ENTREVISTA: Rafael Sobis, o craque do Fluminense agita o Brasileirão

Na terra do futebol que vive nos revelando grandes craques dos campos, o Brasil terminou virando celeiro para exportação de grandes talentos. A torcida vibra e esses jovens atletas se tornam reis em estádios lotados de súditos. É o que acontece com o atacante Rafael Sobis, que apareceu no internacional de Porto Alegre em 2004. Mas em 2005 despontou de vez, sendo campeão gaúcho, eleito atleta revelação do brasileiro e integrante da seleção do campeonato. Depois seguindo sua trajetória de sucesso, foi vendido para o Betis da Espanha passando duas temporadas por lá. Em 2008 foi para os Emirados Árabes, jogando no Al- Jazira e voltando em 2010 pro Inter e em 2011 no Fluminense. Entre idas e vindas, o jovem Sobis procura curtir a vida da melhor forma, ao lado da família e amigos. E viver alegre e de alto astral. Afinal, quem não quer?! Conheça um pouco mais desse craque que está domando a bola nas partidas do Fluminense e chamando atenção no Brasileirão 2011.

Você despontou no internacional, já conquistando títulos e se destacando no Campeonato Brasileiro em 2005, foi tudo muito rápido?As coisas foram acontecendo ao natural comigo e bem cedo. Tanto no futebol quanto na minha vida particular. Saí do interior do Rio Grande do Sul, cheguei a jogar na base do Corinthians e depois construí uma história no Inter. Com 26 anos já tenho dois filhos. Foi tudo bem rápido, mas aconteceram no tempo certo, eu acho. 

Sua ida para o futebol espanhol aconteceu logo em seguida, como você avalia essa passagem pelo Bétis? Acho que foi uma grande experiência. Tive grandes momentos jogando pelo Betis e uma hora mudou o treinador que me utilizava em uma função diferente ou não me escalava. Mas foi uma passagem muito proveitosa para mim, onde aprendi bastante taticamente.

E a experiência de atuar e morar nos Emirados? Sentiu dificuldades com as diferenças culturais? Emirados Árabes é um lugar muito bom. Por incrível que pareça não tive grandes dificuldades. Lógico que no começo não é tudo tão simples, mas me adaptei muito bem. Morava em Abu Dhabi, mas ficava bem perto de Dubai. Podia aproveitar bastante o dia, pois nossos treinos eram normalmente no final da tarde ou à noite, por causa da temperatura alta.

Alguns atletas criam uma afinidade com certos treinadores, sua ligação com o Abel Braga ultrapassa o campo profissional depois de tanto tempo trabalhando juntos? O Abel é um cara que me ajudou demais a crescer no futebol e como pessoa. Desde que trabalhamos no Inter foi alguém que sempre tentou ensinar, conversava bastante, me dava conselhos e é quase um pai para mim. Aí me levou para os Emirados e agora pediu a contratação no Fluminense, apostando no meu potencial. Isso me deixa contente e só tenho que agradecer e tentar retribuir em campo.

Apesar de ser novo você já tem muita experiência, voltar pra seleção brasileira, disputar uma Copa do Mundo seria um dos motivos de sua volta ao Brasil? O Brasil tem muitos jogadores de qualidade. Lógico que Seleção é o sonho de qualquer um. Já joguei com essa camisa e sei como é. Disputei Jogos Olímpicos e todo atleta pensa em estar em grandes competições. Comigo não é diferente. Mas sei que preciso fazer meu trabalho bem feito no Fluminense, que as coisas acontecem naturalmente. 

Falando em volta, você voltou para o Inter, mas é no Fluminense que tem feito um excelente campeonato, o Rio de Janeiro lhe tem feito bem? Não acho que só o Rio tenha feito bem, porque gosto muito de Porto Alegre, tenho muitos amigos lá. Foi mais uma questão de recuperar bem de algumas lesões, ter tempo e contar com uma sequência. Aconteceu aqui no Fluminense e as coisas estão dando certo. Nessa última passagem no Inter acho que tive bons momentos, tanto que fiz um dos gols na final da Libertadores. Mas hoje estou muito bem aqui no Rio, no meu novo clube.

