ESTRELA: Larissa Maciel está de volta em uma bela aventura

 

Nem o gênio forte da inesquecível Maysa (Globo) e nem a independência da Miriã, de “Os Dez Mandamentos”, a bela atriz Larissa Maciel, que interpretou ambas as personagens, sabe bem que o equilíbrio entre os dois lados é a receita ideal para, digamos chegar ao sucesso em uma relação. Agora a atriz se prepara para outro papel marcante em sua carreira, a Lucy, em “Belaventura” (Record), que estreia esse mês. A cada novo personagem Larissa se transforma e nos envolve de uma forma que fica difícil não se encantar por ela. Larissa abdica de qualquer vaidade para se jogar de corpo e alma ao personagem. Talvez venha daí o seu sucesso com tantas personagens marcantes. Confira o que nossa querida estrela nos confidenciou…

Larissa, mesmo depois de tantos outros papéis, muita gente ainda te reconhece como Maysa? Isso de alguma forma te incomoda? Atualmente sou muito mais reconhecida pela Miriã de Os Dez Mandamentos, novela que foi um sucesso enorme tanto no Brasil como fora dele. Mas às vezes alguém vem falar sobre Maysa, mesmo depois de 8 anos. Isso me deixa muito feliz! Foi um trabalho intenso, me dediquei integralmente a ele durante praticamente um ano. E o resultado foi uma minissérie linda, impecável. Se ninguém mais lembrasse me sentiria frustrada…

Não tem como conversar com você sem citar esse trabalho tão marcante. Depois de tanto tempo como você guarda esse trabalho? O que ele representou? Foi minha estreia em rede nacional, já como protagonista. Uma personagem maravilhosa que exigiu de mim tudo que eu poderia sonhar! Cada cena foi um desafio, construir a Maysa sendo eu tão diferente dela era uma enorme responsabilidade. Eu tenho o maior amor do mundo por esse trabalho! Representou uma mudança radical na minha vida, e me colocou no lugar que eu sonhava estar como atriz.

Como foi para você dar vida a Miriã, na novela “Os Dez Mandamentos”? E como lidou com o sucesso da novela? Foi muito bom! A história da personagem era muito interessante, interpretei a Miriã de jovem até ficar bem velhinha. Uma curva dramática de personagem maravilhosa. No início uma mulher forte, diferente das demais mulheres da época, idealista, independente, que não queria casar. Depois uma mulher sofrida, castigada, cansada de ver tanto sofrimento diariamente, mas ao mesmo tempo com uma fé enorme em Deus e em seus desígnios. Mais além, se torna amargurada, percebe que é muito solitária, que nunca teve um amor, chega ao ponto de duvidar de Deus e recebe lepra como castigo. Essa sequência, inclusive, foi muito desafiadora. Até ela se reconciliar com Deus, com sua família, e finalmente viver um grande amor, morrendo bem velhinha ao lado dele. Foi lindo! Fiquei muito feliz com o sucesso da novela, pois foi um trabalho de extrema entrega, e todo o sucesso que tivemos no Brasil e fora dele é a melhor recompensa.

A novela é exibida em outros países e na Argentina é um grande sucesso. Qual a sua relação com o país? Tem interesse em realizar algum trabalho internacional? Eu amo a Argentina. Já foi meu destino de viagem diversas vezes. E como sou gaúcha, há uma proximidade cultural grande com os argentinos. Em Porto Alegre sempre houve troca com o cinema de lá. Muitos filmes eram exibidos na Casa de Cultura Mario Quintana, e era meu programa certo. Os roteiros sempre me agradaram em cheio. Tenho muita vontade de fazer um filme argentino pois admiro de verdade o cinema que eles fazem lá.

Agora você está voltando em Belaventura com a personagem Lucy. O que ela tem de diferente das outras personagens? Como está sendo para você dar vida a ela? A Lucy tem uma aura de mistério que é o seu diferencial. Não se sabe muito sobre ela, e ao longo da trama sua história vai sendo revelada. A força motriz dela é o amor que sente pela filha, o que provocou em mim uma identificação imediata.  Acredito muito na relação de mãe e filha, e gosto do desafio de interpretar ser mãe de uma jovem mulher, quando na vida real tenho uma filha de apenas três anos. Fico pensando como será quando a Milena tiver essa idade, na mãe que eu serei. Construo uma relação com ela de confiança desde a barriga, e espero que quando ela crescer continue confiando em mim tanto quanto agora. Sei que chegaremos no momento em que ela me questionará bastante, e espero que sempre tenhamos o canal do diálogo aberto.

