A primeira vez do jornalista Klester Cavalcanti na MENSCH foi sobre sua carreira de escritor e o sucesso do seu livro “Dias de Inferno na Síria”, lançado em 2012 e vencedor do Prêmio Jabuti, o mais importante da literatura brasileira. De volta às nossas páginas, Klester nos fala, agora, do início da sua carreira no cinema, com a estreia nacional do filme “O Nome da Morte”, baseado em seu livro homônimo que estreia em circuito nacional nessa quinta-feira 02/08..
Como se não bastasse, outros dois livros de Klester já estão a caminho de virarem filme: “A Dama da Liberdade”, que terá direção de ninguém menos que Bruno Barreto – que já teve indicação até ao Oscar – e “Dias de Inferno na Síria”, cujo projeto tem a direção de Caco Ciocler e o ator Mateus Solando no papel do próprio Klester.
O mais bacana não é só vender os direitos autorais dos livros, mas sim participar do processo. E é aí que reside o novo desafio de Klester. Esse recifense de 47 anos vai virar roteirista. Em “O Nome da Morte”, ele apenas deu uma consultoria ao processo de criação, liderado por seu conterrâneo pernambucano George Moura, que assina o roteiro. A gentileza de George proporcionou abertura para Klester dar sugestões e até escrever uma das cenas do filme. Já em “A Dama da Liberdade”, ser um dos roteiristas foi condição para a assinatura do contrato. E quanto a “Dias de Inferno na Síria”, Klester fará assinatura total do roteiro. Grandes responsabilidades para quem não tem medo do novo.
Trabalhar com gente do peso dos cineastas Bruno Barreto, Fernando Meirelles, Henrique Goldman – diretor de “O Nome da Morte” – e fechar contrato com uma gigante como a Paris Filmes não deslumbra esse recifense de bases e valores bem arraigados, mas claro que deixa o sorriso de um lado a outro. Orgulho de ver suas histórias ganhando cada vez mais espaço, de contar sobre gente ordinária e seus feitos extraordinários, explorar a humanidade de cada um de nós é o que move Klester desde os tempos do jornalismo e só vem ganhando mais força. E esse é para ele o motivo dos livros se tornarem filmes. “São grandes histórias, com grandes personagens”. Sorte a nossa.
Alguma preocupação nisso tudo? Klester tem a consciência de que ao se transformarem em filmes, suas histórias, que são 100% verdade (até por se tratar do gênero jornalismo literário), poderão sofrer algumas inserções de ficção pelo apelo narrativo-dramático do cinema, mas a essência de cada uma será preservada. Até mesmo em “Dias de inferno na Síria”, que narra sua própria experiência no meio da guerra naquele país – ele foi preso, torturado e ameaçado de morte pelo Exército Sírio -, Klester entende que por vezes o personagem, baseado nele, poderá ter algo que não seja propriamente dele, mas confessa: “É meio surreal a ideia de um ator me interpretar no cinema”.
A história por trás de todas essas novidades começa pelas entrevistas e palestras que Klester costuma fazer, encantando a todos que o ouvem e, posteriormente, leem seus livros. Foi assim com Wagner Moura, o primeiro a demonstrar interesse de levar “O Nome da Morte” para o cinema, desistindo pouco tempo depois por causa de “Tropa de Elite” (ele não queria emendar dois filmes sobre violência em pouco tempo). O interesse de Wagner não só despertou a veia cinéfila de Klester, como o fez buscar Henrique Goldman para caminhar junto com ele no projeto de adaptar o livro às telonas. Já os outros dois livros fizeram o caminho inverso: Klester foi procurado por diretores e produtores interessados em suas obras.
E de todos os aprendizados neste novo universo, o jornalista, escritor e agora roteirista pernambucano, radicado em São Paulo há quase 20 anos, ressalta o quanto os gigantes do cinema com quem tem cruzado são gentis – “O Meirelles, o Bruno e o Henrique são sempre muito generosos comigo” -, tanto quanto o talento, a força e o reconhecimento que eles têm. Gigantes que têm feito de Klester o contador de histórias queridinho do cinema atual.
Veja trailer de “O Nome da Morte”: