MULHER EM FOCO: CLAUDIA DI MOURA

Depois de ter brilhado na pele de Zefa, mãe de Roberval (Fabrício Boliveira), na novela “Segundo Sol”, e de ter sido indicada ao “Prêmio Melhores do Ano” como Atriz Revelação pelo programa Domingão do Faustão, Claudia Di Moura volta à TV na atual temporada de “Sob Pressão” como Dona Maria, personagem que, segundo Lucas Paraizo, autor da série, pode ser considerada a “Avó do Brasil”. Claudia, que estreou a série na TV Globo e agora está no ar na Globoplay, protagoniza a história da avó de um menino gravemente ferido por arma de fogo após tentar protegê-la. Para maio de 2022, a atriz se prepara para estrear em “Cara e Coragem”, nova novela das 19h (TV Globo) como Marta, poderosa dona de um siderúrgica e mãe dos personagens de Taís Araújo e Ícaro Silva. No cinema, a atriz estará em duas novas produções: “Terapia da Vingança”, dirigido por Marcos Bernstein, com estreia prevista para 2021, e em “Arcanos”, nome provisório do longa que atualmente está sendo gravado no Maranhão, Claudia dará vida a Nazaré, antagonista e irmã de Fátima, vivida pela protagonista Lilia Cabral.

Claudia, você tem sido elogiadíssima pela crítica desde sua estreia na TV como Zefa em “Segundo Sol”. Agora, em “Sob Pressão”, sua atuação como Dona Maria emocionou o Brasil. Você acha que isso também se deve ao fato de serem personagens reais, mulheres de luta e que criam uma identificação com o público? Sem dúvidas o trabalho de uma atriz não subsiste sem um bom texto e uma boa direção. A construção das duas personagens, que realmente são muito humanas, é um mérito coletivo, e eu me sinto honrada de ter recebido papéis tão interessantes e podido trabalhar para torná-las ainda mais reais e emocionantes.

Vimos que o Júlio Andrade, além de seu parceiro de elenco, também te dirigiu em algumas cenas de “Sob Pressão”. E ele te elogiou muito! Como foi essa troca com o elenco e, principalmente, ter sido dirigida por ele? Júlio Andrade é um homem de grande talento e sensibilidade, um parceiro formidável que eu ganhei nessa experiência. Para ele também dedico todos os elogios e muito afeto.

Em maio de 2022 você vai estrear em “Cara e Coragem” como Marta, dona de uma Siderúrgica e mãe dos personagens da Taís Araújo e do Ícaro Silva. Diferente da Zefa e da Dona Maria, personagens que estariam na base da “pirâmide” social, a Marta estará no topo como uma poderosa empresária. Infelizmente, o racismo estrutural está até nos roteiros das histórias que sempre foram contadas. Como uma atriz negra, você considera isso um avanço na equidade racial? Há que se reconhecer que sim, é um avanço necessário, mas ainda tímido. A representatividade da qual sempre falamos não é meramente quantitativa. Queremos mais personagens como essa, que ilustra como nós, mulheres negras, podemos e devemos ocupar todos os espaços que quisermos na sociedade. Mas isso não deve se limitar ao que se vê nas telas. Queremos representatividade também entre roteiristas, diretoras, criadoras e gestoras dos canais de comunicação, para que a equidade se cumpra também entre os papéis que interpretamos e as histórias que temos para contar.

No cinema, depois de ter atuado em mais de vinte filmes, você estará em duas novas produções: “Terapia da Vingança”, dirigido por Marcos Bernstein, e em “Arcanos”, onde dará vida a Nazaré, cantora e irmã de Fátima, vivida pela protagonista Lilia Cabral. O que podemos esperar de Arcanos? É um drama? “Arcanos” é uma comédia de costumes atravessada de drama familiar, por isso, o que se pode esperar desse filme são momentos leves alternados com as emoções controversas trazidas pelo reencontro dessas irmãs que têm muitos conflitos e afetos a serem postos sobre a mesa, como as cartas do tarô.

Ainda sobre “Arcanos”, vimos que você gravou no Maranhão e teve a honra de cantar ao lado da Alcione. Como foi gravar nos Lençóis Maranhenses e, ao mesmo tempo, poder dividir o palco com a maravilhosa Marrom? Foram duas experiências de uma beleza incomparável. De um lado, o esplendor das paisagens maranhenses, uma personagem por si só; do outro, o poder irrefreável do talento de Alcione, uma mulher preta e nordestina pela qual tenho imensa admiração.

Você também é conhecida pelo seu bom gosto em tudo que usa e veste. Soubemos que você é a responsável pela criação da maioria dos seus looks e que tem uma confecção própria em Salvador. Podemos dizer que a Claudia é atriz, empresária e estilista? Dentro disso, como você se definiria? Eu sou uma comunicadora através da arte. Todas as linguagens artísticas às quais eu tive acesso, mesmo como autodidata, são importantes para que eu possa expressar meus pensamentos e dividi-los com o público, desde as personagens que interpreto até as roupas que uso no meu dia-a-dia. Pra mim o mais importante é ser genuína na maneira como me mostro ao mundo.

E o teatro? Foi onde tudo começou? Como uma atriz premiada, você pretende se dedicar mais ao teatro futuramente? Tem algum novo projeto em vista? O teatro é minha terra natal e sempre estarei de volta a ele, desde que sejam projetos instigantes, inteligentes, inovadores e que ecoem o que o meu coração tem para falar.

Como você se definiria em uma frase? Impossível conter em uma frase aquilo que está em constante movimento. Eu sou movimento.