ENTREVISTA: Luis Crispino marca a fotografia com estilo e sofisticação

Luis Crispino é um daqueles caras que se tem como referencial na fotografia de bom gosto, estilo e sofisticação. Seja um retrato de nu, um editorial de moda ou uma campanha publicitária, sempre o resultado é uma sofisticação que vem da simplicidade. Simplicidade em olhar, perceber e sentir a fotografia. O que resulta, claro, em grandes e marcantes imagens. Com a simplicidade de sempre, tive mais uma vez o prazer de conversar com esse grande fotógrafo e pessoa elogiada por todos que trabalham com ele. O resultado desse papo vocês conferem aqui nessa entrevista. Um pouco mais do grande fotógrafo Luis Crispino…

Começando pelo começo… Como foi seu início de carreira? Desde sempre pensou em ser fotógrafo? Comecei da maneira que eu considero a mais adequada, até hoje: como assistente de um fotografo que eu admirava – e admiro até hoje – muito, o Miro. Antes disso, havia freqüentado alguns cursos técnicos, mas a formação mesmo foi trabalhando e aprendendo que a teoria, na prática, é outra…

O que torna um fotógrafo bom de verdade? Parece óbvio, mas não é: gostar de fotografia. E boas doses dedicação, persistência e mais um tanto de teimosia.

A moda é a porta de entrada para a grande maioria dos fotógrafos?Não necessariamente. Basta lembrar de nomes como Mário Cravo Neto, Cristiano Mascaro, Claudio Edinger, Andreas Heininger, Tucá Reines, aqui no Brasil, ou, pelo mundo, Annie Leibovitz, Philiph Lorca diCorsia, Cindy Sherman (que não gosta de ser rotulada como “fotógrafa”…), Sally Mann, Jock Sturges, Miroslav Tichý… A lista é enorme.

Qual a importância que o Miro teve na sua carreira profissional? É realmente difícil medir a influencia de um fotografo excepcional com o Miro na carreira de alguém. Para mim, foi “o” mestre e segue sendo minha maior referencia no que toca qualidade e entrega profissional. Ele é simplesmente “hors concours”.

Você acha que concursos, como o “Menina Fantástica”, do qual você foi jurado, são um bom caminho para descobrir novos talentos pra moda?Eventualmente. De tempos em tempos eles revelam alguns grandes talentos. Gisele Bündchen, a sensacional Gisele, a über model, por exemplo, foi revelada no “The Look of The Year” da Elite Models, embora não tenha sido a primeira colocada…

A fotografia é também um hobby para você? Não é um hobby, é muito mais uma maneira de falar, escrever. Faço por gosto, não existe distinção entre o que é “trabalho” e o que é “prazer”. Admito, é um privilégio que poucas pessoas podem usufruir…

Quem rende mais prazer e quem rende mais dinheiro entre a fotografia de moda e a publicidade? Dinheiro, em termos absolutos, vem quase sempre da publicidade. Agora, dizer que o prazer está sempre do outro “lado”, na fotografia de moda, é um raciocínio um tanto quanto simplista, maniqueísta.

O que um jovem aspirante à fotógrafo não deve fazer? Pensar em lucro imediato. Acredite, a  recompensa é sempre proporcional à qualidade.

 

No seu dia-a-dia você é ligado em moda, de tanto que lida com isso de forma profissional? Escolhe a própria roupa? Não. Gosto do básico, do prático e duradouro. Escolho assim. Sou meio maníaco e não gosto de muitas cores e detesto logos e etiquetas visíveis.

Você faz algum tipo de interferência na produção de uma foto? Na maioria das vezes. Mas sempre partindo do principio de que estou bem assessorado por profissionais da maior competência. No caso de editoriais, principalmente, acredito que as editoras sabem o que querem e o que precisam. O que não impede que eu eventualmente venha a opinar sobre determinado acessório ou detalhe da maquiagem, do cabelo…

Fora moda, que estilo mais te desperta interesse na fotografia? Adoro retratos. Adoro fotografar gente. Nua. Vestida. De corpo inteiro. Close. Velha. Nova. Gente, tanto faz.

Mesmo trabalhando, fotógrafo e modelo continuam sendo homem e mulher. Já rolou algum clima “estranho” durante um ensaio ao longo desses anos de carreira? Sinceramente, esta é a ultima preocupação que me ocorre durante um trabalho. A idéia não é seduzir ninguém, no sentido literal, durante as fotos. Fazer uma boa foto demanda muita concentração. Não sobra espaço para isso. É claro que existe um movimento de “conquistar” quem está sendo fotografada, mas que é muito mais complexo do que a simples sedução, é mais uma “troca” que começa e termina ali, durante as fotos.

 

 

Qual sua forma para deixar uma mulher à vontade para posar nua?Continuando, tem que acontecer uma certa forma de conquista… a minha abordagem é sempre a de garantir a cumplicidade com a modelo. É fundamental que ela tenha a certeza absoluta de que eu estou fazendo tudo para que ela fique o mais deslumbrante possível, alem até das suas próprias expectativas.

Ao longo desses anos de carreira, o nu pra você ficou banal? O que mudou ao seu modo de ver ao longo desses anos de profissão? O nu nunca será “banal”. Erotizações a parte, pode ser visto como a forma mais visceral de retrato.

Na fotografia o que pode acabar com uma foto: uma luz mal estudada, um ângulo mal escolhido ou uma idéia mal concebida?Tudo junto… e separado.

Vivendo também como fotógrafo de celebridades e belas mulheres, a fidelidade é algo difícil de se manter? Como você se protege da infidelidade? Não encontro nenhuma dificuldade em ser casado e ser fotógrafo… uma condição excepcional contribui para isso: Tenho uma mulher sensacional em todos os sentidos, que compreende perfeitamente a minha dinâmica profissional e que consegue ser uma das principais influências e grande incentivadora do meu trabalho.

Sobre seus desejos na fotografia… Que mulher você gostaria de fotografar nua? Que celebridade e que lugar você ainda não fotografou?Não seria muito gentil nomear alguém, certo? São tantas as mulheres que eu adoraria ter a oportunidade de fotografar… São tantos os retratos que eu gostaria de fazer… e o mundo tem tantos lugares fascinantes para se conhecer. Aqui cabe bem aquele famoso lugar comum: “a minha melhor foto será a próxima”