Fotos Bia Metidieri
Daniel Satti teve um 2021 cheio de razões para comemorar no quesito profissional. Além de ter vivido o vilão Donato em ‘Salve-se quem puder’, trama das 19h da TV Globo, exibida parte antes da pandemia e a segunda parte inédita no início de 2021, ele também voltou ao ar pela NetFlix com o sucesso ‘Carrossel’, novela originalmente exibida pelo SBT entre 2012 e 2013. Na trama Satti deu vida a um dos seus personagens mais queridos, tanto por crianças quantos pelo público, Frederico Carrilho, que também ficou conhecido como o pai da Carmen da versão brasileira da trama.
Além de celebrar a volta da trama, o ator recebeu a notícia que foi mais uma vez premiado pelo seu trabalho no curta ‘EntreOlhares’, de Ivann Willig. Satti já havia recebido os prêmios de “Melhor Ator” na edição 2020 dos festivais estadunidenses The Scene Festival e Flight Deck Film Festival, e uma indicação no Lonely Wolf London International Film, agora ganhou na mesma categoria no Cult Movies International, também do Reino Unido.
Para o início de 2022 o ator estará em papéis bem distintos no cinema. Em ‘Amor, Confuso Amor’, comédia e drama psicológico de JJ Salinas com direção de André Luís, onde dá vida ao protagonista Jorge. Além de ‘O Faixa Preta – A Verdadeira História de Fernando Tererê’, história baseada em fatos reais sobre o lutador pentacampeão mundial de jiu-jitsu Fernando Tererê (Raphael Logam), Satti faz um personagem de extrema importância na vida do lutador: Alexandre Paiva, conhecido pelo apelido de Gigi.
Para comemorar os feitos, o ator posou para as lentes da fotógrafa Bia Metidieri no Palácio Fiorentino, localizado em Pinheiros (SP). Na ocasião ele deu uma entrevista exclusiva para a MENSCH e falou sobre a carreira, prêmios e perspectivas para 2022.
Qual a expectativa em ver os filmes que você fez no próximo ano em cartaz? As melhores possíveis, afinal, preciso acreditar que será lindo (risos). Mas confesso, que adoto comigo mesmo, como estratégia interna, de não esperar nada, para estar aberto e receptivo positivamente ao que está por vir. O meu desejo em primeiro, como profissional, é me deparar com um trabalho que decodifique para o público espectador, a mensagem real da personagem, no contexto da estória, de forma verossímil, sutil e visceral, resultando em emoção, reflexão. E, em seguida, o desejo de assistir essas obras que contam estórias e histórias incríveis na telona e me maravilhar por ter a oportunidade de fazer parte desses projetos voltados para enriquecer o público de muito conhecimento, cultura e entretenimento.
Nos conta mais sobre o seu trabalho em ‘O Faixa Preta – A Verdadeira História de Fernando Tererê’? Filmamos em fevereiro deste ano, no Rio de Janeiro, o longa é uma história baseada em fatos reais de um lutador pentacampeão mundial de jiu-jitsu e faço o papel do mestre dele, desde criança até se tornar o grande campeão. Tem a direção de Caco Souza e roteiro de Rangel Neto. A vida desse lutador é praticamente um roteiro pronto de tão fantástica. Falo que o roteirista estava muito atento e de coração aberto pra captar e receber essas informações que imediatamente enxergou como o roteiro de um filme. O meu personagem é o Alexandre Paiva, conhecido pelo apelido de Gigi. Acho que esse filme vai mexer com o público e meu personagem tem uma grande e importante missão nessa linda história de superação. Taí uma experiência que acho incrível e surreal. Dar vida no audiovisual a alguém que ainda está vivo na vida real. Durante as filmagens, postei no Instagram e marquei o verdadeiro Alexandre Paiva, que repostou em sua rede e sempre desejou boa sorte e muito sucesso nas filmagens. Isso é muito legal e não tem preço a aposta positiva de quem você vai interpretar, dando a sua assinatura, apesar daquele famoso frio na barriga, pelo desejo de realizar um trabalho incrível e verossímil, que agrade e faça o personagem na vida real se identificar também e curtir o seu trabalho. Me preparei pegando informações com os lutadores que participaram do filme e foram treinados por ele, também com o pai e o irmão do Fernando Tererê, de como o Gigi era, agia e reagia nos treinos, na vida, nas competições e descobri um grande paizão, tranquilo, objetivo, sábio, e a partir desse conhecimento, dei o rumo para o meu trabalho. Segundo a produção, no primeiro semestre de 2022, estará em cartaz nos cinemas.
