Se for aventura pelo mundo e se tiver velocidade, é com ela mesma, Letícia Datena. A jornalista esportiva mais vidrada em corridas, Letícia trocou o mundo da moda pelo jornalismo não por influência dos pais jornalistas (reconheceu o sobrenome de algum lugar?!), mas por descoberta dessa paixão. Tudo começou com a Copa do Mundo de 2014 e se tornou mais decisivo ainda quando foi cobrir o campeonato chileno de rally, o Rally Mobil. De lá pra cá já rolou o Rali Dakar inteiro, o Campeonato Mundial de Rally, o WRC, Sertões e hoje, está na maior categoria do automobilismo sul-americano. Se sobressaindo num ambiente predominantemente masculino, Letícia mostrou que é fera no assunto. “Eu sou apaixonada por estar no meio do nada, na natureza, e se tiver uma pitada de adrenalina, melhor ainda”, conclui a bela.
Por muitos anos você trabalhou como modelo. O que ficou de bom dessa época? Faria algo diferente? Comecei como modelo profissional aos 13 anos, e me mudei para São Paulo, sozinha, aos 15, para trabalhar na agência Mega. E depois eu me dediquei somente a isso por mais de 10 anos, morei em oito países com essa profissão, e depois, comecei a trabalhar como jornalista, mas por muito tempo, modelando ainda. Inclusive vou retomar agora! Ou seja, esse período da minha vida teve grande importância na formação de minha personalidade, de minha cultura no sentido de ter me tornado fluente em outros dois idiomas além do português. Além de ter me dado ferramentas de trabalho que me são extremamente úteis. A desenvoltura com a câmera, a disciplina e a habilidade de trabalhar em diversas condições. E se eu faria algo de diferente? Talvez eu deveria ter aproveitado melhor certas oportunidades profissionais. Hoje, vejo coisas que não via aos 20 anos.
Da moda para o jornalismo esportivo. Qual desses dois universos é mais “duro” para a mulher? A cobrança estética do universo da moda ou desbravar um universo praticamente masculino? Os dois são duros, mas eu aprendi a não ser dura comigo mesma. A beleza é muito cobrada de uma mulher que vai trabalhar na frente das câmeras, mas esse nunca foi o meu diferencial, mas sim meu esforço e minha personalidade. Até no mundo da moda, sempre fui muito profissional, pontual, e sempre tentei me relacionar bem com as equipes e clientes – deixar uma boa impressão.
Você é daquelas que prefere trabalhar com homens do que com mulheres? Como vê essa relação hoje em dia? Não tenho preferência por trabalhar com homens ou mulheres – gosto de trabalhar com gente talentosa, humilde e esforçada. Hoje trabalho muito com homens, tenho uma equipe incrível na Stock, onde sou muito respeitada e nos divertimos muito.
E como foi essa transição da moda para o jornalismo esportivo? O que te levou a essa mudança drástica de carreira? Sou filha de dois excelentes jornalistas e, apesar de não planejar seguir a profissão, desde pequena, sempre tive jeito. Depois de ter tido algumas experiências na TV, ainda novinha, me mudei de volta para o Brasil em 2012 para apresentar o Repaginada, programa de moda da Mix TV. Depois, fui repórter do Faustão e na época, me chamaram para fazer parte da cobertura da Copa de 2014 pela Fox. Eu já estava “namorando” o jornalismo esportivo, porque amo esportes. A experiência na Copa deu certo, e foi evoluindo. Já trabalho com jornalismo esportivo há oito anos.
O fato de carregar um sobrenome famoso ajudou ou já complicou sua vida? Um pouco dos dois. Claro que me ajudou no sentido de me blindar (mas não sempre) contra algumas situações pelas quais minha colegas já passaram, por exemplo de assédio, de brincadeiras idiotas. Por outro lado, tem o pessoal que fala que você só está em determinado trabalho por causa da influência familiar, o que em nenhuma oportunidade, foi verdade.
E seu pai, já foi muito conselheiro? Como é a relação de vocês quando se trata de trabalho? Demais! É muito crítico! Ficava me assistindo na Fox e me ligava depois dos meus programas para me dar feedbacks bem realistas e, às vezes, duros. Mas foi essencial para o meu crescimento profissional, porque receber críticas de alguém que sabe muito do assunto e quer o seu bem, é maravilhoso para o aprendizado.
