ROTEIRO: Bonito, de se ver e se viver‏

Bonito é uma pequena cidade situada há 299 km de Campo Grande, na serra da Bodoquena, sul do Pantanal. A cidade está em meio a um dos vales desse planalto, com inúmeras formações rochosas, com predominância do calcário. No subsolo do município há rochas que acumulam água, proveniente da chuva formando o lençol freático. Esta água atravessa rupturas de algumas partes de rochas calcárias, recolhendo seus minerais por isso as nascentes de Bonito saem ricas em bicarbonato de cálcio e magnésio e isso dá a característica principal que é a cor azulada.

Em Bonito os rios possuem características peculiares: são rios transparentes. Essa transparência impressiona os visitantes que atribuem isso a conservação ambiental proveniente da pouca ocupação humana, mas o motivo real para os rios locais terem águas cristalinas está na geologia: na região há muitas rochas, principalmente o calcário, cuja procedência vem do fundo do mar. Os principais rios são: Formoso, Prata, Perdido, Mimoso, Peixe, Ahumas, Olaria e Miranda.
A cidade possui inúmeros atrativos, principalmente para quem gosta do ecoturismo.
Tem mergulho, rapel, flutuação, cavalgadas, trilhas à pé e em quadriciclos.
E para quem curte umas comprinhas tem o centro comercial recheado de lojinhas de artesanatos e outras quinquilarias bem transadinhas. Uma delícia para passear principalmente a noite antes de sentarmos em uma das opções de bares e restaurantes para degustarmos a culinária local.
Uma dica é o Taboa, que oferece uma cachaça de fabricação própria, pratos típicos como isca de jacaré e caldo de piranha; além de uma boa musica ao vivo. A cidade tem ampla estrutura para o turismo ecológico sustentável, como hotéis, pousadas e um excelente hostel, além de várias opções de restaurantes e bares que você pode desfrutar tranquilamente durante a noite ou dia. Mesmo ficando pouco tempo em Bonito, o lugar conseguiu contaminar-me pelo clima de descontração e alegria, recheado de visitantes do mundo inteiro.
A atração que mais me chamou atenção foi o Abismo Anhumas, para realizá-lo é preciso descer 72 m de rapel através de uma fenda na rocha que nos leva a uma caverna com uma plataforma de madeira sobre um lago de uma cor azul indescritível. A impressão que tive descendo o abismo era que eu estava vivendo em um dos meus sonhos loucos e sem nexos onde os olhos saciavam os sentidos pelo surrealismo, a água é de uma transparência chocante e abaixo de nós formações geológicas calcárias que levaram mais de 300 milhões de anos para chegarem àquele tamanho – com cerca de 19m de altura, são os maiores até hoje descobertos no mundo (segundo o site www.bonitoweb.com.br), chamadas de floresta de coníferas.
Como eu não tenho carteira de mergulhadora e nem gosto de mergulho de cilindro, fiz a flutuação pelo lago literalmente mergulhada no silêncio e inebriada pela cidade subterrânea de formação calcária. Fiquei extremamente satisfeita com o passeio de bote e a flutuação. Estava estarrecida achando que meus sentidos só podiam estar mentindo, que um lugar como aquele não podia ser real, mas existe e fica há 23 km de Bonito – MS e honestamente é o segundo lugar mais deslumbrante que já conheci. A subida é bem dura, afinal descer todo santo ajuda, mas como ficamos por ultimo na ascensão um dos guias foi junto, o Márcio. Muito espirituoso ele dizia que eu parecia uma minhoca subindo e que a cada movimento da minha dupla tinha que ser seguido por dois movimentos meus, só porque eu era a metade do tamanho do meu companheiro de rapel, absurdo isso! (risos)Mas a brincadeira tornou a subida menos penosa e eu perdia o fôlego de dar risada nessas pausas enquanto ele começava a contar as inúmeras histórias de cada formação rochosa. Lá existe até uma coruja albina, mas ela não deu o ar da graça, uma pena. O Abismo Anhumas é surreal e é um dos destinos brasileiros que realmente vale a pena conhecer. Embora eu tenha ficado abismada, Bonito não se resume ao Abismo. Tem ainda a cachoeira da Boca da Onça onde é possível a prática de rapel, mas essa eu vou ter que voltar para conferir.

Existe a visitação ao Buraco das Araras onde ficam os ninhos das araras vermelhas. Assistir uma revoada delas é privilégio para pouco, o guia local ficou arrepiado com o espetáculo que elas nos proporcionaram neste dia pois segundo eles as araras são monogâmicas e voam quase sempre em pares, no máximo em grupo de oito, só que naquele momento a revoada tinha umas 30. Nos rios é possível fazer flutuação, mas não é permitido tocar o chão para que não levante sedimentos, por isso eles treinam um pouco antes de começar para certificar-se de não haver problemas com o equipamento e orientar corretamente com os turistas.
foto: marcelo krause

Vivenciar um aquário natural é uma experiência deliciosa então nada mais justo que seja mantida essa beleza para as próximas gerações. Os locais onde ficam as atrações turísticas oferecem estrutura com uma área coberta e aberta com redes, restaurantes de comidas típicas, onde a refeição está inclusa no pacote e lojinha onde é possível comprar vídeos e livros sobre a história do lugar. No centro e no hostel eles alugam bicicletas, para quem gosta e tem fôlego a pedalada é uma boa opção. Para fechar com chave de ouro vivencie o pôr do sol da Fazenda do Rio da Prata para chegar à conclusão que Bonito é simplesmente LINDO!  Agora é só ir lá conferir!

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