A carreira de Regiane Alves é recheada de grandes personagens que muitas vezes nos fazem refletir. Uma prova bem atual disso é sua mais recente personagem Clara, na recém-terminada novela Vai Na Fé. E outra está de volta à TV 20 anos depois de sua estreia, que é a polêmica Dóris de Mulheres Apaixonadas. E no meio delas temos a nossa talentosa Regiane que sempre traz um “Q” especial seja que papel for. Nenhuma personagem passa despercebida na mão de Regiane. Assim como nenhuma de suas capas aqui na MENSCH.
Regiane, de repente duas personagens polêmicas no ar! A Dóris de Mulheres Apaixonadas e a Clara de Vai na Fé. Como foi curtir este momento? Duas personagens muito marcantes e que eu tenho certeza, que cada uma ajudou e ajuda muitas pessoas. Dóris alertou sobre os maus tratos com os idosos. A história da novela virou assunto no Congresso Nacional, acelerando a aprovação do Estatuto da Pessoa Idosa, criado para assegurar os direitos da terceira idade no país. E a Clara, acredito que tenha encorajado várias mulheres a dar a volta por cima e seguir com seus sonhos e desejos com liberdade.
Entre as duas personagens, 20 anos de diferença. O que as faz tão atuais? Os problemas infelizmente continuam, mas acredito que agora com mais suportes, para auxiliar e ajudar as pessoas. Temos mais recursos jurídicos também.
Na época de Dória você chegou a ser odiada pelo público. Como era isso fora da TV? Sim, a Dóris foi muito real e mexeu com as emoções das pessoas. Eu, em alguns lugares, tomava bronca e era chamada a atenção, pela maneira que eu tratava não só os avôs e sim, as pessoas. Dóris não tinha limites para a maldade.
Você acha que muito do burburinho em cima de Clara se deve por ser você nesse papel? Foi algo inédito na sua carreira? Ou ainda é um tipo de preconceito velado por parte do público? Não tem nada a ver comigo. Não é pessoal e sim, por ainda ser um problema social e de discriminação. Percebi também um público que quer ser visto como parte da sociedade, sem preconceitos e querem ser aceitas e como atriz defendendo esse papel, ofereço o meu melhor. Meu olhar continua o mesmo, a do respeito sempre.
Para você, como foi encarar essa personagem? Já se sentia preparada para interpretar uma personagem gay? No início fiquei um pouco preocupada por não ter essa experiência na minha carreira e nem na vida pessoal e conversando com a Priscila ela também não, o que nos aliviou e juntas fomos descobrindo como fazer essa relação acontecer. Estou e sempre estarei pronta para novos desafios. Um bom texto faz toda diferença para a realização de um bom desempenho.
A trajetória de Clara ainda conta com os abusos de violência psicológica por parte do ex-marido Theo. Como foi trazer esse tema para a personagem? A história de Clara, também é a história de muitas mulheres que sofrem relacionamentos abusivos em casa, e por incrível que pareça numa faixa da sociedade de classe média alta, ou seja, a violência acontece em todos os níveis sociais. Acredito que a Clara pode ter encorajado muitas mulheres a dar o primeiro passo para a libertação. Como experiência pessoal, posso dizer que quanto mais fiéis aos nossos desejos, saber do nosso valor e nos valorizar o tempo todo já é algo benéfico contra relacionamentos tóxicos. Todo personagem leva um pouco de nós e deixa algo em mim. Ser atriz é poder olhar a vida de outro ponto de vista.
Porque alguns temas como violência doméstica ou preconceito racial ou de gênero, por mais que sejam debatidos ainda são tão presente? Estamos mais intolerantes uns com os outros? Infelizmente, sim. Por isso, que precisamos sempre estar abordando esses temas na teledramaturgia, no audiovisual e nas mídias. Os agressores precisam entender que existem penas severas e que as vítimas estão bem aparadas atualmente. Mas, antes de tudo, é preciso que haja um processo de conscientização humana.
Ao longo da sua carreira, de mais de 20 anos, você já foi de mocinha a vilã. O que te instiga a aceitar uma personagem? O que faz ela ser atraente? Amo meu ofício, minha arte e, principalmente, de levar a verdade para o público. Estou e sempre estarei pronta para novos desafios. Nossa profissão é feita de altos e baixos, sucesso e fracasso e em muitos momentos, exige desconstruções e desafios. Que o próximo seja melhor do que tenho hoje.
Você começou na carreira de atriz muito jovem (19 anos?)… O que a Regiane de hoje diria para essa jovem atriz estreante? Diria que aconteceu o amadurecimento na profissão. Cada Regiane, com sua personagem na sua época, com seus anseios, suas expectativas, suas experiências, mas, sem dúvida, dando o melhor de si.
Trabalhar por obra te dá mais liberdade ou um friozinho na barriga? Como enxerga isso? Hoje em dia, temos uma imensidão de possibilidades de trabalho, de veículos para estarmos mostrando nossa arte. Acredito que, nós atores, podemos estar em todos os lugares, na TV aberta, fechada, streaming, cinema e teatro. Aonde tiver um bom papel e uma boa equipe, quero estar.
Planos futuros… após Vai Na Fé o que pretende? Tem uma peça para estrear no fim do ano em São Paulo, por enquanto. Um texto espanhol que fala sobre relações entre irmãos.
Fotos Priscila Nicheli
Beleza Tittto Vidal
Stylist Samantha Szczerb
Assessoria de imprensa Julyana Caldas
Redes sociais Laryssa Gomes
Agradecimentos Hotel Windsor Miramar
Regiane usou Index Denim, Gutê e TVZ