Você foi estudar no exterior, nas renomadas New York Film Academy e no Actors Studio, para se especializar em esportes. Qual o diferencial que essas duas escolas fizeram em sua formação? Na New York Film Academy, eu fiz um curso de jornalismo digital, na época em que nem existia iPhone. A gente fazia pesquisa, roteiro e ia pra rua com câmeras profissionais, aprendia sobre fotografia, enquadramento, iluminação. Depois, íamos editar todo o material, finalizar. Hoje, eu entendo todo o processo, e isso me ajuda a ser uma profissional mais completa. No Actors Studio, estudei atuação, mas descobri que não era a minha praia.
Depois você foi para a Fox Sports e cobriu uma Copa do Mundo. Como foi encarar esses dois desafios? Cobri duas copas e uma Olimpíada, um Rali Dakar inteiro, o Campeonato Mundial de Rally, o WRC, Sertões e hoje, estou na maior categoria do automobilismo sul-americano. Hoje, posso dizer que tenho experiência em grandes coberturas esportivas.
Mas foi no Chile que você descobriu sua paixão pelo automobilismo. Quando percebeu que o que fazia o coração bater mais forte era isso? Fui cobrir rali por acaso, porque precisavam de uma jornalista com a linguagem do esporte, mas que fosse fluente em espanhol e inglês no campeonato chileno de rally, o Rally Mobil. Isso porque iam fazer um evento, com a presença das autoridades da FIA (organização francesa onde todos falam francês ou inglês), e precisavam de uma jornalista para fazer essas entrevistas e traduzir, para a televisão chilena. Eu fui convocada e me apaixonei pelo primeiro Rali que cobri – o GP de Concepción. Me saí bem e fui contratada para o campeonato, onde fiquei por 3 anos.
Como é a experiência de cobrir um Rally Dakar? Foi provavelmente a coisa mais incrível que já fiz na vida. Eu sou apaixonada por estar no meio do nada, na natureza, e se tiver uma pitada de adrenalina, melhor ainda. Fiquei 10 dias no deserto, trabalhando e vivendo em condições extremas, mas faria isso todos os anos se pudesse.
Qual sua maior aventura por conta do trabalho? As que eu já tive foram definitivamente as coberturas de Rali, em especial o Dakar, o Rally Wales (WRC no País de Gales) e o Rally Finland, WRC na Finlândia. Também a especial de Col de Turini, nos Alpes Franceses, única vez que cobri rali na neve, foi umas das etapas do WRC de Monte Carlo.
Não por acaso você adora viajar. Qual a viagem mais inesquecível e qual destino ainda deseja conhecer? Já fui pra muito lugar legal, mas destaco a África, como continente, e minha última viagem à Espanha, na qual fui pedida em casamento pelo Rogério. E estou indo pra Grécia, que é a realização de um sonho. Falta Israel e Groenlândia!
E como anda a adrenalina no Stock Car atualmente? A Stock Car está em um momento sensacional, com um grid cheio e repleto de pilotos de ponta. Temos quatro ex F1, é um nível de competitividade e impressionante, com carros brigando no mesmo segundo. O novo CEO, Fernando Julianelli, veio para revolucionar o projeto, e neste ano eu destaco a realização da primeira corrida em uma pista de aeroporto da história, o GP Galeão e a estreia da F4 Brasileira, que é realizada pela Vicar também.
Sonha (ou já realizou o desejo) em pilotar? Ou prefere ficar só de afora fazendo as coberturas? Adoro dirigir, mas pilotar é pra quem se preparou muito, por anos. Consigo ser uma ótima jornalista sem pilotar pra caramba, deixo isso para os profissionais.
Nas horas vagas para relaxar, o que curte? Estou numa fase muito tranquila. Eu passo todo meu tempo livre com meu marido, Rogério e com a minha família. Fazemos pequenas viagens de fim de semana, gosto muito de cozinhar, sair para jantar em algum lugar legal e assistir filmes e séries. Também amo praticar esportes, e estou praticando Muay Thai, para deixar os treinos mais divertidos e dinâmicos.
Você posou para a Playboy em 2017. Foi mais um ato de liberdade, vaidade ou quebra de tabu? O que representou para você? Foi um trabalho. Mas gostei muito do resultado, guardo a experiência com carinho.
Para conquistar Letícia basta… É ter um coração bom, talento e inteligência. São qualidades que procuro em todo mundo que for participar de minha vida.
Fotos Jonthan Arraigada
Assessoria de imprensa Julyana Caldas