Não é de hoje que a tarefa de salvar o planeta Terra está entre uma das pautas mais discutidas em todo o mundo. Problemas ambientais, escassez de recursos naturais, doenças e muitas outras questões giram em torno do tema. Comemorado no dia 22 de abril, o Dia da Terra traz à luz a consciência do nosso próprio consumo dessas riquezas que a Natureza nos fornece.
A começar pela indústria da moda, uma das quatro que mais consomem recursos naturais, segundo a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA). A fabricação de novas roupas aumenta a emissão de CO2, além dos gastos com água e utilização de produtos químicos para lavar as peças entram na conta dos prejuízos causados ao meio ambiente. Sobretudo, há ainda uma discussão ética em torno do consumo de roupas novas, que muitas vezes são usadas uma única vez.
Uma das novas tendências do mundo fashion que vêm reduzindo esse impacto e levantando a questão da produção descontrolada é o mercado de segunda mão. “Aos poucos, o second hand vai conquistando um espaço importante no mundo da moda. Ao dar uma nova chance aquele vestido que está parado no guarda-roupa, conseguimos diminuir muito o impacto no meio ambiente”, explica Carol Esteve, fundadora e CEO da Buy My Dress (@buy.mydress), primeira plataforma e-commerce de compra e venda de vestidos second hand do Brasil.
A empresária, que sempre sonhou em trabalhar com moda, e ao mesmo tempo, criar algo que causasse um impacto positivo para tudo e todos, complementa ainda que a crise sanitária da Covid-19 pode ter acelerado o crescimento desse setor. “As pesquisas apontam que o mercado de segunda mão vai crescer 5x mais, estamos em uma fase de quebra de tabus. Mas cada vez mais, é notável o impacto positivo tanto sustentável, quanto financeiro desse tipo de consumo. A pandemia mudou o comportamento dos consumidores, as pessoas estão atentas ao que está acontecendo com o mundo”, explica Carol.
No mercado de beleza, sempre atento ao comportamento de compra, já se encontram produtos que atendem ao requisito, mas os rótulos ainda causam dúvidas entre o público. Expressões como cosmético natural, orgânicos, veganos, biodinâmicos e cruelty free estão cada vez mais presentes nas embalagens. Para Rafael Zarvos (@rafaelzarvos), especialista em Gestão de Resíduos Sólidos e fundador da Oceano Resíduos, a questão vai muito além do rótulo. “Consumo consciente, não é necessariamente sobre escolher um produto eco-friendly, mas sim sobre ser consciente do que se está comprando”, alerta o especialista. Pensando nisso, Zarvos criou um dicionário que explica a diferença entre cada produto e seus impactos no planeta.
Cosmético Natural – No Brasil não existe Norma, Portaria e nem Diretrizes que regulamentem a classificação de “Cosmético Natural”. Adotamos aqui os conceitos da IBD, maior Certificadora da América Latina. Para que o cosmético possa receber um Selo de “Natural”, precisa utilizar matérias-primas naturais cujas substâncias sejam de origem vegetal, inorgânica-mineral ou animal (exceto vertebrados) e suas misturas. As matérias-primas derivadas do natural devem preferencialmente ser oriundas de insumos orgânicos. Insumos não naturais ou a partir de reações não permitidas a partir de uma substância natural, desqualifica seu uso em produtos cosméticos orgânicos ou naturais. São exemplos de matérias-primas proibidas: corantes sintéticos, fragrâncias sintéticas, polietilenoglicóis (PEGs), quaternários de amônio, silicones, conservantes sintéticos, dietanolamidas, derivados de petróleo etc. Os cosméticos naturais deverão destacar em seu rótulo quais ingredientes são naturais e/ou orgânicos e/ou oriundos de extrativismo certificado.
Cosméticos Orgânicos – Baseado na sustentabilidade, usam produtos naturais e o seu manuseio não agride o meio ambiente. Precisam ser certificadas para receberem a denominação “Orgânico”. O cosmético a ser classificado como orgânico deve conter pelo menos 95% de matérias-primas orgânicas. Os cosméticos orgânicos devem destacar quais são os ingredientes orgânicos utilizados e deverão obrigatoriamente apresentar o selo do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (SISOrg) ou então o selo “IBD Orgânico”.
Cosméticos Veganos – Produção que não utiliza matéria-prima de origem animal. Além disto, a empresa que cria o produto não pode fazer o teste final em animais bem como os fornecedores dos insumos devem comprovar que os ingredientes não foram testados em animais. É preciso prestar atenção na etiqueta para ver se o fabricante não está usando substancias derivadas do petróleo. Em 2013 a Sociedade Vegetariana Brasileira (SBV) criou um selo para certificar os produtos veganos.
Cosméticos Cruelty-free – Produtos desenvolvidos e que não foram testados em animais. Exige-se ainda que a empresa implemente um sistema de monitoramento da cadeia de fornecedores. Atualmente existe um selo internacional, o “Leaping Bunny“, que garante que o produto é “Cruelty-Free“. Contudo, não significa que em sua composição não haja ingrediente de origem animal.
Cosméticos Biodinâmicos – Precursor do conceito orgânico, surgiu em 1924 na Polônia com uma abordagem holística, onde o produtor utiliza os conceitos da Homeopatia e do calendário lunar para cultivar a matéria-prima que será usada na produção. A agricultura biodinâmica utiliza os mesmos meios de produção orgânica, praticando a compostagem e utilizando substâncias vegetais e minerais para fazer a adubação. A sua produção é mais restrita. É considerado uma espécie de “Orgânico Premium”. Somente são considerados Biodinâmicos se tiverem o selo “Demeter”.