Por Nadezhda Bezerra / Fotos Alan Chaves
Quando se fala em Ricardo Macchi logo nos vem à mente o famoso cigano Igor, personagem da novela “Explode Coração” que revelou Ricardo Macchi para o grande público. E foi graças a esse trabalho que Ricardo viu seu nome e carreira ser criticado pela mídia e público esse mesmo público e essa mesma crítica que anos depois voltou a falar dele e elogiar o comercial da FIAT onde ele contracena com o ator americano Dustin Hoffman. O que se sabe é que todo esse auê em cima do cigano Igor terminou tornando a personagem inesquecível, e por tabela o seu interprete. O que não se sabe sobre Ricardo é o longo período que separa o famoso cigano Igor e o comercial de carros. O grande público não sabe, por exemplo, do engajamento de Ricardo com as causas sociais, trabalho esse que já lhe rendeu um prêmio e tem ajudado a despertar a população para questões importante. Ao conversar com Ricardo Macchi é que se percebe que ele vai muito além de tudo isso. Ricardo com sua simpatia e simplicidade se mostra acima de tudo um ser humano antenado com o mundo e um profissional que leva à serio seu trabalho e se diverte com a mídia. Para ilustrar tudo isso, nosso entrevistado encarnou um mafioso daqueles clássicos e posou para as lentes de Alan Chaves. O resultado de tudo você confere logo a seguir.
Fiz minha estréia, como ator profissional, no teatro Galeria no Rio e fiz a temporada toda em Sampa. Novo contrato e mais uma temporada pelo Brasil. Depois fui chamado pela produção do Hair para fazer o espetáculo, em 1993. Quando terminei a temporada do Hair, fiquei sem trabalho como ator e resolvi trabalhar onde eu havia sido chamado tempos atrás, o convite ainda estava de pé para fazer uma temporada em Milão, pela a Agência Italy Models (maior e melhor agência de modelos do mundo na época), em outubro de 1993. Fui e fiquei dois anos pela Europa “modelando”. Quando em 1995, mês de março, de férias no Rio de Janeiro, depois de uma semana de sucesso na semana “Leslie de Moda”, não queria desfilar, o Sérgio Mattos insistiu para eu ficar, por já ter conseguido desfiles para eu fazer, que eu não pude recusar. Foi o que chamou a atenção da Rede Globo, exatamente uma matéria do Jornal O Globo assinada pela Cristina Franco (“papa da moda no Brasil na época”) me elogiando bastante e me colocando como representante da nova geração de top models brasileiros trabalhando no exterior. Assim, no dia seguinte recebi convite da Rede Globo para fazer um teste para a novela Tropicaliente. Teste feito e nada de resposta… Sete meses depois, de volta ao meu trabalho de modelo na Europa, recebi um telefonema da produtora Mônica, da Globo, para eu fazer um novo teste, pois eu havia sido pré-selecionado para ser protagonista da novela Explode Coração. Voltei fiz novo teste, e fui contratado por seis anos.
O que o grande público não sabe, é do seu grande trabalho na área social com documentários que vão de assuntos referentes a superaquecimento, qualidade do ar, tráfico de animais, Amazônia, áreas de proteção ambiental (APAs) até a Cidade de Deus. O que te motivou a produzir esses trabalhos? Sou inquieto, tenho sede de realizar, amo comunicação, cinema, audiovisual, criar, produzir, e só faço coisas construtivas por achar que o precisamos para o Brasil, inserção de novos valores. Comecei minha primeira produção em 1996, criei um roteiro e produzi uma revista eletrônica de saúde com programa de treinamento físico para todas as idades, dicas de alimentação e suplementação, tudo com assinatura de profissionais das respectivas áreas. Chamei o Luiz Tripolli para dirigir o filme de 35 mm… Depois em 2002 entrei para a educação ambiental, sempre fui naturalista, sem comer carne vermelha desde os 17/18 anos de idade, sempre gostei muito da natureza, da saúde, do esporte, sempre fui contra o álcool, drogas, consumo de gordura, açúcar… Daí para usar isso no sentido de tentar mudar e ajudar pessoas, foi um pulo! Sou megalômano e perfeccionista, um problema, pois não tenho limites para realizar meus projetos. Hoje com a maturidade, reconheço minhas falhas e me junto às pessoas que se tornam o freio. Esse é o segredo de uma “máquina” que cria e acelera e outra com um bom freio para não sair pela tangente. Não falo sobre voluntariado. Falo apenas dos meus documentários, sou muito feliz e não sei como consegui fazer 33 filmes. Mas vou fazer muito mais!
