DESTINO MENSCH: Salamanca – Um patrimônio de cultura e animação da Espanha

Devido à privilegiada localização numa região serrana à 212km de Madrid e banhada pelo Rio Tormes, Salamanca foi escolhida em 1218 pelo rei Alfonso IX para abrigar a segunda universidade existente na Europa. Também conhecida como Cidade Dourada em função do arenito utilizado em suas construções, que ao pôr do sol são uma dádiva para os olhos e fica fácil entender por que elas renderam à cidade o título de Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

Em 1254 o papa Alexander IV intitulou a universidade como “one of the four leading lights of the world”, ou seja, uma das quarto luzes que guiavam o mundo medieval, junto às universidade de Oxford, Paris e Bologna. Com tanto prestígio, cerca de 36 mil pessoas estudam em duas das melhores universidades da Europa: pública ou católica. Ou optam por aprender o puro castelhano num dos diversos cursos de línguas. Anualmente, seus 160 mil habitantes também recebem mais de 1 milhão de turistas, inclusive romeiros guiados pelas marcas douradas implantadas no chão que indicam a direção para o caminho de Santiago de Compostela.

Existe uma miríade de conventos e monumentos religiosos na cidade: destaque para a Plaza Juan XXIII, com o contraste da deslumbrante Catedral Velha, datada de 1140, a primeira na Espanha de estilo romanesco. E ao seu lado, a Catedral nova, que demorou mais de 200 anos até ser finalmente finalizada em 1733. Apresenta um estilo arquitetônico gótico com influências barrocas e rococós.

É praticamente impossível se perder em Salamanca, basta se guiar pela Plaza Mayor que fica exatamente no centro da cidade, e que devido a sua beleza e abrangente iluminação é considerada a mais bela praça da Espanha.

Uma tradição genuinamente espanhola, “salir às tapas” significa sair à noite para conversar, tomar uma cerveja ou sangría (mistura de vinho com frutas) e petiscar alguns dos excelentes “bocadillos”, entre os favoritos o espetinho de camarão com pasta de ervas ou o lombinho defumado. Salamanca é provavelmente uma das cidades do mundo com atmosfera mais cosmopolita e mais bares per capita, fato que paradoxalmente mudou sua reputação ao longo dos anos de cidade do conhecimento para “ciudad del pecado”. Nem mesmo as drásticas temperaturas: cerca de 30 a 37ºC no verão e 4 a -6ºC no inverno, interrompem a frenética vida noturna da cidade, apenas as semanas de exames a acalma ligeira e parcialmente.

Logo na primeira noite, fui muito bem recebido em uma das clássicas chupíterias. Chupito é uma espécie de shot que custa entre 1 e 3 euros, o mais famoso é o de absinto cannabis: “Diablo Verde”. Durante o decorrer da semana, são comuns os “barralibres” ou open bar das 23h às 2:30am, sem esquecer que antes deles acontecem os “botellons” ou esquentas nas repúblicas, com música alta e dor de cabeça aos vizinhos espanhóis. As festas à fantasia ou temáticas, constantemente quebram a rotina noturna. Ainda não se impressione, pois se trata apenas do começo noite. Diariamente às 3:30am todos os caminhos levam para duas das discotecas mais badaladas da cidade: Kandhavia e Cubic

Nem mesmo as segundas-feiras significam descanso, pois os estudantes salmantinos comparecem religiosamente ao “Beerpong” do Irish Rover Pub, um torneio o qual as duplas arremessam bolas de ping-pong no copo de cerveja dos adversários, cada copo atingido deve ser esvaziado em um só gole pelos perdedores. Cada noite a dupla vencedora da aciradíssima disputa é premiada com 50 euros e algumas garrafas de bebidas.

Existe um bar para cada tribo, entre eles o CVM Lavde, clássico, com atmosfera intimista e público seleto. Clavel Ocho e Paniágua atraem um perfil mais alternativo, onde são comuns cigarros de palha e é difícil não tropeçar nas íngremes escadas do Paniágua. O El Savor é majoritariamente freqüentado por latinos que não abrem mão de ouvir uma salsa ou samba.

A maior festa do ano é a “Nochevieja Universitária”, um réveillon antecipado uma vez que a maioria dos estudantes retorna para as festividades de natal em seus países de origem. Esse ano aconteceu na noite do dia 16/12 e reuniu mais de 30 mil pessoas na Plaza Mayor. Acaba cerca das 8h da manhã do dia seguinte, segundo a tradição, com os estudantes comendo churros e chocolates. Eventualmente nota-se que alguns jovens acabaram dormindo alí mesmo, na rua. 

Mas não só de noitadas é feita Salamanca, além de a cidade ser praticamente um museu a céu aberto, os amantes da arte podem encontrar no Museu de Art-Nouveau/Art-Déco uma extensa coleção de mais de 1.500 peças da Fundação Manuel Ramos Andrade. Destaque para as obras de René Lalique e Emile Gallé. Outro ponto turístico interessante é a Casa Museo Miguel de Unamuno, local onde o poeta e filósofo viveu de 1900 a 1914 e encontrou inspiração para escrever uma de suas obras mais famosas: San Manuel Bueno, Mártir.

Seja pela importância histórica, extensa vida cultural ou pelas noites de perdição, Salamanca é uma cidade inesquecível. Vale a pena ser visitada principalmente durante os anos universitários – para viver na cidade aquelas histórias mais irresponsáveis que relembramos secretamente entre os amigos e que os netos vão se deslumbrar ao ouvir!

SERVIÇO:

Kahdhavia 923 26 65 91
C/ Bermejeros, 16, 37001, Salamanca – F: [0034]
www.kandhavia.com

Club Cubic
www.cubic-club.es/

Irish Rover Pub
Calle de Rua Antigua, 11, 37002 Salamanca, Espanha – F: [0034] 923 21 00 35
http://www.theirishroversalamanca.com/

Clavel Ocho
http://www.clavelocho.com/

El Savor
Calle San Justo, 28 (junto a Plaza Bretón)http://www.nochesconsavor.blogspot.com/

Club Cubic
www.cubic-club.es/

Irish Rover Pub
Calle de Rua Antigua, 11, 37002 Salamanca, Espanha – F: [0034] 923 21 00 35
http://www.theirishroversalamanca.com/