E sobre o Jorge de ‘Amor, Confuso Amor’? Filmamos em maio de 2019, num resort em Ibiúna, interior de São Paulo. Interpreto o Jorge, protagonista de uma trama misteriosa que traz uma narrativa não linear e retrata a história de um homem confuso que vaga entre a sua imaginação e a realidade e tem como pano de fundo, a comédia e um drama psicológico com tons surrealistas de seu relacionamento amoroso e pessoas com quem convive. A trama envolve um triângulo amoroso. Ele é um empresário bem-sucedido, um cara que se apaixonou e, com o desgaste de um relacionamento com a Aninha, sua namorada, ele acaba se envolvendo com uma outra mulher. No entanto, ele não tem claro se esse amor por essa Aninha é verdadeiro, porque a mulher com quem ele se envolveu, que é a Rebeca, é completamente o oposto da Aninha. Ao mesmo tempo que ele ama Aninha, é como se ele quisesse que ela também se tornasse um pouco Rebeca. Está em fase de pós-produção. Tem um elenco brilhante, entre eles, Isabella Lemos, Marjorie Gerardi, Paola Rodrigues, Taiguara Nazareth, Tuna Dwek, Gui Santana e outros. A direção é de André Luís e o roteiro de James Salinas. A previsão pra que entre em cartaz nos cinemas é 2022. É um lindo projeto!
Você também terá curtas sendo lançados este ano. Me fala mais sobre a trama de ‘CEO Fantasma’? É uma produção totalmente independente, filmada em meados de maio de 2019. Numa determinada conversa minha com o Leonardo D’Abraham, a respeito da dificuldade de captar trabalhos, da crise na área artística e da necessidade de fazer e mostrar o nosso talento, fomos chegando à conclusão de que não dava para ficar esperando, que precisávamos agir para que pudéssemos aumentar as possibilidades de sermos vistos. Foi então que ele me apresentou um roteiro que tinha escrito com o nome de ‘CEO Fantasma’. Confesso que quando li, achei meio maluco, porém com uma mensagem subliminar que tem muito a ver comigo, a vontade de viver e estar vivo. O roteiro é sobre dois irmãos que recebem uma carta da morte, anunciando a mesma, e eles resolvem se encontrar para discutir como sairiam dessa. Foi então, que resolvi entrar nessa e embarcamos naquela onda de vamos fazer o nosso, de empreender, o que é uma tendência mundial de anos atrás, de produzir os próprios projetos ao invés de ficar aguardando convites ou ser escalado. Decidimos fazer o filme com o mínimo de recursos, e eu entrei como produtor associado dando consultoria e assistência, tanto no roteiro, quanto na locação, no trabalho de algumas coreografias de cenas e direção de atores, no figurino, trilha, tudo sempre em conjunto com todos os envolvidos. Tudo era feito por meio de grupo, em aplicativo de troca de mensagens, sendo ligações ou reuniões por vídeochamadas. O filme tem a direção de Fernando Tiezzi, um diretor de grande experiência, que nos deixou bem à vontade para criar, dentro do que imaginamos para as cenas e viajou com a gente nessa interação, foi incrível. A direção de fotografia e operação de câmera ficaram por conta de Bruno Tiezzi, que foi brilhante. Resumindo, foi uma grande experiência sem garantias e que está nos trazendo muitas alegrias. Até o momento dessa entrevista já temos as seguintes realizações:
1. Finalista, Lift Off Film Festival, “top most voted film” 2021
2. Finalista Madras Independent Film Festival 2021
3. Finalista “Paris International Short Film” 2021
4. Selecionado/Indicado “Riff” – Rotterdam Independent Film Festival 2021
5. Semi-finalista Sydney Indie Short Festival 2021
6. Semi-finalista Sicily Art Cinema 2021
7. Selecionado – Cannes International Cinema Festival 2021