Este ano você estrelou o comercial da FIAT (clique aqui) ao “lado” de Dustin Hoffman fazendo comparação em relação às carreiras de vocês. Isso mostra uma superação e um bom humor em relação à pressão que você sofreu na época de Explode Coração? Apreendi que contra a mídia não se pode lutar! Então devemos nos juntar ao inimigo e crescer, depois mandamos uma banana, e sem contaminação de ter convivido sem envolvimento, esse é o segredo: conviver sem se envolver, sem se contaminar e não acreditar na vaidade da fama. Somos apenas o que fazemos de verdade, não o que aparece na TV.
Apesar de ter feito outros trabalhos você ficou um pouco fora dos holofotes da mídia. Sentiu falta? Na verdade eu nunca fiquei fora do audiovisual, do que sou apaixonado, sempre estive trabalhando dentro de estúdios. Na Globo de 1995 a 2001, no SBT de 2001 a 2002, na Rede Record de 2004 a 2009, apresentando na Bandeirantes produções regionais produzidas o co-produzidas por mim de 2002 a 2005. E na minha produtora de audiovisual. Nunca estive distante do que amo, na mídia, quando fazemos um grande sucesso, se depois deste grande, não fizermos outro tão grande ou maior, não fizemos nada? Por essas e por muitas outras que considero a mídia uma grande mentira, e como uma grande mentira, não deve abalar a gente. Eu quero viver feliz com minha consciência.
Qual a pior parte de se lidar pro ser um ator conhecido, a cobrança externa ou a cobrança interna? Quando você é mais exigente com você mesmo? Ser figura pública e ter a popularidade é um privilégio. OBRIGADO SENHOR.
Como é sua relação com a imprensa? A Imprensa não é amiga de ninguém. Ela vende produtos. Quem vai dar lucro entra em pauta! Uma relação de simbiose, um precisa do outro, apenas isso, nada mais.
Por ter trabalhado como modelo por muitos anos te levou a ser mais vaidoso? O que fez para manter o físico e a saúde? Não fumo, não bebo, não uso drogas, não tomo remédios, não como açúcar, carne vermelha. Pratico esportes diferentes sete dias na semana. Não acredito na mídia, isso é o mais importante. Nem no que falam de bem, nem no que falam de mal.
Quais as expectativas para o lançamento de Surferssauros – Tubarões de Copacabana? Fazer cinema foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida! Aguardo a pós-produção e a distribuição com expectativa de uma criança esperando seu brinquedo no Natal.
Que qualidades um homem deve cultivar e que defeitos deve deixar de lado? Um homem deve ser íntegro, ter caráter, imprimir nobres valores e nunca desviar da moral. Deve ter coragem e honra, deve ser leal.
Hoje, com a maturidade, depois de seis anos contratado da Rede Globo, e com a honra de estar no “restrito hall” dos atores que eternizaram personagens neste Brasil, agradeço a minha primeira faculdade de televisão, vejo o quanto aprendi e o quanto sou grato a esta empresa que fez nascer o Ricardo Macchi ator de televisão. Sou sim o “Eterno Cigano Igor” com muito orgulho, com muita dignidade e humildade. Estreei com 24 anos de idade na TV, sem nenhuma experiência e fui julgado sem ser dito que era meu começo e que estava sozinho, como se um estudante de medicina, no seu primeiro dia de aula fosse colocado para fazer uma complexa cirurgia transmitida ao vivo para milhões de pessoas, e de forma insana, este médico, depois de 16 anos fosse julgado e culpado pelo seu primeiro trabalho. E pior depois de estudar e se preparar, depois de ter feito várias cirurgias tão boas ou tão ruins quanto todos, somente a primeira fosse lembrada. Hoje aos 41 anos, faria tudo de novo! Obrigado Rede Globo, esta empresa mudou minha vida pra melhor, muito melhor. Sei que voltarei para Globo, em grande estilo, com maturidade e capacidade para fazer um trabalho à altura de outros atores de talento da casa. Este é meu trabalho e eu não escolhi esta profissão, ela que me escolheu, mas estou certo que nasci para este ofício que me adotou e me criou. “Comi bastante feijão”, cresci e apareci, estou certo que terei meus dias de “bonança” lá dentro. E estes estão guardados e estarão disponíveis em breve. Uma dica para todos: Afastem-se das drogas, do tabagismo, do álcool, tomem distância da “Lei de Gérson” e vamos construir um Brasil que dê certo, com inserção de novos valores na nossa pobre e famigerada cultura brasileira.
Abraços, Ricardo Macchi
Coordenação de Produção e Assessoria: Márcia Dornelles – MD PRODUÇÔES http://www.mdproducoes.com/
Styling: Rodrigo Coelho
Make up: G. Junior
Videomaker: Carlos Rodrigues
Ricardo Macchi veste:Colete / Camisa / Gravata / Terno: VR
Chapéu: Denis Linhares
Bengala: Eu Amo Víntage
Locação: GAS & OIL CLOTHING C.O.