O que era pra ser só uma ocupação do tempo livre acabou se tornando uma grande paixão, prazer e profissão de Renata Guida. A atriz já subiu no palco para teatro, musicais e já fez seriados de grande renome. Já foi a Rita Lee e agora é parceira de Eriberto Leão no musical Jim. Renata é aquele talento que brilha, que cresce e aparece e que a gente quer assistir sem parar.
Você começou cedo, aos 16 anos, já naquela época tinha certeza que queria ser atriz ou era só uma experimentação? Não, quando entrei no Teatro-Escola Célia Helena eu pensava no teatro como algo pra preencher o meu tempo livre nas tardes depois do colégio. Dois anos depois eu já sabia que queria aquilo pra minha vida e ingressei ao mesmo tempo no Centro de Pesquisa Teatral dirigido pelo Antunes Filho e na Faculdade de Artes Cênicas da USP. Foram anos intensos de formação e muito aprendizado, nos quais eu não tive tempo pra quase nada além do teatro. Tenho um carinho muito grande por essa época.
De São Paulo para o Rio, já está completamente carioca? Uma paulistana criada por mais de vinte anos em São Paulo será sempre uma paulistana (risos), mas sou declaradamente apaixonada pelo Rio de Janeiro e essa é a cidade que escolhi pra viver! Gosto de aliar o rigor paulista à sabedoria do carioca de não se levar tão à sério.
Sua estreia na TV foi com o seriado “Clandestinos”, de João Falcão. Como foi essa experiência? Ter sido um texto de João foi ainda mais importante? É muita sorte começar na TV com um mestre tão genial e generoso como o João, e mais sorte ainda se o seriado em questão foi baseado em uma peça há anos em cartaz com um elenco maravilhoso. Todos os atores tinham muita intimidade com os textos e as histórias dos personagens, pois vivíamos aquilo no teatro há um bom tempo. Foi um trabalho absolutamente afetivo, trabalhamos em clima de família, de muita confiança e entrega. Isso fez toda a diferença.
Na sua trajetória, peças, cinema e participações em seriados, novela entra nos planos? Claro, é uma linguagem que me atrai muito, principalmente por eu não dominar tanto. Existe uma prontidão e uma esperteza que só a experiência de meses numa novela pode te dar. Quero muito a possibilidade da imersão nessa linguagem.
O que mais te encanta da arte de atuar? Ser um canal de infinitas possibilidades além de mim mesma, e poder contar bem boas histórias! A vulnerabilidade é a natureza do trabalho do ator e isso é muito delicado e difícil às vezes, mas é essa entrega, esse sacerdócio que faz desse trabalho tão especial.
Atualmente você está no musical “Jim”, que conta a vida do astro do rock Jim Morrison. O que mais te fascinou nesse projeto? A pungência do rock do “The Doors” transposta para o teatro pela primeira vez no Brasil.
The Doors faz parte do seu gosto musical? Absolutamente! O rock sempre foi meu gênero musical favorito. The Doors, Velvet Underground, Rolling Stones, Mutantes, Cazuza, Led Zeppelin, Rita Lee, Iggy Pop, P.J.Harvey, Joy Division, Red Hot Chilli Pepers, e, mais do que tudo, Nirvana!
O que tem de mais bacana no musical e mais exaustivo? O fato de a peça abordar a vida de um astro do rock, sem ser necessariamente biográfica. Ela parte da história de um fã do Jim, para evocar, a partir daí a energia e a força da banda. Por enquanto não há nada de exaustivo.
Como tem sido dividir o palco com Eriberto Leão? Um presente. Ele é um parceiro de cena incrível, muito generoso, dedicado e propositivo. E a entrega absoluta dele ao personagem e ao projeto são definitivamente uma inspiração e um exemplo pra mim! Aprendo muito com ele.
O rock sempre teve um viés de rebeldia, de protesto. Aqui no Brasil a época de efervescência foram os anos 80, depois a coisa foi caminhando pro lado mais pop, balada romântica. Mudou o mundo, os jovens, a visão política, a vontade de lutar? Tivemos um tempo mais morno, de aparente apaziguamento, mas as manifestações dos últimos meses mostraram claramente a insatisfação e a inquietude da população e a vontade da mesma de se posicionar politicamente de uma maneira mais efetiva.
Recentemente você interpretou a cantora Rita Lee no filme “Tim”, com estreia para março. Como foi essa experiência? O que te encantou nesse novo trabalho? Fazer a Rita Lee no cinema foi uma alegria sem tamanho! A rainha do rock brasileiro, uma mulher que sempre disse e fez o que quis, com muito talento e inteligência. Ela se inseriu num mercado prioritariamente masculino e por lá permanece até hoje com mais força do que nunca. Acessar essa energia transgressora, rebelde e debochada para interpretá-la foi um mergulho transformador.
Existe a possibilidade de interpretá-la no teatro também? Não existe nenhum projeto em vista sobre a Rita Lee. Mas é uma vontade grande de minha parte. Seria incrível.
“Vamos recriar o mundo, o palácio da concepção está ardendo. Olha! Vê como arde!” Esta famosa frase de Jim Morrison parece mais atual que nunca, como você vê o mundo hoje? Num momento de profundas transformações. Tudo está acontecendo de forma muito intensa, não temos mais como nos abster da responsabilidade das escolhas. É um tempo de posicionamento, de escolhas a serem feitas e assumidas.
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