ENTREVISTA: O humorista Nizo Neto comemora no teatro seus 40 anos de carreira

O ator Nizo Neto não nega as origens, filho do comediante Chico Anyzio, logo enveredou pelo mesmo caminho do pai participando de programas de humor, como a saudosa Escolinha do Professor Raimundo, além de novelas, filmes e peças de teatro. Porém, sem nunca largar o bom humor e a paixão pela arte de atuar. Quer dizer, em se tratando de Nizo, atuar é apenas uma das suas diversas atividades, o cara atua, dirige, escreve…e até dubla personagens de desenhos, como fez clássico Caverna do Dragão (com o personagem Presto). Versátil, ousado e criativo, Nizo resolveu comemorar seus 40 anos dessa vida agitada falando de sexo ao lado da esposa, a atriz (e sexóloga) Tatiana Presser na peça “Vem transar com a gente”. O título sugestivo dá margem a muitos debates e muitas risadas. Pensando nisso, fomos conversar com Nizo para saber um pouco mais sobre esse “convite” ao teatro e seus futuros projetos. E claro, conhecer um pouco mais desse cara divertido e inquieto.

O que mais o seu pai, Chico Anysio, inspirou na sua vida? Fora a parte artística, de quem sofri uma influência enorme, uma grande inspiração por parte dele foi a honestidade.

 

40 anos de carreira. Qual balanço faz de todos esses anos na vida artística? Sou um grande privilegiado. Viver de arte, em qualquer parte do mundo, não é tarefa fácil.

Você atua, dubla e escreve. Dá tempo de fazer mais o quê? (risos) Mais o que vier! Um dos grandes fascínios do meio artístico é essa diversidade.
TV, teatro, cinema, como trafegar por todas essas mídias e sem perder a qualidade e a naturalidade para atuar, escrever e dirigir? Fazer qualquer coisa artística profissionalmente é bem mais difícil do que se imagina. Criar quando se está inspirado é infinitamente mais fácil. O desafio é administrar isso no dia a dia. Mas a prática, a experiência e, principalmente, o amor à coisa, ajudam.

Você está em cartaz no teatro com a peça “Vem transar com a gente”. Por que a gente deve ir? (risos) Esse é um projeto único, com formato inédito no mundo. Vocês devem ir porque vão aprender se divertindo e vice-versa (sem que ninguém tire a roupa). Tem coisas simples e importantes sobre sexo que vocês vão descobrir e melhor: rindo muito! Tem mais detalhes em http://facebook.com/vemtransarcomagente

 


O que tem sido mais interessante para você nessa peça, poder falar de sexo abertamente com o público ou receber o feedback do público que chega até vocês para realmente tirar dúvidas sobre o assunto? Os dois. O Brasil é um país extremamente sensual. Está na hora de pararmos com esse papo hipócrita de “moral” quando se fala de sexo de verdade. É muito legal poder falar sobre isso de forma aberta e, claro, bem humorada e elegante. O feedback do público é sensacional. Tem uma parte interativa, onde a plateia faz perguntas escritas de forma anônima e a Tatiana (Presser) responde no palco. Se vocês vissem o que se pergunta (e o que se responde…) com certeza cairiam pra trás. Aliás, vocês podem ver no nosso blog de perguntas e respostas (www.vemtransarcomagente.blogspot.com.br). Muitos casais vem nos perguntar coisas e, principalmente – pessoalmente e pelo Face – dizer o quanto a peça foi  importante pra dar um “up” nas suas relações. Muito gratificante.

Atuar ao lado da esposa (e sexóloga) dá mais intimidade à peça? Vocês dois já viveram muito das situações citadas na peça? Muito mais intimidade. Há hoje nos EUA e na Europa alguns shows cômicos dando dicas de sexo e que são grande sucesso. Mas o que torna “Vem Transar…” inédito é que ele é feito por um casal que está junto há 11 anos e tem duas filhas. Isso dá uma intimidade e credibilidade únicas. Lógico, muitas situações foram (e são) vividas por nós.

 

Agora que você está mergulhado nesse universo de terapia sexual, qual o problema mais comum e qual a solução mais indicada? No momento existe uma grande obsessão pelo “fio terra”. Muitas mulheres preocupadas com esse desejo por parte dos homens e temor de achar que, por isso, vão virar homossexuais. A solução indicada? Vá ver “Vem Transar Com a Gente”, temos um quadro dedicado exclusivamente ao assunto.

Você se sente mais à vontade para debater o assunto na rua e em casa com Tatiana? Claro que em casa. Tudo fica mais à vontade em casa. Mas não vejo sexo como esse tabu que a maioria vê. Sinceramente eu não tenho o menor problema em subir ao palco e, sem estar “por trás” de um personagem, falar disso abertamente. Desde pequeno eu aprendi que ator com vergonha tem que mudar de profissão.

 

Você está em Muita Calma nessa hora 2. Diz aí, quando fica difícil manter a calma? Quando a gente abre o jornal e vê tantas atrocidades se repetindo no mundo. O ser humano não tem jeito.

O que a gente deveria alugar e o que deveríamos vender? Um casarão velho em Copacabana, que já foi num ponto nobre e agora tem uma comunidade enorme formada em volta. Ih, essa é a história de “Vendo ou Alugo”, filme da Betse de Paula que eu participo e estreia em agosto num cinema perto de você.

Pouco se sabe de sua vida privada, mesmo você sendo uma pessoa pública. Como consegue esse feito? Sei lá.

Boas lembranças do Sr Ptolomeu? Maravilhosas. Ter feito a “Escolinha” foi um privilégio para poucos. Com certeza um dos maiores programas de humor da história. Lá eu tive a chance de contracenar com um pessoal que pouca gente da minha geração teve. O Ptolomeu em si era meio chato, mas ele me fez famoso.

A Escolinha do Professor Raimundo foi um grande sucesso e muita gente começou lá. Como conciliar tantos talentos em um só quadro conseguindo equilibrar a aparição de todos? A Escolinha tinha uma equipe fantástica de comediantes e redatores. Conciliar gente boa não é tão complicado. E o próprio formato do programa facilitava essa carpintaria. Tenho saudade da “Escolinha”.

Como se deu sua carreira de dublador e qual o caminho para quem quer trilhar essa profissão? Sempre gostei de fazer vozes. Eu comecei em dublagem em 83. Posso dizer que peguei ainda a “era de ouro”, quando se dublava em 16mm e ficava todo mundo junto no estúdio, muitos vindos da Rádio Nacional. Dublagem é um trabalho dificílimo e extremamente especializado. Nossa dublagem, junto com a alemã e a italiana, está entre as melhores do mundo. Eu já não faço há um tempo, tenho me dedicado a outros projetos e para você estar no mercado, tem que se dedicar. Foi uma coisa importantíssima na minha vida, uma escola maravilhosa onde tive o privilégio de trabalhar com uma galera que poucos tiveram. Graças à dublagem posso, orgulhosamente, dizer que tenho uma formação radiofônica. Quem quer trilhar essa profissão eu aconselho que faça um curso, vá aos estúdios, faça testes e ENCHA O SACO DOS DIRETORES! Não tem outro jeito. Tem que ter paciência, não é fácil entrar no mercado. Um detalhe: Tem que ser ator sindicalizado. É o mínimo né, gente? Se é pra dublar o Al Pacino que seja pelo menos por um ator profissional.

É fácil fazer rir? E o que te tira do sério? Fazer rir nunca foi coisa fácil, mas tá cada vez mais difícil. O que me tira do sério é a impunidade. Vivo no país certo, né…?

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