Você também foi premiado pelo trabalho em ‘Entreolhares’. Como foi o processo de produção e também de ser premiado? Ganhei 4 prêmios de melhor ator, três internacionais e um nacional, além de uma indicação, também internacional para a mesma categoria. Fui selecionado a partir da indicação da minha madrinha e grande atriz Tuna Dwek, por quem tenho enorme admiração e que também está brilhando no filme. Num dos meus encontros com a Tuna, ela olhou pra mim e disse: “Dani, você conhece um diretor premiado chamado Ivann? Então, ele vai fazer um filme e você é a cara dele!!”. E assim aconteceu (rs). A Tuna me mostrou e me indicou para o Ivann, e ele me adorou para o perfil que precisava. Conversamos e alguns dias depois recebi o roteiro. Ao ler, fiquei muito impressionado com a emoção e as surpresas que a estória do casal Sandro (Daniel Satti) e Maria (Marina Azze) guardavam. Curiosamente, o Ivann e a atriz Marina Azze, tiveram uma ideia e me fizeram uma proposta por meio do Ivann, de que eu e Marina não nos conhecêssemos pessoalmente, e nem por meios virtuais, antes das filmagens. Viajamos para Domingos Martins, Espírito Santo, e fizemos 5 diárias ininterruptas de 10 horas por dia. Na chegada à locação, em horário diferente da Marina e numa van separada, fui direto para um quarto também isolado. Era para nos conhecermos somente na hora da filmagem da cena, inclusive a única cena de sexo que temos no filme e que estaríamos de olhos vendados porque o roteiro pedia. E assim foi feito, topei a inédita aventura e eu e Marina só nos conhecemos, primeiro pelos toques durante a cena e visualmente, após o corte da filmagem, “tem noção disso? Somos loucos mesmo rs.” A direção do Ivann é sábia, tranquila e humana. Ele deixa os atores participarem com ideias e propostas para a construção dos personagens.
Em meio a essa pandemia, posso dizer que 2020 pra mim, foi mágico, porque aconteceram coisas que confesso não ter imaginado e que mudaram a minha história. ‘Entreolhares’ me deu vários privilégios. Entre eles, a honra de poder dar vida ao Sandro, um personagem também protagonista, humano de trajetória amorosa que vai do erro e sofrimento à redenção; da sensibilidade, cuidado e dedicação à culpa. Um personagem, cuja construção, acho que posso chamá-lo de “o homem do amor”.
Outro privilégio foi o de ser conduzido pelo nosso premiadíssimo diretor e autor Ivann Willig e a alegria de estar emoldurado por duas atrizes que me orgulho pela qualidade do desempenho e mãos dadas a mim na hora de contracenar e trocar a respeito do filme e da vida, Marina Azze e Tuna Dwek. Mais um privilégio foi o de estar envolvido com uma equipe inteira que trabalha com e por amor. Pessoas comprometidas e imbuídas de darem o seu melhor, só assim se faz arte de qualidade, na minha opinião. ESSES PRÊMIOS INTERNACIONAIS SÃO DO BRASIL! ESSES PRÊMIOS SÃO NOSSOS! PORQUE VIERAM POR MEIO DE UM BRASILEIRO! A indicação no Festival de Londres, Lonely Wolf: London International Film Festival, também considero como um prêmio, pelo simples fato de ter sido selecionado e constar entre um dos possíveis vencedores, isso me faz sentir como um. Esses prêmios não são só meus! Tudo que precisamos enquanto artistas, é o reconhecimento público do nosso trabalho, afinal é pra eles que trabalhamos, são os nossos grandes jurados e o motivo de exercermos essa profissão. Essas indicações são sinais de que o nosso trabalho está sendo notado e de forma linda! São muitos láureos de orgulho poder contribuir com esses prêmios e indicações para o cinema do meu país! Foram os meus primeiros prêmios internacionais de MELHOR ATOR! E melhor, foram dois de uma só vez, The Scene Festival de Maryland e Flight Deck Film Festival de Nova Iorque. O reconhecimento internacional, valoriza e engrandece a sua bagagem e credibiliza a sua carreira, só o AMOR explica! Em seguida, veio um nacional, por meio do Festival de Cinema de Bento Gonçalves e mais recentemente, outro internacional, o Cult Movies International Film Festival 3rd, de Londres. É a prova de que TUDO valeu à pena! É tanta gratidão, emoção, que só posso dizer que atribuo esses prêmios à todos os desafios e dificuldades que enfrentei e à todas as pessoas que fizeram parte da minha vida, estiveram ao meu lado e acreditaram em mim, ao longo dos meus 20 anos de carreira!
