ESTRELA: Fabiana Karla é humor, talento… É rock bebê!!

 

O que dizer de Fabiana Karla? Uma mulher solar, superlativa com mil talentos e qualidades?! Do humor ao drama, dos palcos do teatro ao microfone na TV, Fabiana é sucesso por onde passa. E para nossa surpresa, a danada agora está botando para quebrar no programa PopStar cantando do sertanejo ao rock. Uma verdadeira popstar que nos conquistou faz tempo com seu talento e carisma. Pernambucana arretada, Fabiana segue encarando novos desafios e tirando de letra tudo que se dispõe a fazer. E tirando por essa capa da MENSCH a danada não cansa de nos surpreender. Quebra tudo Fabiana!

Fabiana, indo direto para os projetos atuais… Esperava esse sucesso todo em PopStar? Nossa! Eu não esperava nem estar a essa altura no programa, mas sabia que ia me divertir muito e que faria o meu melhor. Penso que o sucesso é consequência de algo que você se esmera muito para fazer e que cai no agrado das pessoas. Acho que consegui me colocar nesse lugar, pois por onde eu passo tenho só recebido elogios. Ter a oportunidade de mostrar esse outro lado que as pessoas não conheciam pra mim tem sido como um prêmio.  

O que é mais difícil nesse processo de preparação até chegar o dia da apresentação? O nervosismo e o desconhecido. São muitos os detalhes técnicos que eu desconhecia ou que não faziam parte da minha rotina: aula de canto com assiduidade, fonoaudiólogo, resguardo para que a voz esteja apta… E, convenhamos, ir para o palco para fazer algo que você não domina contribui para a carga emocional. Além disso tudo, tenho minha filha ao meu lado em cada apresentação – ela faz meu backing vocal. Na primeira vez que subi ao palco e olhei pra ela foi uma emoção fora do comum.


Como a música entrou na sua vida e para onde você quer que ela te leve? A música está na minha vida desde que nasci e esteve em meus melhores momentos. Meus pais sempre cantaram e me apresentaram um vasto cancioneiro e os grandes intérpretes. Além disso, sou nascida em Pernambuco, uma terra cheia de musicalidade e ritmos. Observei o quanto a música regia meus sentimentos, tem influência no meu humor, no meu dia a dia… Hoje quero que ela me leve pra onde quiser, porque sinto que ela ultrapassa fronteiras e isso é mágico. A música preencheu arestas que eu mesma nem conhecia dentro de mim. Quando eu começo a cantar, sinto que estou mais perto de Deus. Tem um sentido muito particular, hoje, na minha vida! Os acordes hoje fazem mais sentido nos meus ouvidos e no meu coração. 


 

 

 

Seja cantando ou atuando, o seu carisma sempre chama atenção e conquista o público. Quando descobriu isso e de onde vem? O carisma é algo que Deus entrega na mão da gente e diz: “Guarda, isso é precioso. Quando precisar, você usa”, (risos). Eu não sei explicar isso, sempre fui uma pessoa que respeitou bastante a posição do outro, mas que sempre buscou com que os demais se sentissem bem na minha presença. Acho que essa posição deixa as pessoas ao meu redor mais à vontade. Acho que isso pode ser chamado de carisma. Sou grata aos que têm carinho por mim e gostam do meu trabalho. Eu me esforço muito pra que isso se mantenha.

Você parece ter sido uma criança bem animada e inquieta. É isso mesmo? Vivi uma infância muito gostosa e legal. Eu era uma criança, dita pelos demais, como bem inteligente, e eu gostava de mostrar isso. Pulei a alfabetização, pois já sabia ler e escrever. Sempre fui bastante atenta e a televisão já me chamava muita atenção. Eu me divertia com pessoas muito mais velhas, que tinham um olhar diferente, como Genival Lacerda e Dercy Gonçalves. Depois de adulta, percebi que aquele apreço já sinalizava minha aproximação com o humor. Hoje em dia sou muito amiga do Dedé – de Os Trapalhões – e me emociono cada vez que converso com ele… Vejo meu ídolo de infância conversando comigo pelo whatsapp, se divertindo comigo, isso é muito louco na vida. xTive uma família que me estimulou muito para eu desenvolver meus dons. Eu brincava de ser apresentadora de circo, era muito criativa e todos me incentivavam. Gostava muito de esportes, brincava de tudo e fui uma criança bem serelepe, pode-se dizer. Hoje penso “coitada da minha mãe”, quando lembro do quanto eu era agitada (risos). 


