MÚSICA: Ayrton Montarroyos, o menino prodígio que conquistou o Brasil resgatando pérolas da MPB, virou referência da música nacional

Foi com a voz suave, afinação calculada e repertório seleto que o pernambucano Ayrton Montarroyos, de 20 anos, conquistou o público brasileiro através do The Voice Brasil. O que pouco se sabe – ainda – é que esse novo talento da MPB possui um potencial vocal único, multifacetado, que permite ir além das apresentações televisivas e entoar pérolas em diversos gêneros, com arranjos inusitados, imprimindo em seu trabalho a unicidade da sua personalidade e estilo.

“Quando fui selecionado para participar das audições às cegas do The Voice Brasil, identifiquei que, de fato, o programa estava precisando de uma música mais silenciosa, que chegasse para acalmar. Esse seria meu diferencial, uma vez que eu estava competindo com gente muito boa e de potência vocal bem elevada”, conta Montarroyos que chegou a final da competição caindo na graça principalmente do voto popular. Com tudo isso, a rotina do jovem cantor mudou radicalmente. “É verdade que o programa foi um divisor de águas na minha vida. Fui obrigado a trabalhar e aprender a fazer tudo ao mesmo tempo agora. Era produção, escolha de repertório, figurino, tratamento com fãs e muito ensaio. Vi-me numa roda viva de um dia para o outro, mas tudo é muito bom e, principalmente, gratificante”, comemora. 

A paixão pela música começou desde criança, quando demonstrava admiração e encantamento por vozes como a de Dalva de Oliveira e Orlando Silva, por exemplo. “Na minha casa, sempre convivemos com a arte na nossa rotina. A música tornou-se para mim a vida e o mundo que eu queria habitar. Em toda minha infância sempre foi muito presente e recordo de, ainda pequenino, viajar através das vozes de uma época que não era a minha. Posso ver ainda a cena da minha tia pedindo pra tirar o disco de Dalva de Oliveira, pois ele já tinha tocado incansavelmente, e eu, colocava Dalva novamente. Isso se repetia inúmeras vezes, só depois que entendi que ela ficava brava porque era a mesma cantora de sempre e não a que ela pedia. Mas, eu simplesmente não sabia ler os nomes das capas dos discos e ia pelo meu gosto. Assim fui conhecendo toda riqueza das canções, desprovido de qualquer conhecimento técnico, compreendi as melodias na sua mais pura essência”, relembra.
Autodidata, Ayrton é um incansável pesquisador musical. Para ele, é preciso ir além do que se ouve e é necessário um mergulho sublime nos sentimentos. “Antes de interpretar uma música, eu paro, ouço, converso com ela e deixo ela me invadir e assim entendo o que, de fato, ela quer me dizer. A partir daí faço a minha leitura, que pode ser mais convencional ou imprimo um novo conceito de arranjo e de interpretação como o de transformar um pagode em tango ou de dar uma versão mais dramática a uma balada romântica”, conta. 

Apesar de toda juventude, Montarroyos já acumula um belo currículos de shows tendo como destaque, dentre alguns, apresentações no desfile do Galo da Madrugada, na abertura e encerramento do carnaval do Recife além de espetáculos por todo o Brasil. Participou também de algumas coletâneas como “Herivelton Martins – 100 anos”, que concorreu Grammy Latino em 2013, junto a importantes nomes da cena como Ylana Queiroga, Fagner, Emílio Santiago e Cauby Peixoto.  Quanto ao próximo passo a ser dado na sua carreira, ele anuncia “será o início de um novo iniciado com o lançamento do meu CD solo, que eu já estou trabalhando fervorosamente na realização desse sonho”, finaliza.