Depois de fazer tantas novelas de muito sucesso, o que espera de Belaventura? Que seja mais um sucesso, (risos)! Espero que encante as pessoas, que leve um pouco de sonho, e que faça as pessoas refletirem também. Que emocione e faça rir. Que a hora de assistir a novela seja um momento do dia aguardado com ansiedade, e que quando o capitulo terminar todos queiram que chegue logo o dia seguinte para saber o que vai acontecer na história. Será que é querer muito?

 

O grande público talvez não saiba, mas você tem uma carreira ainda maior fora da telinha com filmes e peças de teatro. Como avalia isso? Foi uma condução sua ou foi surgindo? Comecei como atriz de teatro, minha formação acadêmica é de Atriz. E como toda atriz bem jovem e de teatro, por um período eu neguei a televisão. Julgava uma arte menor, (risos). Depois, fui me encantando com essa outra forma de atuar, com as novas possibilidades que se apresentavam, e eu me apaixonei. Antes de ir para a TV Globo eu comecei fazendo TV na RBS TV, no Rio Grande do Sul. Hoje em dia eu realmente amo fazer novela. Gosto da possibilidade de viver a personagem por um longo período, de experimentar a personagem em situações diferentes, ser surpreendida com o que vai acontecer com ela ao longo da trama. Cada bloco de capítulos que chega, sinto uma curiosidade louca para saber o que vai acontecer. Adoro!

Onde se sente mais confortável e desafiada, no cinema, teatro ou TV? Olha, eu tenho a sorte de ser escolhida para interpretar personagens muito boas. Que sempre me desafiam. Isso já aconteceu no teatro e na televisão. Em ambos existem momentos que me sinto muito confortável também. No cinema ainda não aconteceu. Não tive a oportunidade de fazer uma personagem realmente desafiadora. Quero muito que a oportunidade apareça.

A TV é imprescindível para o ator? E como você avalia as produções hoje em dia? Sente alguma mudança por conta da TV fechada? Não é imprescindível, de forma alguma. Tantos atores no mundo vivem sem fazer TV. Mas é o veículo que permite maior visibilidade e maior estabilidade ao ator. Pelo menos era assim. Agora as coisas estão mudando tanto e tão rápido, que acredito que a forma como entendemos a TV está com os dias contados. As produções estão cada vez melhores, dá pra competir com muito do que se vê de outros países. A forma de assistir TV já mudou muito, e vai mudar ainda mais. Não só pela TV fechada, mas pela possibilidade de você escolher o que quer ver, na hora que quer ver, onde quer ver, seja no celular, no tablet ou na TV.  Penso que a demanda por produções diferentes vai aumentar cada vez mais, pois ninguém mais vai ser obrigado a ver algo que não queira, só porque está na grade da emissora X. Mas ainda é tudo muito novo, estamos apenas no começo dessa mudança.

O que Larissa expectadora gosta de assistir quando está de folga? O que te atrai na TV e fora dela? Atualmente estou muito viciada em séries. Como estou fazendo Belaventura, uma novela medieval, tenho visto muitas séries que se passam nesse período ou próximo a ele. Assisto muito desenho animado também por causa da Milena. Ela não vê muita TV, apenas um pouco depois da janta antes de dormir. E fico impressionada com a qualidade dos desenhos de hoje. E como mudou perto do que assistíamos quando éramos crianças… Não vemos um personagem tentando sabotar o outro, tentando ganhar do outro, como antigamente. Os desenhos de hoje são cooperativos, os personagens se ajudam para resolver conflitos e encontrar soluções para problemas. Além dos que abordam conceitos de matemática, física, biologia, de uma forma que encanta e fascina crianças de 1, 2, 3 anos! E são lindos!!! Fora da TV, amo ir ao teatro e a shows, mas desde que a Milena nasceu reduzi muito a quantidade em relação ao que costumava assistir antes de ser mãe. Troco tudo pra ficar com ela! Acompanhá-la de perto, estar presente o máximo possível é muito importante pra mim.

Você vê a TV hoje em dia mais como um meio de entretenimento ou informação também? As duas coisas, até porque muitas vezes andam juntas. Mas cada vez procuro mais a informação em outros meios. A internet oferece muitos pontos de vista diferentes. Procuro checar bem a fonte, pois ao mesmo tempo tem muita informação equivocada ou imprecisa.

É mais difícil fazer arte na TV do que algo meramente comercial do teatro? Pra mim muito mais difícil fazer algo meramente comercial no teatro.