Atualmente você está no ar com a novela ‘Carrossel’, que foi exibida no SBT, e a agora está no catálogo da Netflix. Fala mais sobre esse trabalho e sobre a volta dele ao ar? É gratificante demais. Fiquei totalmente surpreso, recebi a notícia por meio de uma mensagem do meu assessor que viu uma postagem numa rede social, em um perfil específico de mídias e notícias, direcionado ao público teen revelando o fato. Fiquei muito feliz e grato por essa oportunidade de ter uma obra tão importante para a faixa etária, que vai de 8 a 14 anos, mais ou menos, e os pais desses, que costumam assistir juntos, na maior plataforma de streaming atualmente e disponível para vários países. E depois de quase 10 anos, se torna ainda mais especial, afinal, estamos atingindo, literalmente outra geração de crianças e adultos e transmitindo todas as mensagens de amor, solidariedade, aprendizados e outros vários valores e princípios fundamentais, que essa obra tem como legado. Me sinto cumprindo uma importante missão. Já voltei a ser muito procurado por meio das redes sociais, a internet traz essa incrível ferramenta de conexão. A estória da família do Frederico, além de muito linda, tem uma identificação enorme com o povo brasileiro. É uma família humilde, com um pai, que sonha poder dar conforto para a sua família, mas não consegue o trabalho que pode permitir a renda necessária para que ele consiga sustentá-los. A culpa e a vergonha de si mesmo, a baixa autoestima, o fazem brigar com a sua esposa Inês, e se afastar deles para conseguir trabalhar no único emprego que havia conseguido e era em outra cidade. Porém, o amor e carinho que sua família tem por ele, faz com que vão pedir para a professora Helena e pessoas próximas à Inês e a Carmen, um trabalho na mesma cidade que morava, e conseguem. Aí a estória transcorre com essa família unida e enfrentando de frente todos os desafios que aparecem, mas sem se desgrudarem mais. Então a repercussão foi nítida e até hoje, praticamente dez anos depois, continuo sendo reconhecido na rua e sempre com muita generosidade e gratidão, por esse trabalho.
Com 47 anos você é um homem que se cuida e mantem uma rotina saudável e um corpo bonito. Como é sua rotina de alimentação e exercícios? Sim, eu me cuido muito, por alguns motivos que descobri, serem fundamentais pra mim. Primeiro deles, ter saúde, qualidade de vida aprimorada e estendida pelos anos que vão nos consumindo pouco a pouco. Não adianta esconder, é assim para todos, faz parte da vida e a solução que encontrei para postergar as limitações naturais que vamos ganhando, é buscar uma alimentação saudável, meditar e fazer exercícios físicos variados. Outro motivo é me manter em forma porque trabalho com a minha imagem e posso me disponibilizar melhor para o mercado, além de estar constantemente preparado para enfrentar trabalhos no teatro, na TV e no cinema, que por incrível que pareça, dependendo do papel e performance, demandam muito fôlego e corpo fortalecido para enfrentar horas de atuação, além de ficar apto também a propor mais possibilidades de movimentos físicos que exigem mais, como correr, pular, agachar, nadar, enfim, se torna um ator mais versátil. Vou equilibrando essa malhação entre exercícios funcionais, alongamentos, corridas na rua ao ar livre e idas à academia para puxar ferro e correr também na esteira. Assim, não fica tão chato e repetitivo além da importância da mudança constante da rotina que só complementa o trabalho de todas as partes do corpo e a manutenção de um metabolismo acelerado. Não abro mão de beber e comer o que estou com vontade, mas também mantenho uma dieta equilibrada e saudável para contrabalançar com os meus desejos gastronômicos, quando aparecem (risos).
