Linda, elegante e muito talentosa. Yasmin Martins Mendes começou sua carreira como modelo onde participou do badalado Elite Model Look e na sequência já deu seus primeiros passos no teatro até que John Casablanca a descobriu e a levou para desfilar pelas passarelas dos grandes centros de moda como Nova York e Milão. Mas como nada é por acaso, foi lá na Itália que o diretor Michael Bay a escolheu para participar de um filme que reacendeu sua carreira como atriz. Daí em diante Yasmin não parou mais! Mudou-se para Los Angeles, começou a trabalhar como produtora, e inclusive cobriu o tapete vermelho do Oscar durante a pandemia. Uma verdadeira cidadã do mundo, Yasmin atualmente vive na ponte aérea Rio de Janeiro, Nova York e Cannes.
Yasmin, você é multitalentosa…atriz, produtora, modelo, confeiteira, atleta, dança, canta. O que veio primeiro na sua trajetória? Como foi descobrindo esses talentos? Atriz e modelo, aconteceram simultaneamente. Hoje atuo também como CEO e Diretora Criativa da Costa Martins Filmes, e sou membro da Academia de Cinema Brasileiro e do Festival de Cannes. Participei do Elite Model Look e comecei o teatro no mesmo ano, um pouco depois John Casablanca me “descobriu”, fui pra São Paulo e comecei a fazer campanhas, desfiles, novelas… a carreira de modelo internacional teve mais força, me dediquei anos como modelo em Nova York e Milão, e em 2018, na Itália, o diretor Michael Bay me escolheu como atriz para um filme dele com a Netflix e me incentivou a reativar minha carreira de atriz. E desde então eu só tenho a agradecer por ter seguido o conselho dele. Já como produtora, foi a vontade de contar as histórias não contadas. A vida real no mundo fictício do cinema conquistou meu coração, então comecei a produzir filmes independentes. Na arte tudo se completa, os esportes, a dança, o canto… foi muito natural atender à curiosidade de todas essas formas de expressão.
Aos 16 anos você começou a modelar, foi o pontapé inicial para você descobrir que queria ir muito além do que só a imagem trabalhada como modelo? Cada dia trabalhando como modelo eu amava mais o que eu fazia, a fotografia e arte em geral. Eu encontrava inspiração em tudo que eu estava vivendo. Conhecia novas pessoas, culturas diferentes e eu sou muito empolgada e curiosa em saber sobre cada função dentro de um set, seja de fotografia ou cinema. Me sinto pintando um quadro toda vez que vou trabalhar e é realizador poder contar tantas histórias.
Como surgiram as artes cênicas na sua vida? Alguma inspiração ou influência? Eu comecei o teatro porque eu era muito tímida e diziam que ia me ajudar a conseguir falar melhor em público, perder um pouco da timidez. Me encontrei e nunca mais quis sair. É onde me sinto realizada, desafiada, um dos lugares que me sinto livre.
Da transição de modelo para atriz quais os nãos e os sims mais importantes? Algo que marcou e fez você recalcular a rota? Pra mim foi uma adição. Uma completa a outra. As duas são muitos parecidas quando se trata do fazer, é sobre ser a imagem e voz que corresponde o que estão procurando, seja para representar uma marca ou uma personagem. Para mim, estou no mesmo caminho de luz e amando cada momento.
Em 2019 (me corrija se estiver errado), você mudou-se para Los Angeles e foi convidada para interpretar a protagonista no aclamado curta-metragem ‘The Interpretation of Dreams’ (2020), do diretor norte-americano Ivan Francis Wilder. Esse trabalho digamos que tenha sido um divisor de águas na sua carreira (até aqui)? Um deles, com certeza. Na carreira artística você tem que estar sempre se reinventando para se manter nela. E esse curta foi a primeira certeza que eu tenho espaço para trabalhar nos Estados Unidos também como atriz. Eu estava gravando outros curtas e um projeto da Disney como atriz quando o Ivan me convidou. Tenho muito a agradecer ao Ivan por me convidar a fazer parte desse curta que ganhou tantos prêmios. Lembro de sair das gravações com uma imensa felicidade. É revigorante fazer cinema independente, foi minha primeira experiência e hoje sou a princesa do cinema independente, sempre incluo um projeto independente por ano na minha agenda. AMO!
O curta They R Here (THR), onde fez uma mulher com transtornos mentais, concorreu em festivais como Lift-off Global Network Sessions London, Lift-off film Festival e Kalakari Film Festival, na categoria melhor curta metragem. Sim!!! Fui convidada durante a pandemia para gravar esse curta à distância. Uma experiência que não se imagina viver na vida. O texto era inspirado em John Carpenter, criador do filme Halloween, em um plano sequencia quebrando a quarta parede. Foi a segunda vez que me convidavam para interpretar personagens com transtornos mentais, e eu tenho muito carinho e cuidado para trazer esses personagens à vida.
