ESTRELA: Roberta Rodrigues, a carioca mais baiana do momento em “Segundo Sol”

Fruto do projeto “Nós no Morro”, Roberta Rodrigues, é um belo exemplo de sucesso e de como uma oportunidade pode mudar o ritmo da vida e dar outra perspectiva. Roberta ficou conhecida do grande público através do sucesso mundial de “Cidade de Deus”, e de lá não parou. Seja na música, com a banda “Melanina Carioca’, seja com seus papéis na TV e no cinema. Roberta é uma vencedora e nós somos completamente apaixonados por ela. Até mesmo quando ela interpreta a ciumenta Doralice de “Segundo Sol”, novela das 21h da Globo. “Comecei no “Nós do Morro”. Frequentava o projeto em busca de oportunidades. Ali me descobri como atriz”, comentou Roberta, que hoje comemora seus 36 anos com muitos motivos para celebrar e garra para fazer muito mais.

Roberta, ao longo da sua trajetória já são 15 anos de TV e vários sucessos no teatro. Como você se vê como atriz ao longo desses anos todos? Se sente realizada? Eu amo o que faço. Não sei ser outra coisa, senão atriz! Sou muito realizada, enquanto puder atuar, interpretar personagens bacanas, que levem mensagens e diversão para o público, estarei feliz!

E indo bem para o início como isso tudo começou? Quando despertou que queria ser atriz? Alguma referência ou inspiração? Comecei no “Nós do Morro”. Frequentava o projeto em busca de oportunidades. Ali me descobri como atriz. Me inspirava nos meus colegas e professores. Nunca imaginei que seria atriz, mas a oportunidade me fez mostrar o meu talento.

Falando em cinema, você tem no currículo filmes marcantes como “Cidade de Deus”, “Garrincha”, “Nice da Silva” e “5X Favela”, que te levou a Cannes. Em sua maioria filmes com muita carga dramática que falam de pessoas e personagens fortes. Consegue citar o que mais marcou nisso tudo? A gente pode fazer mil coisas, mas ‘Cidade de Deus’, é algo que move alguma coisinha dentro da caixinha que é diferente, é como se fosse o primeiro filho. Tenho muito carinho pelo filme. Foi meu primeiro grande papel! Não só por isso, mas pelo alcance que ele teve, no mundo todo.

Você parece ser uma mulher de garra, muito ativa socialmente e preocupada com a função do ator na sociedade. É isso mesmo? Como você se auto define neste sentido? Na minha opinião nós, artistas, carregamos muita responsabilidade, ainda mais nós que somos mulheres negras de comunidades e atrizes. Independente se eu for morar em qualquer lugar, hoje, as pessoas vão sempre me tachar e eu sempre vou ser a Roberta que é aquela atriz negra. Preciso sempre estar atenta, para exercer minha função como atriz e levar mensagem positiva sempre.

Você é um belo exemplo de como a cultura e a informação modifica as pessoas. O grande problema de muita gente que mora no morro é a falta de oportunidade e a exclusão social. Você sente que algo está mudando? O que ainda falta? Eu me dou muito como exemplo, eu sou uma pessoa nascida e criada na comunidade. Eu fiz nado sincronizado dos 06 aos 16 anos, joguei futebol um período, abandonei tudo e resolvi fazer teatro. Fiquei fazendo teatro no ‘Nós no Morro’, sem nenhuma perspectiva de ser famosa, não tinha noção disso, e as coisas aconteceram na minha vida. Eu não dei sorte, eu aproveitei as minhas oportunidades, porque a vida também te dá oportunidades, depende também muito de cada um. As coisas estão mudando, bem lentamente, mas cabe a cada um correr atrás da sua felicidade também.

O projeto “Nós do Morro” foi fundamental na sua formação como artista e na cidadã que você é hoje? Com certeza, ali eu aprendi a ser cidadã em primeiro lugar. Tudo através da arte e da união com pessoas que tinham um mesmo objetivo. O projeto me tornou a pessoa que sou hoje.

Você nasceu, cresceu e morou no Vidigal um bom tempo. O quanto é importante para você manter essa ligação e o que significa para você? Não moro mais, mas minha ligação com o Vidigal será sempre muito forte. Ali estão minhas raízes, meus amigos, minha família, minha história. O Vidigal sempre será minha casa, minha conexão comigo mesma.

