A atriz Miriam Freeland é movida a fé! Fé no seu talento, fé na sua capacidade e no poder da fé em transformar as coisas e as pessoas. Não é à toa que ela tem construído uma carreira de sucessos e seu mais recente trabalho, a Raabe em “A Terra Prometida”, na Record, tem sido um sucesso de público e crítica. Avessa aos deslumbres da visibilidade que a TV possibilita. Miriam segue cheia de projetos para esse novo ano e não pretende diminuir o ritmo tão cedo seja lá no teatro, cinema ou TV.
Você voltou para a Record depois de alguns anos sem fazer televisão. Antes disso teve uma trajetória na emissora. Qual a importância disso na sua carreira? A Record entrou na minha vida em 2005, com uma novela muito importante pra mim, que foi “Essas Mulheres”, uma personagem incrível. Depois de uma série de trabalhos na Globo, como “O Cravo e a Rosa”; depois “Esperança”, com o Luis Fernando Carvalho; em seguida “Um Só Coração” com o Carlos Araújo e o Carlos Manga. Sinto que toda essa preparação, com “Essas Mulheres” eu me emancipei como atriz na televisão em termos de trabalho, de profundidade de trabalho, e de personagem bacana. Dentro da Record tive personagens de destaque, tive a oportunidade de protagonizar trabalhos com personagens bacanas, bons de se fazer, que qualquer ator gostaria de fazer. E a oportunidade de me exercitar sem me expor tanto, porque obviamente quando você está na Globo a exposição é muito maior, mas eu acho que amadureci dentro da televisão nos meus trabalhos na Record. E dou muito valor a isso: a Record me colocou num lugar não só de protagonismo, mas de bons personagens, de importantes personagens em termos mesmo de valor artístico. Então a minha experiência com a Record é muito positiva. A minha saída foi uma saída aconteceu num momento em que eu estava precisando.
Como foi a volta pra emissora? Fui convidada pela própria casa, antes mesmo de começar a escalação oficial, para fazer a Raabe. Fiquei muito feliz de pensarem em uma personagem pra mim, ainda mais forte como a Raabe.
A base da novela “A Terra Prometida” é a fé, principalmente para sua personagem (a vida da Raabe muda quando ela descobre uma nova fé). Esse sentimento existe na pessoal Miriam Freeland? Sou budista, pratico budismo japonês. Acredito na fé, acredito na potência da fé, acredito na prática da fé, enfim, vejo beleza nisso. Acho que cada um encontra seus mecanismos de sobreviver de uma forma melhor no mundo, e eu encontrei na minha. Mas acredito, acredito na prática da fé, no poder da fé. Com certeza. Acredito na capacidade do ser humano de através da fé fazer transformações importantes.
Desde os primeiros capítulos Raabe chamou a atenção de público e crítica. Você sente isso? Como chega até você? Tenho sentido impressionantemente o sucesso da novela, como as pessoas tem uma empatia muito, muito grande pela Raabe. Não sou de redes sociais, nada disso, mas chega aos meus ouvidos como a Raabe é falada nas redes sociais, enfim, nesse novo mecanismo de acesso, de divulgação. Mas, nas ruas é impressionante a torcida por ela, pela felicidade dela, mas efetivamente uma empatia. As pessoas, de uma certa maneira, se identificaram com a personagem, e ela tem um carisma incrível. Fico muito feliz de emprestar um pouquinho de mim, do meu trabalho, da minha dedicação pra uma personagem tão forte, tão impactante. O carinho é muito grande, tenho sentido isso.
Depois do furacão Raabe a atriz Miriam Freeland tem projetos imediatos? Em dezembro comecei a filmar o longa Casa de Bonecas, que é baseado na peça que eu e o Roberto (Bomtempo, marido da atriz) estamos fazendo, pela nossa produtora. Agora no início de 2017 filmo dois longas metragens: o Cine Hollywood 2, que é um filme de um diretor cearense, o Rauder Gomes, e o Detetives do Prédio Azul – o filme. E já emendo na série, que a gente inicia, acho que em março. Vou fazer as próximas duas temporadas da série.
Já falamos que você passou um tempo afastada da TV. Como foi esse período? E o que a fez voltar? Foi uma fase para me reciclar, estava precisando olhar para novos profissionais, olhar para o mercado, circular um pouco, voltar a estudar. Sempre mantive o teatro ali junto, mas eu estava querendo dar uma circulada mesmo no mercado, e foi muito bom. Foi um tempo de muito crescimento também, estava precisando oxigenar um pouco, e acho que essa minha volta pra lá (Record), inevitável pelo convite deles, muito respeitoso, muito reverenciado por parte da empresa, e com uma personagem que realmente é extremamente forte. É numa história bíblica, mas poderia não ser. Acho que a potência da personagem, a verticalidade dela, é o que me interessa – a possibilidade de, mais uma vez, eu me desenvolver e me aprimorar como artista, como atriz, dentro da televisão.