De Recife para o Rio de Janeiro. Como foi essa mudança e o que foi mais difícil? A coisa mais difícil foi deixar minha família no Recife e vir para o Rio para ter meu trabalho reconhecido. Mas, por mais que tivesse esse reconhecimento no Recife, tinha o desejo principal de viver com a minha arte. Lá, fazia propagandas em TV e estudava teatro TODOS OS DIAS. Tinha um ritmo frenético, artisticamente falando, e vivia de teatro. Mas a gente sabe que o eixo Rio-São Paulo é mais forte quando se trata dessa área, principalmente o Rio de Janeiro, quando se quer trabalhar como atriz em televisão. Realmente não foi nada fácil deixar meus filhos para que eu pudesse transitar. Mas eu sentia que precisava vir, ver se daria certo. Hoje não posso dizer ainda que já deu certo. É claro que conquistei uma posição confortável, mas acredito que ainda tem coisa melhor por vir no meu futuro.


O que você leva das suas raízes para sua realidade carioca? E consegue encontrar algo em comum entre as duas cidades? O Rio de Janeiro abriu os braços pra mim e me deu a maioria das coisas que eu tenho, porque foi através do meu trabalho aqui que eu consegui atingir a estrutura de vida que tenho hoje. Então sou muito grata a essa cidade que me abraçou desse jeito. Das minhas raízes trago minha essência, que levo pra onde vou. Trago a alegria, esse jeito de ser nordestino, essa positividade, a força, a música, a gastronomia – adoro fazer um cuscuz para as minhas visitas -, a decoração da casa, a coisa da receptividade, ter meu lar sempre em festa com os amigos. Quanto à igualdade, acho o carioca muito receptivo, isso é um ponto bastante semelhante aos pernambucanos.  


Pergunta básica… sofreu algum tipo de pré-conceito por ser nordestina no início? Nunca sofri preconceito por ser nordestina. Pelo contrário, sempre foi um prenúncio de boas coisas porque tive nordestinos que me validaram, antes de eu chegar – Chico Anysio, Tom Cavalcanti, Renato Aragão… Eu, sinceramente, só tenho boas experiências.  


Muita gente fala hoje em “você me representa”, “levanto bandeira pelas minorias” ou “sou modelo fora do padrão”… Esse discurso cansa ou é necessário? Esses dias no Popstar a Preta Gil, que é uma grande representante das mulheres brasileiras, disse que eu era necessária e que representava a ela e a uma classe grande de mulheres que precisam dessa representatividade. Fiquei muito feliz, honrada e grata, porque me sinto contribuindo pra que muitas mulheres se sintam melhores e saibam que não estão só e pra que não percam as esperanças de dias melhores. Um discurso que fala por uma maioria que é enxergada como minoria, acho que é incansável e tem que ser replicado e falado várias vezes. Nós vivemos um mundo cheio de intolerância e violência. Nós temos que repetir para fixar e deixar claro que é necessário quebrar certos tipos de ação, ou pelo menos amenizar. E para que as pessoas que sofrem certo tipo de preconceito saibam que a minha voz está ecoando no coro delas. Mesmo que o opressor não escute logo, o oprimido tem que saber que não está só. Faço apologia ao bem estar, acho que as pessoas têm que se amar. 

Com as redes sociais estamos mais próximos uns dos outros, mais ao mesmo tempo menos tolerantes com as diferenças. Como você ver isso? A questão das redes sociais é que elas viram um grande termômetro pra algumas coisas e também um inconveniente para outras. A minha lástima com relação às redes é esse fato de perder um pouco da penalidade com ofensas proferidas. Acaba por dar voz a pessoas que são grosseiras na forma de falar. Tem também o fato de que agora todo mundo julga, entende de tudo, mesmo que não tenha base para isso. Mas, o que podemos fazer? Sou uma pessoa que curte muito as redes sociais, pois com elas tenho a possibilidade de estar mais próxima do público e posso ver como as pessoas pensam. Também não podemos ser alheios ao fato de que essas redes são de importância para o nosso trabalho e para os nossos relacionamentos. 


