Ela é sinônimo de elegância e versatilidade, seja nos palcos, nos estúdios ou nas passarelas. Silvia Pfeifer já fez de tudo um pouco na TV e nos palcos. Muito criticada no início da carreira como atriz, soube dar a volta por cima e batalhar pelo espaço. Dos anos vividos no exterior quando trabalhava como modelo, ela trouxe essa capacidade de se adaptar. E ao longo de sua trajetória Silvia foi se adaptando às personagens, formatos e histórias que tinha para contar. Recentemente participou da série Reis (Record) e está no ar com a reprise de O Rei do Gado (Globo). E para matar um pouco a saudade das passarelas, ela desfilou no último SPFW. A MENSCH conversou com Silvia sobre início de carreira como modelo, transição para atriz e os desafios enfrentados ao longo da sua própria passarela.
Depois de alguns anos trabalhando como modelo você estreou na TV como atriz na série Boca do Lixo (1990). Como surgiu o convite e qual o maior desafio encarado na época? Talma (Roberto) procurava uma pessoa para preencher o papel de Claudia na minissérie. Surgiu a oportunidade de lançar uma pessoa – eu, no caso, que tinha sido apresentada à Rede Globo/Daniel Filho, pelas mãos da Bia Lessa. Primeiro: desafio total. Do momento que recebi o roteiro até o deslocamento para São Paulo para início das gravações, foram umas 72h. Sem prática como atriz. Havia sido preparada (pela direita Bia Lessa) para um filme que acabei por não fazer Sem qualquer experiência na TV, fazendo um papel super importante, história nada simples, cenas fortes, longe de casa, etc, etc, mas não havia possibilidade de recusar tal convite e oportunidade. Recebi bastantes críticas
Na sequência, a Isadora Venturini, da novela Meu Bem, Meu Mal. Sucesso de público embora a crítica especializada tenha tido alguma dificuldade de ver uma modelo “tomar espaço de uma atriz”. Algo que ainda hoje acontece quando, por exemplo, uma ex-BBB estreia como atriz. Como lidou com isso na época e por que isso ainda acontece hoje em dia? Acho que é normal surgirem novas pessoas/profissionais (com pouca experiência – muitas vezes) em variados mercados de trabalho. Mas ser ator é uma profissão de muita exposição, vulnerabilidade, sujeita às críticas. Creio que se deve escolher com critério, acreditar que aquela pessoa tenha talento e capacidade de crescer e não só uma imagem. Mas se a pessoa não tiver talento (e/ou carisma) não se estabelecerá naquele lugar. Torço, sinceramente, para que continue havendo possibilidades para todos. E que sempre prevaleça o talento, profissionalismo, competência.
Que conselho ou dica daria para modelos, ou pessoas de outras áreas, que estão para estrear na TV? Comprometimento! Seja pontual, dedicado, educado, observe quem sabe mais que você, respeite o outro, estude, veja filmes, peças, leia sobre tudo e qualquer coisa. Informação e atualização são fundamentais.
Você sempre passou a imagem de uma mulher fina, elegante e rica. Isso lhe limitou em algum momento? Sofreu algum tipo de preconceito? Acho que pode ter influenciado (e ainda limitar), um pouco. Mas, por outro lado, penso também ser uma característica que me destaca para alguns papéis. Devo reconhecer, agradecer e tirar proveito disso. Felizmente, já fiz papel de pessoa bem modesta no teatro (Além do Que Nossos Olhos Registram, 2018) e na TV (Topíssima, 2019). Presentes de Fernando Duarte e da TV Record/CasaBlanca, respectivamente
Depois da TV, veio o teatro. Acha que, a partir disso, o olhar para você mudou. Acha que o teatro foi algo decisivo para sua carreira? Foi muiiito importante, sem dívida. E quero e devo voltar a ele. Mas a novela O Rei do Gado também foi um importante. Um marco, assim como Torre de Babel, Ouro Verde, Reis e alguns outros.
