Cairê Aoas, empresário de 41 anos está à frente do maior camarote carnavalesco de São Paulo, que completa 25 anos em 2025, além de operações de alguns dos maiores bares da capital paulista, levando ousadia e inovação e revolucionando o setor de entretenimento e cultura.
Por Fernando Luis Cardoso
O Camarote Bar Brahma é sem dúvida um dos mais disputados e o mais conhecido. Completando 25 anos em 2025 uma data memorável que entendemos ter toda uma programação celebrativa. Ao que você atribui todo esse sucesso? O primeiro atributo é a própria jornada do camarote nesses 25 anos. O CBB nasceu como um espaço simples, mas era o primeiro para receber as celebridades e os VIPs que vinham conhecer e curtir o Carnaval de São Paulo. O crescimento do carnaval fez o camarote acompanhar essa evolução, entendemos que muitas empresas conheceram o carnaval através do camarote e o transformamos em uma experiência que vai além de uma área de serviço.
Em 25 anos muita coisa mudou, dos celulares com câmera às redes sociais. Essas mudanças impactaram a experiência do CBB? O principal impacto é a forma de se relacionar e se comunicar com o convidado. Antigamente, era uma comunicação de via única. Hoje, temos uma dinâmica interativa todos os dias do ano. Nós temos uma comunidade de 150 mil pessoas e 30 mil delas visitam todos os anos. São cerca de 8 mil pessoas por dia. A forma de se relacionar com o advento das redes faz toda a diferença, já que usamos as redes sociais para estimular o desejo e, embora tenhamos uma cenografia linda e saibamos que isso influencia, o foco segue sendo a experiência ao vivo.
O Carnaval de São Paulo tem, cada vez mais, ganhado destaque, respeito e se tornado desejo. O que podemos esperar de novidades nesta edição de 25 anos do CBB? Por ser um ano comemorativo, temos um investimento alto na grade de shows. Temos dias com 3 shows grandes, como na sexta (01) e sábado (02) e isso é um investimento alto e uma aposta no ano comemorativo. No desfile das campeãs, temos experiências únicas. As principais novidades envolvem o cuidado com a cenografia, o investimento no line-up, com nomes como Alexandre Pires, com o projeto Baile do Nêgo Véio, Iza, Ferrugem, Jorge Aragão, Mumuzinho, Xande de Pilares, Diego Nogueira, Raça Negra, Leo Santana e Carlinhos Brown, além da parceria com o Hotel Renaissance, que será o hotel oficial do CBB.
Existe uma brincadeira que diz “isso já virou um carnaval” quando algo está bagunçado e em desordem. Como é trabalhar na maior festa popular do planeta onde todos estão completamente envolvidos na folia? Quais os desafios? Para fazer um evento como este, demanda muito planejamento. É uma responsabilidade cuidar de quase 8 mil pessoas por noite. Tentamos trazer esse espirito para quem está trabalhando com treinamento, mas queremos também que quem trabalha se divirta e esteja alegre, como forma de contagiar o cliente, ou seja, que tenhamos uma equipe responsável, mas também alegre. Nós começamos a planejar essa edição, por exemplo, em maio de 2024, o que dá quase um ano de trabalho para uma festa que tem 4 dias de duração.
A experiência faz o folião se sentir completamente vip, com o pré, durante e pós camarote. Ainda assim, vocês encontram desafios para essa busca do vip ou quem quer ser mais vip que isso? O desafio é tentar ter um evento grande, mas, ao mesmo tempo, individualizado e personalizado. Nós fazemos de tudo para que seja o mais individualizado possível. Dentro do camarote, que já é vip, temos uma área vip, temos a opção do hotel com traslado, jantar, receptivo exclusivo, transfer, serviço de concierge, espaço beauty, além de, todos os dias de desfile, termos uma ala a qual nosso convidado pode desfilar se quiser, entre outras experiências exclusivas.
O tema “Faça florescer o carnaval no CBB” nos dá uma dica de como será a camiseta ou as possibilidades de customização deste ano? Nos conte um pouco da parceria com a LED? A parceria com a LED começou com o bar Riviera, o qual também sou sócio. Queríamos lançar uma collab e nossa RP nos conectou com a LED. Nós começamos a pensar juntos no uniforme do bar, com todas as características urbanas e saiu uma parceria com que nos deixou bem felizes. A equipe ficou com grande autoestima e essas peças entraram no desfile do SPFW e estão disponíveis em nossa loja. No CBB, queríamos mudar a cara da camiseta e fazer um resgate da origem do carnaval de São Paulo e uma camiseta que as pessoas desejem usar depois, dar um “rolê” com a camiseta, ou seja, queríamos que a camiseta tivesse esse desejo de ser usada. Eu lembrei de trazer a LED e a parceria ficou incrível.
Além do CBB, você é sócio criador da empresa Fábrica de Bares, cuidando da gestão e operação de alguns dos bares mais queridos do paulistano. Neste contexto, quero te perguntar uma tendência de bar para 2025 e uma tendência de drink? Eu encaro os drinks como descobertas, o paladar vai sofisticando, assim como o vinho, e vão sendo descobertas as preferências. As pessoas falam muito da tequila, que está criando um barulho que a indústria tem falado que vai ser o drink do momento. Temos também os drinks autorais que permitem a criatividade, experimentação e novas técnicas de coquetelaria. Se eu fosse fazer uma aposta, seria na tequila!
Meu projeto é focado no centro de São Paulo, no movimento de redescoberta do centro até como identidade, tal qual o carioca tem com a praia, o mineiro com os bares etc. São Paulo não pode ser shopping. O centro tem esse espaço e está cada vez ocupando melhor ele. Temos o Bar Brahma, Bar dos Arcos, Orfeu, Café Girondino, Riviera, entre outros. A gente vem apostando muito na tendência de revalorização do centro de São Paulo, para que os clientes venham consumir também a arquitetura e a boemia. Criamos uma experiência de terror na Sé, por exemplo, o Edifício Rolim, transformamos o antigo Love Story no atual Love Cabaret, ressignificando um espaço famoso e popular com outro viés e com uma curadoria artística, que usa da matéria-prima do erotismo para a arte, dando palco para muitos artistas. Minha dica é: venham experimentar o centro de SP!
Onde o Caire vai descansar após o carnaval? Ainda não defini, mas, esse ano, estou querendo apresentar a neve para meu filho e esposa e leva-los para esquiar.