O “remédio” é rir disso tudo? Como o riso te faz bem e o que te tira o bom humor? O remédio pra muita coisa é rir. Acho que rir é uma ótima arma, mas rir de tudo é desespero. Nós estamos vivendo no Brasil momentos de querer chorar, mais do que tudo. Só que quando a gente ri, a gente não perde a esperança. Então acho que é uma grande arma pra gente acreditar em dias melhores, porque eles virão. 


Foram mais de 10 anos no Zorra e depois surgiu novela e outros projetos. Corte fazer novela? Sente falta de um programa fixo de humor como era no Zorra ou era hora de alçar novos voos? Adoro desafios, como esse do POPSTAR. O Zorra foi e sempre será muito importante na minha vida. Foi a plataforma por onde eu pude me lançar para o público que me conhece hoje. Tenho público de criança a idosos, graças a esse período. Sou muito grata ao programa onde fiquei quase 15 anos. Acho que os ciclos existem e acontecem. Fechei esse ciclo para me transformar ainda mais artisticamente. Acho que esse vai sempre ser o maior desafio da minha vida, estar com olhar atento, não ficar aquém. Quero ser uma velinha com uma cabeça jovem e cheia de projetos a cumprir. No momento tenho grande vontade de apresentar um programa com a minha cara, onde eu possa ter esse contato direto sendo eu e não um personagem. 



Dra. Lorca, Cacilda e Perséfone (Amor à Vida), algum carinho especial por essas loucas personagens? Eu sou apaixonada pelas minhas personagens e já percebi, inclusive, que muitas delas são fogosas: Dona Cacilda, Olga (novela Gabriela) e Perséfone (Amor à Vida). O meu carro chefe foi sempre a Lucicreide, que represento desde os 13 anos de idade, que depois levei para o Zorra Total e o Mauricio Sherman conseguiu coloca-la num contexto perfeito para o programa. E agora estou a colocando no cinema, com o filme “Lucicreide vai pra Marte.” Mas isso é como perguntar de qual dos filhos gosto mais, é complicado responder.  


Por falar em Escolinha em breve ela estará de volta em mais uma temporada. Como é participar desse projeto? O que mais te agrada? A Escolinha é um grande presente. Primeiro por ter a honra de fazer um papel que era da Claudia Gimenez, mulher que sempre admirei, não só como profissional mas como mulher. O projeto em si é algo que entra na casa das pessoas como se fosse um abraço. Os textos são deliciosos, adoro a redação da Escolinha, isso faz muita diferença pra gente. E tem a emoção de estar em uma sala de aula. Eu trabalhei com o Chico Anysio e era meu sonho fazer a Escolinha com ele. Eu vivia correndo atrás, quando ele ia na minha cidade, com uma fita VHS da Lucicreide, com a intensão de colocar a personagem na Escolinha, e nunca consegui. Depois, quando tive com ele no Zorra, contei pra ele. Ele lamentou, disse que adorava a Lucicreide. Depois, quando me vi com o filho dele, Bruno, gravando, fiquei muito emocionada. Ele consegue trazer o olhar que o Chico tinha. Além de ser muito parecido, ele traz a atmosfera do pai. Sem falar no elenco, que é maravilhoso. A equipe, a produção e a direção conseguem tornar tudo uma verdadeira diversão. É um dos produtos que eu mais tenho prazer em fazer. 



Atuar, cantar, dançar (você esteve na 1ª temporada de Dança dos Famosos). O que mais quer fazer na TV e fora dela? Já escrevi um livro, tive filhos, então nem vou plantar a árvore ainda porque tenho vários projetos pra fazer (risos).


Como conquistar essa nordestina arretada? Sempre gostei de pessoas inteligentes. Então inteligência, bom humor, verdade, coração bom… nossa, sou exigente, né? (risos). 


Por fim, como foi sensualizar no estilo roqueira para esse ensaio? Foi muito legal! Fomos criando tudo e foi saindo esse espírito Rock’n roll. Já me remeto ao primeiro Rock in Rio, em que fiquei muito triste de não poder ir, morava em Recife ainda. Inseri um espírito meio Nina Hagen, entre outras mulheres nas quais a gente admirava bastante, com seus estilos próprios. Tive a sorte de ter nascido em uma época em que homens e mulheres eram muito intensos e interessantes. Quem sobreviveu aos anos 80 e 90 sabe do que estou falando. Nasci em 75 e tive influência de pessoas cheias de personalidade. Quando se fala de rock, penso em Nina Hagen, Janis Joplin, influencias que tentei brincar um pouco no ensaio.