Determinação, disciplina e apoio familiar fizeram, e fazer, do ginasta Arthur Nory um grande campeão. Ainda mais agora nas Olimpíadas de 2016 quando ganhou mais uma medalha e viu seu nome ficar ainda mais popular dentro e fora das quadras. Alto astral e de bem com a vida Nory segue sua rotina de exercícios e de um jovem de apenas 23 anos que também quer se divertir, sair com amigos e colher os frutos do seu esforço. O cara tem um futuro próspero e já se prepara para o próximo mundial que irá acontecer em outubro no Canadá. Entre um treino e uma viagem conversamos com Nory e foi uma grata descoberta.
Como acredita que o esporte pode fazer parte de uma família e como essa família pode descobrir e incentivar futuros atletas? O esporte está muito presente aqui no Brasil, e acredito que agora após as Olimpíadas cresceu ainda mais. E conhecer nossos ídolos, ver ícones do esporte em ação, isso nos motiva a querer entrar no esporte. Levo isso na minha vida, pois fui influenciado pela Daiane dos Santos. Eu a vi competindo nas Olimpíadas de 2004 e me apaixonei pelo esporte.
Você cresceu numa casa de atletas, tendo a mãe nadadora e o pai judoca. Em que ponto o apoio dos seus pais foi fundamental na formação não só do atleta, mas do campeão Arthur Nory? Foi fundamental o apoio, a influência do esporte desde pequeno. Pelo meu pai eu seria judoca, até a faixa preta, e pelo judô conheci a ginastica. Uma coisa levou a outra. Ginastica é minha paixão, e minha mãe viu muito disso. Então por eu ser apaixonado, disciplinado e determinado nos meus objetivos na ginastica, minha mãe sempre me motivou a continuar. Porque antes de tudo, devemos fazer aquilo que amamos.
No início você foi pelo judô mas graças a influência (indireta) dos irmãos Hypólito você migrou para a ginástica olímpica. Olhando para trás acredita que seria tão bom judoca quanto é ginasta? Quando exatamente viu que a ginástica era sua praia? Acredito que seria mediano. Porque eu não amava o judô como amo a ginastica. Fazia por fazer. Mas em 2007, após dois anos de ginastica artística na minha vida, me tornei campeão brasileiro infantil (e ganhei todos os aparelhos), ali em diante percebi que era aquilo que devia seguir.
Do que você abriu mão, e abre até hoje, para ser o atleta disciplinado e campeão que é hoje? A gente abre mão de muita coisa. Quando a gente cresce, vem as “tentações” que seria sair, balada, festas. Mas como atleta sabemos que não é sempre que podemos. Devemos sim, ter uma boa alimentação, cuidar do sono, dormir é fundamental. Treinar e treinar e treinar. Dar o 100 por cento todos os dias para atingir nossos objetivos.
Um atleta consegue medir o quanto é treino, disciplina e dom em sua trajetória de sucesso? Dá para se chegar ao pódio só com treino e disciplina mas sem o dom? Ou o contrário. Acho que todo atleta só chega lá trabalhando, treinando. Talento ajuda, mas não é o fundamental. Tem que treinar, treinar, treinar, treinar e treinar bastante.
Você chegou a ser 3º Sargento da Aeronáutica. Acredita que a disciplina militar te ajudou? Como conquistar a disciplina ideal? Eu fui incorporado pouco antes das Olimpíadas. As Forças Armadas criaram esse projeto de alto rendimento para incentivar os atletas. Agora em 2017 vou fazer o curso de formação, antes estávamos muito focados para competir.
Depois de passada as Olimpíadas… que peso real teve a medalha de bronze aqui no Brasil? Enorme. Não só pelo o peso da medalha, mas pelo o que nós atletas passamos para chegar nela. E toda nossa história no esporte para consegui-la. Porque todos sabem que não é nada fácil geral lá.
Hoje em dia a cobrança é maior dos outros ou sua em relação a novas medalhas? Em que você pode melhorar? A gente sempre pode melhorar ainda mais. Novos objetivos, novo código de pontuação da ginastica. Então agora é focar para as próximas Olimpíadas e campeonatos mundiais.
Disciplina é a grande questão de qualquer atleta. Qual o grande desafio para se alcançar e manter a disciplina? É pessoal. A disciplina vem da pessoa. Ninguém vai te obrigar a estar 8 horas da manhã no ginásio. Ninguém vai pegar na sua mão para levar até lá. Acredito que nós não devemos nenhuma barreira falar mais alto que nossos sonhos.
Fora das quadras você se considera um cara disciplinado? Que ensinamentos o esporte traz para seu dia-a-dia? Me considero sim. Sou atleta dentro e fora. E sei que o que faço fora do ginásio também pode afetar dentro. Devemos sempre pensar como campeões. Campeões da vida.
A ginástica traz como resultado físico um corpo perfeito. Tem algo a melhorar? O que mudaria no seu corpo? É difícil manter? Manter o peso, manter a forma. A ginastica trabalha muito o corpo. O corpo todo praticamente. Então temos todo o cuidado, desde a fisioterapia, massoterapia, alimentação, para manter o corpo ideal de cara atleta. É muito pessoal também.
Como é sua rotina de exercícios e alimentação? Tenho todo um trabalho com a minha nutricionista (Carol Yoshioka), que tem o planejado conforme competições, conforme o calendário esportivo. Então a gente trabalha muito nisso. Início de temporada, pré-temporada, competitivo, pós competitivo, período de férias. Temos profissionais que nos auxilia.
Quando não está treinando o que curte fazer para se distrair? Sair com amigos, encontrar meus amigos, ver filme. Adoro rir, adoro estar perto de pessoas que gosto muito. Mas gosto muito de ir ao teatro, admiro muito o teatro musical.
Na Vila Olímpica entre uma competição e outra a paquera rola solta? Dá para se distrair um pouco ou melhor se preservar? Olha, na Vila eu não vivenciei esse lado de paquera. Mas sei que rolou bastante.
Você é um cara vaidoso? Até que ponto? Como lida com o espelho? Sou, sou vaidoso. Acho que até demais. (risos). Para estar bem para entrar bem para competir.
O que espera para 2017? Quais suas metas dentro e fora das quadras? 2017 espero muita saúde. É muito fundamental, pois preciso estar inteiro para poder competir. E ser medalhista mundial (que vai acontecer em outubro na cidade de Montreal, Canadá). Focar bastante nesse nosso código de pontuação e treinar muito para ser campeão olímpico!