Seu trabalho como modelo fez você conhecer diversos países e culturas. O quanto isso te ajudou na carreira artística? O que mais te marcou dessa época? Isso fez toda a diferença na minha carreira e na minha vida. Eu só sei quem eu sou tendo vivido tantas culturas e realidades diferentes. Me tornou uma pessoa mais forte e com muito mais empatia por conhecer e viver essas diferentes realidades. O que mais me marcou foi fazer tudo isso sozinha. E mudar para Itália sem saber uma palavra em italiano, também. Com certeza, foi o mais engraçado, pelo menos pra mim que tive que aprender a falar italiano o mais rápido possível pra poder me comunicar, e tive muita sorte porque Deus colocou no meu caminho pessoas com muita paciência para me ensinar.
O longa Silêncio, no qual você atuou, trata de um tema muito recorrente hoje em dia, síndrome do pânico. Você já viveu algo parecido? Como foi passar por esse trabalho? Foi humanizador. Durante minha preparação estive em contato com pessoas que vivem a síndrome do pânico e profissionais da área para compreender melhor o que a Sara, minha personagem estava vivendo. É uma sensação de impotência, em seres humanos imensamente fortes. Acredito que todos nós nessa vida já passamos por alguma situação de ansiedade ou pânico mas a chegar à síndrome, é muito mais intenso. Desnorteador. Minha maior vontade era dar a voz para aqueles que vivem em silêncio essa batalha diária, e de alguma forma dizer que não estão sozinhos. Espero ter conseguido trazer alguma paz para quem eu representei durante aquelas poucas horas de filme.
Falando nisso, como você cuida da sua saúde mental? O que faz para relaxar? Sempre me dediquei aos esportes, eles são os grandes aliados da minha saúde mental. E hoje, me reencontrei na pintura. Quando eu era pequena meu pai me dava pedaços de madeira para eu pintar, e minha mãe sempre desenhava comigo, é reconfortante pegar um papel sem saber o que vai sair. Também pratico Yoga e durante um tempo frequentei a psicóloga. Cada momento é diferente.
Na época da pandemia você participou do tapete vermelho do Oscar de forma remota. Como foi a experiência? Depois disso chegou a participar do Oscar de outras formas? Criamos um ambiente para a vídeo conferencia. Muitos atores, jornalistas e profissionais da área envolvidos. Uma experiência única e divertida, todos de gala, em suas respectivas casas gerou uma sensação de intimidade. Ano passado tive conflito de agenda com outros projetos que fui convidada como atriz e modelo, acredito que ano que vem estarei de volta, se Deus quiser.
Você continua morando em Los Angeles? O que a cidade te trouxe de positivo e negativo ao longo desses anos morando fora? Eu costumo dizer que eu moro na ponte aérea, por conta da carreira sempre morei em todos os lugares quase ao mesmo tempo. Ficar distante da minha família sempre gerou muita saudade, mas ao mesmo tempo tive a oportunidade de tê-los comigo nas cidades em que morei. Rio de Janeiro, Nova York e Cannes têm sido as pontes aéreas mais frequentes recentemente.
Seu mais novo trabalho, “Noite de Natal’ estreou no início do mês em Londres no festival Lift-Off Global. Como foi participar desse projeto e o que podemos esperar dele? Um elenco protagonista todo feminino, uma temática forte sobre a mulher, diversidade e representatividade racial e de gênero. É genial fazer parte desse grupo de pessoas que acreditam na voz e no poder feminino.
E como produtora, o que te traz de novos desafios? Onde se sente estimulada? Com certeza fazer parte de produções da A24, O2 e Hello Sunshine, como atriz é um grande estimulante diário. Realizar o impossível e ser melhor do que eu fui ontem, é o meu motivador, seja na vida ou na carreira. Quando meu primeiro longa ‘SILENCIO’ estreou em Los Angeles e fiquei elegível ao Oscar como melhor atriz protagonista e melhor filme, estive em êxtase em casa segundo desse caminho. É como eu me sinto sempre.
Quais os projetos para este ano ainda? Sem quebrar o contrato de confidencialidade. O curta “Noite de Natal” estará no VerCine e outros festivais na corrida desse ano, premiações e menções honrosas que eu e o filme ‘SILENCIO’ que eu só posso revelar depois que os festivais anunciarem, minha presença no Rio 2C, que sou parceira há dois anos, minha estreia no Prêmio Grande Otelo, anúncio da data de estreia dos meus próximos filmes e posso deixar no ar, e Deus vai abençoar, umas novelas e seriados, sem dar muitos spoilers.
Para conquistar Yasmin basta… Ser presente e amar viver.
Fotos Fernando Veloso Leão
Produção de moda e styling Nathalia Coutinho
Beleza Márcio Barbosa
Produção Costa Martins Filmes
Co-produção Diego Esteve
Joias Isla
Estudio Roma