Quais seus critérios na escolha de projetos? Ir atrás de bons personagens. Se tiver que voltar pra Record num bom personagem, vou voltar; se tiver que ir pra TV Globo fazer um bom personagem, eu vou fazer; se tiver que fazer uma série incrível, vou fazer; se tiver que fazer uma novela em Portugal com uma personagem incrível, vou fazer. Acho que a oportunidade me interessa quando tenho um bom personagem na mão, que me dê a oportunidade de melhorar, me aprimorar, estudar, e realmente é isso o que importa. E o teatro me dá um embasamento.
Você trabalha com crianças e para crianças (na série do Gloob e em peças teatrais). O que acha de pessoas tão novas entrarem nesta profissão? Com relação às crianças, tenho uma certa dificuldade porque acredito que é uma carreira muito dura para as crianças muito novinhas. Acho que às vezes os pais se deslumbram e acabam não dando o amparo necessário que a criança, quando está trabalhando, precisa. Então procuro conversar, às vezes sou um pouquinho dura, mas muito carinhosa, muito afetiva. Gosto de criança, trabalho pra criança, sempre fiz teatro infantil porque gosto. Faço trabalho no Gloob, que é o D.P.A pra um público infantil e que trabalha com criança também. Procuro cuidar, sim, mas tenho minhas ressalvas no sentido de que acho sério esse trabalho na televisão pra criança, por conta da exposição, de um pseudo sucesso, e se a criança não tiver um amparo, uma estrutura colada ali com ela, pode dançar quando crescer, acreditar nesse sucesso momentâneo e não criar uma estrutura bacana de personalidade mesmo. Então procuro conversar, até com os pais, quando tenho essa abertura.
Sua parceria com Roberto Bomtempo vai além do casamento (relação que começou nas coxias de Essas Mulheres). Como é a parceria profissional entre vocês? Estão com uma peça em cartaz, correto? As minhas produções junto com o Roberto, meu marido, na nossa produtora Movimento Carioca, mesmo pequena, é onde eu consigo ir amadurecendo, fazendo a minha História, independente de uma sazonalidade que a acontece na televisão. A gente vai filmar agora nosso próximo longa, e continuamos fazendo nossas peças. Ré estreamos em novembro Casa de Bonecas, do Daniel Veronese, que é um trabalho muito forte, muito contundente. Acho que a minha carreira foi se fazendo dessa forma. Então sou muito grata pelo espaço que a Record me deu por conta desse amadurecimento que eu pude viver, e também este momento em que posso estar mais solta pra fazer escolhas, escolhas que me permitam um crescimento e um desenvolvimento. Já iniciei o projeto de um próximo espetáculo que a gente está produzindo também, pra estrear em maio do ano que vem. É um infantil baseado num livro chamado O Diário de Pilar na Grécia, que é da Flávia Lins e Silva, a mesma autora de Detetives do Prédio Azul.
A peça Casa de Bonecas toca em um assunto ainda delicado: o feminismo. E é sucesso, já que estão na terceira temporada. Como o público recebe o espetáculo? Com relação ao feminismo, ao tema do espetáculo, a gente está na terceira temporada, sempre um grande sucesso de crítica e público. A gente percebeu que o tema está em voga e que as pessoas tem querido falar sobre isso, tem pensado sobre esse tema, tanto jovens quanto mulheres mais velhas, homens, casais, acaba sendo muito impactante. Fizemos sessões com bate papo depois, e agora nessa temporada estamos fazendo também. A gente tem percebido que é um tema necessário ainda de se pensar, de se falar, e o espetáculo é muito palatável, é para qualquer tipo de público, e isso torna tudo muito interessante, como ele chega na plateia, no público, é muito forte. E estou muito feliz, um personagem que sempre tive vontade de fazer, e estar no palco com o Roberto é sempre incrível.
Quais são seus projetos futuros? Nesse começo do ano gravo dois longas, o filme do DPA (Detetives do Prédio Azul) e Cine Holliúde, direção de Halder Gomes e gravo o DPA (série do Gloob) as temporadas 09 e 10. Estou produzindo meu próximo espetáculo, um musical infantil baseado no livro “Um Diário de Pilar na Grécia”.