E falando em desafios, você passou um tempo em Portugal para participar da novela Ouro Verde, que terminou ganhando o Emmy de Melhor Novela Estrangeira. Como foi a experiência para você como atriz e na sua vida pessoal? Sim! O EMMY em 2018 Maravilhosa! Papel e história incríveis. Elenco excepcional – uma novela cuidada, bem dirigida. Tive o desafio da língua, pois tinha que falar com tempo e construção verbal e gramatical que o português usa. Foi um presente fazer Mônica Ferreira da Fonseca. Aprendi muito. Torço para uma nova Mônica na minha vida.
Fora esse período em Portugal você também morou em Milão e Paris, na época em que era modelo. Tem vontade de voltar a morar fora do Brasil? Morar fora é sempre bom. Paris e Milão são cidades incríveis. Mas, tudo tem seu tempo, seu timing. Só moraria fora por motivo de trabalho, ou família, ou amor. Mas estes dois últimos estariam mais completos se eu estivesse trabalhando na cidade “estrangeira” (risos).
O que te completa e o que te falta (como pessoa e profissionalmente)? Como pessoa, o que me completa – afetos, trocas, histórias vividas. O que falta? No momento, acho que nada! Que bom, né?! Profissionalmente, o que me completa – trabalhos realizados com afinco e dedicação. O que está me faltando, exatamente, trabalhar. Mas, estou me abrindo para novas ideias. Por exemplo, criei, junto com o DJ parceiro querido, Andrey Beltrão, um programa na BPM RÁDIO (digital) BRASIL onde compartilho minha playlist e leio poesias. Todos os sábados, às 18h, com repetições. E outros dois projetos que estou querendo desenvolver.
Como lida com o tempo? Procurando aceitar o momento da melhor forma.
Tempo em relação à estética e saúde – atenta aos cuidados gerais (físicos e psicoemocionais), procurando cuidar da mente e do espírito também, não apenas do corpo. Embora seja importante fortalecê-lo para melhor atravessar as limitações da idade.
Você, que sempre foi vista como uma bela mulher, onde está a real beleza? No nosso ser, na pessoa que nos tornamos, no nosso legado profissional e pessoal. Na realização de relações afetivas felizes, construtivas e harmoniosas. No equilíbrio, no adquirir sempre mais conhecimentos e habilidades. Não estagnar mental e espiritualmente.
E como lida com o espelho e vaidade? O espelho faz parte da minha vida profissional, seria absurdo negar isso. Mas, ele não pode ter importância maior do a necessidade que lhe atribuo (acho que já é de bom tamanho). Ele deve “servir a mim” (ao meu trabalho quando necessário) e não à expectativa dos outros.
Do que não abre mão? Não abro mão de exercícios físicos, boa alimentação, meditação e alguns poucos cuidados estéticos.
Como é ser atriz hoje em dia sem longos contratos por um lado, mas por outro, essas possibilidades novas que o streaming tem trazido? Difícil e preocupante. Tudo está bastante diferente. É necessário, cada vez mais, se buscar alternativas, de produzir os próprios trabalhos, deestar atualizado no mercado e de atender, mesmo que com certo comedimento, as mídias sociais. Quanto aos streamings, espero que cresçam ainda mais para que haja trabalho para todos.
Além do que nossos olhos registram (nome de uma peça que participou), o que você enxerga hoje em dia que só o tempo proporcionou? Sabedoria. Claro que ainda tenho algumas (e novas) incertezas, mas também tenho certezas e alegria do que vivi, do que fiz, conquistei, construí. E acima de tudo, a certeza (e vontade) do que ainda posso alcançar.
Para conquistar Silvia basta…
S -E- R
Ok! E estar aberto para TROCAR, sempre. E em todos os aspectos da vida. Sou muito exigente? (risos)
Fotos @beiriz.carol
Styling e produção @thiagoganndra + @carlagaran @garandrastyle
Beauty – @karllaazvdo
Look – @andrebetio