Com mais de 20 anos de carreira, o que Daniel Satti pode falar sobre a cultura no Brasil? A cultura no Brasil é vítima de um vício histórico – que é a falta de apoio para sua disseminação de forma democrática. O entrave a essa expansão é sua submissão aos aspectos financeiros das atividades do setor cultural, em detrimento do estimulo às manifestações espontâneas de nossos artistas. Caso essas ações conseguissem alcançar um espectro mais amplo da sociedade, elas poderiam funcionar como elemento educador das novas gerações e difundir e incluir a arte no cotidiano do cidadão. No atual momento, todos esses fatores negativos estão sendo potencializados – o que impede vislumbrar qualquer perspectiva positiva a curto prazo. A cultura é algo de prioridade indiscutível, mas, para nossos gestores, isso não interessa.
Planos para 2022? Com toda certeza, trabalhos em todos os veículos de comunicação! Estou em projetos de teatro, TV e cinema, graças a Deus. No teatro, estou envolvido em projetos de espetáculos que estão em fase de captação de recursos e pré-produção. No cinema estou escalado em outros três projetos para começar a filmar em breve. Na TV, também tenho trabalhos pra acontecerem, mas por conta do sigilo profissional, ainda não posso falar enquanto não estiver tudo bem definido. Estreei o meu canal do YouTube, DanielSattiOficial onde abordo assuntos relacionados às minhas experiências de vida que sugerem reflexões, pensamentos, espiritualidade, trocas e doações que estou fazendo com o intuito de ajudar quem está disposto a escutar e buscar respostas em si mesmo para seguir a vida fazendo tudo o que mais ama, é nisso que acredito, não estamos aqui por acaso. E pra reforçar essa comunicação, criei e utilizo a hashtag #MeDeixaViver, que vem de uma expressão que uso na vida, há muitos anos e dou o significado de “me deixa ser eu, pleno, com todas as minhas características e desejos” e que aconselho, por meio do canal, a cada um fazer o mesmo. Comecei a postar os primeiros vídeos há pouco tempo. Vem aí um projeto digital que estou desenvolvendo e pretendo, através dos meus conhecimentos e experiências, ajudar e curar muitas pessoas com o desenvolvimento de técnicas para comunicação. Estou dando um start também no projeto de um livro que quero escrever, entre outras coisas mais.
O que o Daniel Satti de hoje difere do ator que começou aos vinte e poucos anos nas artes? Acho que em tudo. Hoje faço a leitura, que quando comecei, era muito entusiasmo e vontade, inocente, sem a visão clara do todo, da representatividade e do verdadeiro sentido de ser um artista. A minha forma de ver o meio artístico de hoje e tudo que compete a esse papel, é com muito mais maturidade e discernimento. O entendimento real dessa profissão, com esse olhar mais apurado e consciente, me despertou a autor responsabilidade dos impactos e influências sobre nós mesmos e toda a sociedade, da qual para essa, eu entendo ser o principal alvo da função do artista/ator. Não faz mais sentido, nem satisfação de vaidade, dar voz ao artista que sou, se não for para no mínimo, criar reflexões e possibilidades de mudanças em quem recebe o nosso serviço. Ser artista, pra mim hoje, é literalmente, servir ao próximo. Sempre brinco com a palavra arte, dizendo que é ar-te, ar para ti. É o ar que entregamos como forma de respirar mais fundo, de encantar e hipnotizar, de emocionar e abstrair problemas pessoais, dando lugar à emoção e a válvula de escape que induzem você a criar um espaço interno e entrar um pouco pra dentro, se proporcionando uma reorganização constante da nossa única e verdadeira morada, a nossa consciência habitada em nosso corpo, enquanto ser humano.