Após o término de seu contrato em 2012 (agosto), você volta pro Al-Jazira ou aguarda um acerto com o Fluminense que já se mostra interessado com sua permanência? Isso os clubes precisam negociar. Em reta final de campeonato nem penso muito nisso, mas tenho vontade de ficar. Acho que tudo vai acontecer ao natural, no seu tempo certo. Tomara que as coisas ocorram da melhor maneira.

A vida de atleta é relativamente curta, já tem planos ou alguma idéia do que fazer no futuro? Não fico pensando muito na hora de parar. Sei que vou querer aproveitar bastante a minha família, estar ao lado dos meus filhos, isso pode ter certeza. Mas vamos ver o que acontece, tem muito tempo ainda, sou novo.

Por falar nisso, atualmente vários ex-atletas tem se lançado na política, você teria interesse em atuar nesse campo? Acho que não faz meu perfil. Acho legal aqueles que aproveitam a imagem que um atleta tem para tentar ajudar nosso país a melhorar, mas não me vejo fazendo algo nessa área. 

Mesmo morando fora por tanto tempo, você acompanhou a situação política/econômica do Brasil? Penso que podemos melhorar em tudo. Aqui ainda tem muita desigualdade, muitas pessoas que ganham pouco e outras que ganham muito, então acontece isso. Somos um país que temos gente competente para trabalhar, para evoluir, para ter idéias e precisamos saber usar. Não gosto muito de falar de políticos, porque não é da minha área, mas sempre podem melhorar algo.

As mulheres espanholas são mais bonitas, atiradas, etc…, que as brasileiras? Como é o assédio das fãs? Existe muita diferença entre as brasileiras com as espanholas nesse aspecto? Mulher brasileira é muito bonita, especialmente a minha! Não tem como dizer o jeito que são as de cada país, bem difícil mesmo. Acho que vai mais do perfil de cada uma. Sobre assédio eu sou um cara bem tranquilo, minha esposa entende bem que sou uma pessoa pública. Também não deixo passar limite nenhum, então tudo fica bem.

No Brasil o atleta fica concentrado antes das partidas, lá fora também tem esse regime de concentração? Lá é um pouco diferente. Muitas vezes a gente se apresentava para almoçar, descansava à tarde e jogava à noite. Quando precisava viajar para outra cidade aí é diferente, ou em grandes jogos. Tudo depende da situação, mas o clube confia muito no profissionalismo dos seus jogadores e quem não se cuida acaba perdendo espaço ao natural.

Como passa o tempo nos momentos de lazer? Gosto muito de música, de estar com os amigos e claro, com a minha família. Sou um cara bem caseiro e família mesmo. Então aproveito bastante com quem está do meu lado, que sempre me dá apoio.

Tendo morado em Sevilha, qual sua opinião em relação as touradas tão tradicionais? Vi algumas vezes umas touradas. É um grande espetáculo, mas tem o risco e o fato do tratamento com o próprio touro, que muitas vezes é triste de se ver. Mas é uma questão de cultura, tradicional do lugar. Temos nossos costumes também, cabe a gente tentar entender e respeitar.

Você tem várias tatuagens e se liga na aparência. Como você liga para a vaidade? Como você se cuidar? Eu gosto de tatuagens e tenho várias no corpo. Não fico me preocupando o tempo todo com aparência, apenas tento usar roupas que acho legais, que eu me sinta bem. Acho que isso é o principal, a pessoa estar bem da maneira que é. Penso que sou assim.

O que espera do futuro? Ah, tanta coisa. Tomara que no futebol consiga sempre estar em grandes equipes, que lutem por título e eu possa colaborar de alguma forma. Fora de campo espero que consiga dar uma boa educação para os meus filhos, que aproveitem a oportunidade de ter uma condição boa e com isso tenham sucesso no caminho que seguirem. Espero conseguir sempre ser alegre, ter astral bom, que é assim que tento ser na minha vida.

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