BETE-PAPO: ANDRÉ DIAS VOLTA AOS PALCOS NA DIREÇÃO

O ator André Dias já mostrou ser um cara versátil tanto em trabalhos na TV, cinema quanto no teatro. Ele transita com maestria nesses três universos e sempre deixa sua marca. Seu mais novo desafio dessa vez é voltar aos palcos com um espetáculo de fez sucesso nove anos atrás. E dessa vez dirigindo o espetáculo. A MENSCH bateu um papo com André pra saber desse e de novos projetos que estão na sua mira.

Como é voltar aos palcos e dirigir após 9 anos? É muito emocionante poder estrear um espetáculo que foi sucesso nove anos atrás, reestreá-lo e trazê-lo para as praças cariocas, mesmo no momento em que a gente não tem nenhum tipo de apoio do governo, que a gente está traçando uma guerra para poder existir como artistas. Então é muito emocionante você poder entender que um trabalho que você fez há 10 anos, permanece vivo, permanece atuante e tem vida própria para fazer uma temporada nova e alcançar novas praças. É um momento de muita emoção para mim pessoalmente, que estou trazendo espetáculo para o Rio e acho que é o momento de muita gravidade que nós estamos passando, principalmente, na área da cultura, então é uma conquista, sem dúvida nenhuma.

Quais as adaptações que você está fazendo na peça, depois de tanto tempo? A peça fala de um universo de 80 anos atrás, da década de 40, um universo onde a cultura do abuso contra a mulher era tida como uma conduta normal, uma normalidade. Algumas questões que hoje estão muito em voga, podem incomodar as plateias nesta nova montagem, mas a gente refez algumas pequenas alterações de quem canta o que, principalmente, para que a moral da história não ficasse na boca do abusador, então nós trocamos um verso, tiramos da boca do abusador e colocamos na boca do narrador da história, para que não fosse o abusador que fechasse a história, mas essa foi a única mudança que nós achamos que era necessária. O espetáculo se mantém na íntegra há nove anos.

E você, pensa em voltar a atual no teatro? Algo em vista? Eu estive em cartaz, em cena, com “Sete vezes pecado”, em duas temporadas. Fizemos o espetáculo em Goiânia, que marca minha estreia na dramaturgia com texto, atuação e direção, sendo uma tripla função. Provavelmente a gente vai fazer para nas praças de São Paulo e Rio de Janeiro, é um happening musical muito divertido. Tenho algumas outras propostas para teatro, para o início do ano que vem. Espero que tudo dê certo e que o Ministério da Cultura volte a funcionar, e que tenhamos uma produção cultural e teatral na escala nos próximos anos.

Qual foi o personagem na TV que mais marcou sua carreira? Eu tive dois personagens bastante marcantes na televisão, mas eu acredito que o “Groa”, de Segundo Sol, tenha sido um personagem muito marcante na cabeça das pessoas, naquele momento por ser uma novela das nove, por ser um personagem polêmico, gringo, gay, pai de santo, envolvia muita coisa naquele personagem, então foi um privilégio e eu o que mais marcou minha carreira na TV.

Qual o personagem que seria um desafio em sua carreira? Eu acho que um desafio para mim, seria uma composição completamente na contramão do que eu venho fazendo na televisão que são personagens mais sofisticados, mais relevantes. Eu gostaria de fazer uma composição de um personagem talvez violento, que tivesse cenas de ação, de luta, que eu tivesse me preparar, para encarar realmente personagem e os ensaios como um treinamento mesmo. Seria um desafio que me interessaria muito fazer.

Quais são seus próximos projetos? Bom, meus novos projetos são velhos projetos. Eu quero continuar com “Vingança” em cartaz, quero continuar com “Sete Vezes Pecado”, tenho dois convites para duas músicas com direção Charles Moeller e Claudio Botelho, estamos analisando que vai ser feito a partir do ano que vem. Então acho que é o momento de apreensão, mas também o momento de muita esperança no Brasil novo. Governo novo. Em um país que gente tem que construir ainda e que minimamente possa valorizar cultura e a educação. E também eu tenho planos de me formar no final desse ano, na minha pós-graduação da História da Arte e da minha licenciatura em Artes Visuais.

Fotos: Jonathan Joba