Como você avalia o cinema brasileiro hoje em dia? Quem está se destacando e o que chamou sua atenção? Estamos num movimento muito interessante. Com obras que tem atraído um público surpreendente, e uma diversidade temática maior que em outras épocas. Espero que cada vez mais as pessoas optem pelos filmes nacionais. Eu amo o trabalho que o Caio Soh vem fazendo. Sou muito fã do artista que ele é.

Você tem um perfil mais clássico e delicado. As personagens te permitem ousar e fazer loucuras que Larissa não faria? (risos), sim tenho o perfil mais clássico e delicado, mas essa é só uma faceta. A que eu prefiro mostrar publicamente com certeza! Mas felizmente já vivi uma bela dose de loucura na minha vida. Quanto às personagens, dar vida a outras pessoas me permite experimentar muita coisa que eu não faria. Coisas boas, e coisas ruins. Essa é uma das delícias da profissão.

Falando em vaidade, qual a maior vaidade para o ator (que pode resultar em coisa boa e que pode arruinar uma carreira)? Não sei exatamente qual a maior vaidade…Penso que a vaidade não pode cristalizar o artista. Quando o ator não se permite ousar pois tem “uma imagem”, fica estagnado, e acaba se repetindo. A minha maior vaidade acho que é justamente abrir mão da vaidade para as personagens. Ou seja, não me importo em ter que engordar (Maysa), raspar o cabelo (Sati), aparecer envelhecida com maquiagem que simulava rugas e cabelos brancos (Miriã).

Como encara a chegada ao 40 anos?  Com grandes expectativas! A chegada aos trinta foi uma mudança tão grande na minha vida. Deixou a expectativa para os quarenta grande, (risos). O amadurecimento só me fez bem. Hoje tenho uma tranquilidade para enfrentar os acontecimentos do dia a dia que não tinha antes. Sinto que minha perspectiva, minhas prioridades mudaram. Hoje acredito que sei melhor colocar as coisas numa escala de importância, evitando desperdiçar minha energia e o meu tempo com o que é supérfluo. Quando penso na mulher que eu queria ser, vejo que estou no caminho certo. Tenho muito a aprender ainda, muito a aperfeiçoar, mas já não tenho tanta ansiedade. E estar chegando aos 40 dessa forma, me deixa feliz. Falando da parte física, hoje tenho mais consciência sobre a forma que me alimento, dando preferência a consumir tudo orgânico na minha casa, e que exercício físico é responsabilidade diária. Com 20, me exercitava muito pouco, era uma obrigação, um sacrifício. Com 30 comecei a ter uma rotina mais estruturada de exercício, e agora chegando aos 40 faz parte do meu dia a dia e tenho prazer em me exercitar.

Essa Larissa mais clássica e refinada condiz com o que realmente existe? Como você se vê e consegue ser você mesma em que momentos? Condiz comigo mesmo. Mas é claro que tenho muitas outras facetas. Meus amigos brincam que sou elegante até comendo bergamota (mexerica) sentada no chão, (risos). Entretanto isso não é um objetivo pra mim, ser sempre elegante. Só não sou eu mesma quando estou atuando.

Qual é a sua ligação com a moda e como cuida da saúde da mente e do corpo? Sempre gostei de moda, e acho que tenho um estilo bem definido. Sou clássica e feminina. Gosto de peças românticas. Me cuido bastante, faço acompanhamento com uma endocrinologista para ir prevenindo os sinais do tempo. Com minha dermatologista, Dra. Aline Vieira também fazemos assim, um trabalho de prevenção, identificando as áreas que merecem mais atenção. Cuido muito do meu rosto, pois tenho a pele muito branquinha e tenho tendência a flacidez. Também vou na Dra. Jaqueline Silveira que trabalha com Odontologia Sistêmica, e cuida do corpo todo pelo alinhamento dos dentes. Quanto a mente, não faço nada específico, mas procuro ser positiva, priorizando os bons pensamentos, e a gratidão.

Se sente realizada ou realizando? Realizando.

O que te diverte e te provoca? Me diverte estar em família, com meus amigos, comendo bem, bebendo bem e ouvindo boa música. Meu trabalho me diverte também. Me provocam os desafios do dia a dia, da maternidade, conseguir dar conta de tudo que tenho preciso diariamente. Me sinto provocada a dar meu melhor todos os dias. E quando o dia acaba, durmo quase sempre feliz por ter conseguido. Me sinto uma super mulher!