Hoje em dia se tem acesso a informação de várias formas. Mas parece que estamos regredindo em alguns aspectos como respeito ao próximo e vários tipos de preconceito. Como você avalia isso? Somos um povo que não conhece a própria história, não sabemos de onde viemos e para onde vamos. A única coisa que não tiram da gente é o conhecimento e, exatamente por isto que os nossos governantes não dão boas escolas. Se começarmos a educar, cada um vai ter noção dos seus direitos e uma situação como esta nunca aconteceria.

Já sentiu preconceito na pele? E como reagiu? Qual a melhor arma contra isso? Eu já sofri preconceito. A gente sofre todos os dias, né? Dependendo do lugar que você está no dia, isso é muito corriqueiro. Eu sempre corro atrás dos meus direitos, eu sempre vou batalhar por isso, levantar essa bandeira por que só sabe as dores do preconceito racial, quem vive, quem passa por elas. Eu estou nessa luta desde os meus antepassados, então é uma luta muito longa e eu não quero mais que seja. E sempre que alguém me agredir, eu vou sim, atrás dos meus direitos, vou à delegacia sim. Eu não aguento mais isso, é inadmissível, já estou cansada!

Você acha que ainda faltam papéis para negros na TV ou isso virou um discurso antigo? Sim, faltam papéis, mas minha luta vem mudando! Hoje em dia, eu quero protagonismo negro, quero protagonista em tudo. No documentário do ‘Cidade de Deus – 10 Anos Depois’, eu falei que não quero fazer uma personagem de advogada negra, eu não quero fazer a médica negra. Eu quero fazer a médica porque eu sou atriz, o meu DRT é igual ao das outras atrizes, não tem cor diferente, nada diferente. Temos que ter o negro, sim, na televisão, negros nas séries, a gente precisa ser representado. Acho que a gente pode melhorar muito isso, a gente precisa que seja uma seleção natural e não uma obrigação.

Como a música surgiu na sua vida? O quanto se sente realizada com ela? Comecei no “Fina Flor”, que depois o nome mudou para “Linda Flor”, o grupo acabou se desfazendo e fui pro “Melanina Carioca”, onde fizemos muitos show juntos pelo Brasil. A música muda a vida de qualquer pessoa e me trouxe muitas alegrias, sou muito grata por essa dádiva na minha vida, sentia um verdadeiro tesão nos palcos!

Você se sente mais realizada como artista, mulher ou cidadã? O que ainda falta nesses 3 aspectos? Não consigo separar uma “Roberta” para cada um desses aspectos, acredito que um complementa o outro e em todos eles, ainda tenho muito o que evoluir e conquistar. Já tive grandes realizações na minha vida. Estou sempre em mudança e buscando conhecimento para me sentir mais apta em tudo que faço e vivo.

Atualmente você está no ar com a ciumenta e insegura Doralice em “Segundo Sol”. Como está sendo fazer essa personagem? Algo em comum com ela? A Doralice é muito ligada à família, ela tem um amor e um zelo muito grande pelos seus familiares e acredito que esse seja um ponto que nós duas temos em comum. Poder viver a Doralice foi um presente, tenho ela como algo muito importante na minha carreira, fora que ainda me divirto muito com os comentários que recebo nas ruas (risos).

Você se considera ciumenta? Não me considero ciumenta. Costumo dizer, que tenho dias específicos de ciúmes! Nesses dias, sai de baixo! Mas, depois passa!

Para você qual a maior cilada em um relacionamento? E o que é fundamental? Para mim, a maior cilada é com certeza a falta de confiança e o fundamental é a confiança (risos). Não confiar no seu parceiro, pode acarretar vários outros problemas, e aí o que era pra ser saudável e leve, acaba se tornando um fardo.

Aos 36 (completados hoje) anos você parece mais bonita com o tempo. Como se cuida? É muito vaidosa? Tenho cuidados naturais diários, nada demais. Me considero vaidosa sim, tenho um apego enorme com o meu cabelo, gosto de estar sempre mudando, sinto como se meu cabelo fosse um retrato da minha identidade.

O que um homem precisa ter e ser para atrair sua atenção? Precisa ter caráter, sem dúvidas. Prezo muito pelo caráter de qualquer pessoa que entre na minha vida, fora outros adjetivos que me conquistam mega fácil, como um bom senso de humor. Quem não gosta de pessoas alto astral, né? (risos).

E para relaxar o que faz sua cabeça? Ficar com minha filha, com meu marido. Todo momento de lazer e relaxamento busco ficar ao lado deles. Neles encontro minha paz.

Para conquistar Roberta basta… Honestidade, leveza e bom humor!