MENSCH que sua relação com a personagem foi além das cenas “Leopoldina se tornou uma amiga. Alguém com quem dialogava através de suas cartas, das pinturas, dos vestígios da sua existência. Ela é uma das pessoas mais incríveis que já conheci. Foi uma honra interpretá-la. Ela me ensinou muito sobre civilidade, dignidade, doação. Saber e pensar o Brasil através das ações dela foi algo realmente transformador. Uma vida gigante de devoção à arte, aos estudos, ao povo. E ela era terrivelmente infeliz. Uma mulher devastada por um casamento tóxico, com humilhações e agressões físicas. Aquele período histórico, terrível, no qual os homens podiam tudo e as mulheres, nada. A herança é gigantesca.”

Todos ao seu redor afirmam sua postura atenciosa, educada, competente, versátil, entre outras qualidades, essa construção de sua personalidade vem da influência da formação de seus pais? Meus pais são professores, lutadores, que dedicaram suas vidas a formar pessoas! Ensinavam através do esporte o respeito, a coletividade, a coragem. São pessoas honestíssimas. Eu devo meus valores a eles, sim. Eles que criaram todas as possibilidades para que eu me desenvolvesse artisticamente e acreditasse na “intuição” por exemplo, na hora de atuar. Eles me celebraram a cada pequena conquista e me ampararam diante das dificuldades. Eles são incríveis.

Interpretando a Princesa Isabel, a caracterização da personagem, principalmente o sotaque chamaram atenção, na ocasião você até cantou em alemão, já para interpretar a paulista platinada Marylin, na série da Globo Cine Holliúdy criou uma personalidade extremadamente oposta. Como funciona seu processo de construção das personagens, como se apropria da nova personalidade? O personagem é tudo, né? Voz, corpo, jeito de ver o mundo. A gente tem que pensar nisso tudo na hora de criá-lo. Então, a voz e o sotaque vêm juntos. Pra mim é tudo um processo só. Eu tento viver olhando o mundo através de como essas figuras olhariam também. Eu convido pra vir à tona o que há em mim que tem a ver, ou que precisa vir, para que as personagens tomem vida!

No cinema também marca presença, demarcando território com personalidade, no filme Bonitinha Mas Ordinária, protagonizou cenas fortes de nudez e sexo, com um nível de entrega incrível, como foi a experiência? Foi lindo fazer esse filme, a Maria Cecilia, mergulhada naquele universo Rodriguiano que todo ator deveria visitar. Eu amo me ver ali, entregue, firme, intensa! Eu acho um documento de quem eu era aos 18 anos, sabe? E claro, tudo contribui, sempre. Só me fez mais forte e mais certa do quanto eu seria atriz pelo resto da vida.

Como lida com a nudez em cena e fora dela? O nu pode ser político, sensual, perturbador, apelativo, sagrado, profano, delicado… Acho que quando se tem a consciência de sua relevância e do que se pretende evocar, quando bem inserido numa história, a nudez é o máximo! Fora de cena a nudez é ainda mais infinita.

Você domina artes e linguagens diferentes, fazendo isso com muita propriedade, a exemplo da web série A Lei de Murphy, exibida no Gshow. Conta um pouco sobre essa experiência de falar em diferentes canais, com linguagens tão específicas, para públicos tão distintos. É demais esse tempo que vivemos de experimentar e descobrir conteúdos a todo momento! É parte da brincadeira também desvendar a linguagem, e desafiá-la. Tudo se mistura bastante hoje, né? As séries mudaram nosso olhar estético, o paladar dramatúrgico de desfechos, ganchos. O lance de você escolher a que horas e o que verá! Tudo é bastante novo e desafiador, né? Eu, como espectadora, me sinto me experimentando e redefinindo meu gosto. E como atriz, do outro lado, aprendendo e ouvindo e dançando com tudo isso. 

Você tem uma postura bem distinta nas redes sociais, por exemplo, no Instagram costuma postar coisas mais pessoais, livros, e opiniões sobre questões sociais. Já no Facebook, mantém a militância pelas causas sociais, mas tem uma pegada mais profissional. Qual a importância destes canais para promoção de suas produções e posicionamentos? Eu não teria a vontade, nem seria desrespeitosa como muitas pessoas o são ao entrar no meu Instagram por exemplo, e deixar comentários de ódio, tripudiando de questões que eu considero relevantes, e eles não. Mas ainda assim, eu respeito a diferença de opinião – mesmo que emitida de forma tão covarde. Mas com esses eu não me animo em trocar… Lógico que tem muita gente legal que expressa amor e apoio ao meu trabalho e aos meus pensamentos. Eu gosto de ler os comentários sempre que dá. Eu uso mais o insta. Facebook eu mexo super pouco… Nunca pirei no Facebook, na verdade… Posto, eu mesma, o que tenho vontade com leveza e compromisso.

No musical Hair você viveu a personagem Jeanie, mais uma mulher livre, forte, marcante e na maioria das vezes chapada. Qual sua opinião sobre a descriminalização da maconha? Bem, não me parece que do jeito que as coisas estão hoje, a legislação atual, a milícia, a corrupção, o tráfico de armas, as mortes, os menores envolvidos, enfim, tudo, que as coisas estejam funcionando bem nesse modelo. Eu acredito na mudança, sim.

Atualmente, muitas atrizes do mundo todo, com destaque para as de Hollywood, encabeçam movimentos contra o assédio sexual, preconceito, desigualdade salarial entre gêneros… Como você vê isso? Repudio qualquer ação de violência, coerção ou discriminação feita à qualquer mulher. Diariamente me sinto oprimida e com medo de andar nas ruas por ser mulher. Sei que muitas mulheres aqui no Brasil se sentem assim também.

O que admira em um homem à primeira vista? Admiro a originalidade, o trato bem tratado, o saber ouvir, o não ter medo de ser vulnerável, o não se sentir ameaçado por mulheres, o cara que acrescenta ao mundo. Que não quer seduzir a todo momento, que respeita sua companheira, seu companheiro, e o resto do mundo.

Você é considerada uma personalidade fashionista ativista do consumo consciente e sustentável. Como é sua relação com a moda? Defino meu estilo a cada momento, sempre dou preferência às peças brasileiras. E é possível saber, através da internet, dessas grandes lojas que utilizam mão de obra escrava. E aí, lógico, não compro, nem entro na loja.

Qual sua relação com saúde, como mantém o corpo e mente saudáveis? Sou budista há dois anos e isso me trouxe muita saúde em todos os níveis. Eu tenho me cuidado cada vez mais. Me alimentado melhor, tenho mantido uma rotina de exercícios. Eu negligenciava o tipo de alimento que ingeria, frituras por exemplo, e ficava dias sem treinar. E tenho respeitado muito mais minha pele, cuido dela. Eu estou muito mais atenta a mim, em trazer qualidade pro meu corpo. Tenho um time de profissionais amigos que fui encontrando ao longo do tempo em quem confio 100% e realmente CUIDAM de mim. Estou sendo muito bem cuidada. 🙂

Foto André Wanderley – Agenciado ODMGT / Produção Executiva Márcia Dornelles / Styling Paulo Zelenka / Assistente Deivedy Oaques / Beleza Guto Moraes / Locação Sheraton Rio – Av Niemeyer 161

Leticia veste – Look 1: Camiseta branca Dimy, Jóias H-Stern; Look 2: Maiô Morena Rosa, Kimono rose Wasaby, Jóias H-Stern; Look 3: Maiô Kikorpo, Saída de seda verde Renner, Jóias H-Stern; Look 4: Top Nidas, Hot paints Kikorpo, Jóias H-Stern; Look 5: Top Amir Slama, Calça Banabana, Jóias H-Stern