A corrida de rua teve um grande crescimento nos últimos anos, especialmente pelo aumento do número de atletas amadores. A Maratona de Boston e a Corrida de São Silvestre, por exemplo, hoje limitam suas inscrições a 25 mil e 20 mil participantes, respectivamente. Esses dados demonstram que as pessoas buscam cada vez mais fugir do sedentarismo ou até mesmo perder peso com a prática de alguma atividade física.
Com o aumento dos adeptos do esporte, houve significativo crescimento da confecção de acessórios voltados para esse segmento, como os tênis, por exemplo, que hoje são encontrados em infinitos modelos, modernos e arrojados. Mas de acordo com o ortopedista Ricardo do Carmo Bastos, do Hospital de Clínicas Padre Miguel, o consumidor, no entanto, deve se preocupar com a característica de sua pisada para evitar lesões inesperadas: “O corredor deve avaliar se sua pisada é pronada, neutra ou supinada. Isso pode ser feito com o uso de uma baropodometria, disponível em algumas clínicas e lojas de calçados. Depois de saber como é a pisada, deve procurar o calçado próprio para ela”, ressaltou Ricardo.
O baropodômetro é um equipamento desenvolvido para a análise dos pontos de pressão plantar exercido pelo corpo, tanto em posição estática quanto em movimento. O aparelho é uma plataforma sensível à pressão que possui sensores piezoelétricos (captam a pisada) de alta tecnologia, conectado a um computador com um software apropriado para visualizar imagens coloridas e dados estatísticos, com um alto valor diagnóstico. Mas também é possível fazer o teste em casa de forma simples, mas assertiva – borrife água na sola dos pés e depois pise em uma folha de papel sulfite, o desenho formado indicará o tipo de pisada.
TIPOS DE PÉS
Chato: Pé com arco baixo, tende a deixar quase todo seu formato em uma pegada. Com grande grau de pronação, apresenta maior risco de lesões.
Normal: Com arco normal, sua pegada mostra uma faixa larga unindo calcanhar e a parte frontal do pé. Pronação leve e maior facilidade de absorver impacto.
Arco Elevado: Pés com arco elevado apresentam faixa estreita entre o calcanhar e a parte frontal, fazendo com que haja pouco espaço para absorção de impacto, uma vez que a pronação é praticamente inexistente.
Pronada: Ocorre quando pisa-se “para dentro”, forçando a parte do dedão para ganhar impulso. A pisada pronada afeta os joelhos, quadril e o tornozelo. Ao utilizar o equipamento inadequado para este tipo de pisada, a corrida fica ineficiente, provocando um esforço maior e aumentando também o risco de lesões.
Neutra: Pisada normal, em linha reta, desde o toque do calcanhar no solo até o levantamento da parte frontal. Esta pisada é equilibrada em relação a pronação e supinação. É a pisada mais eficiente, biomecanicamente, e possui risco menor de lesão.
Supinada: Esta pisada ocorre quando o corredor “pisa para fora”, utilizando somente a parte externa do pé, e impulsionando a corrida com dedinho. A pisada supinada provoca a concentração do peso do corredor nos dedos de fora, e pode causar lesões nos joelhos, costas e nos próprios pés.
O uso de calçados inadequados pode precipitar lesões nas articulações, principalmente no tornozelo e joelho: “O calçado errado pode provocar estresse por sobreuso de uma ou mais articulações, músculos (dor muscular de membros inferiores e lombalgias), tendões (tendinites) e fáscias (fasciíte plantar)”, complementou o especialista.
Além desses problemas de saúde, a inadequação do tênis também pode atrapalhar o desempenho do atleta. Por isso, é preciso atentar para os benefícios do tênis, seu modelo ideal e para que tipo de exercício ele é recomendado. Ao seguir essas valiosas dicas, o corredor pode melhor seu desempenho físico, sem traumas para a saúde.