Tem aquela frase que diz que “baiano não nasce, estreia”. Isso se encaixa perfeitamente para nossa queria musa desse Carnaval, a atriz Edvana Carvalho. Uma baiana alto astral, professora, cria do Bando de Teatro (Olodum) e atriz da TV, que recentemente participou da novela Pega-Pega na Globo. Nesse carnaval ela pode ser a Mulher-Gato ou uma Gueixa, não importa, o que não pode faltar é alegria. Como um trio elétrico permanente, Edvana sempre trilhando por caminhos distintos, educação e arte, que se completam e a tornam essa mulher especial que ela é. Apaixone-se por essa Black Panther pois ela merece todos os títulos, dentro e fora da TV.
Edvana, essa época de Carnaval a baiana que existe em você aflora mais que o comum? Como é sua relação com o Carnaval? E como aflora!!!! (risos) Adoro Carnaval. Minha mãe e meu pai sempre foram carnavalescos, acho que essa admiração que eles tinham pela festa passou para mim. Amo todas as festas populares da Bahia.
Qual sua fantasia e seu ritmo preferidos nesse período momesco? Adoro todos os ritmos, assim como adoro a Baia de Todos os Santos. Adoro a diversidade cultural e antropofágica de Salvador. Minha fantasia sempre é a que estiver mais fácil no momento, como tenho sempre algum adereço de teatro acabo montando algo, vou de Black Panther, de Gueixa, Mulher das Galáxias, loira Hollywoodiana… Já fui de noiva quase virgem, de índia, as vezes só de short e tênis velho, o que a inspiração e material proporcionar na hora, adoro o improviso e nunca aluguei fantasia.
Ter nascido em Salvador já é uma festa. Que boas memórias e referências você leva pra vida de sua cidade? Em Salvador aprendi que vizinhos têm que dividir, é uma xícara de açúcar, um pouquinho de café, um punhado de sal, a troca e a ajuda mútua são referências importantes que levo da comunidade. Aprendi que quando se convida 2 se faz comida pra 5, esperando o inesperado para não deixar ninguém com fome. Com os artistas do centro histórico aprendi a ser artista, aprendi que as coisas não mudam muito ao sair do São Caetano para Pituba, porque o preconceito não vê classe social. Eu cresci vendo o Ilê Ayê subir o Curuzu com toda sua magnitude, que desde sempre me achei rainha!!! (risos)
Salvador / Bahia é um local muito rico culturalmente. Para você que é atriz e professora deve ser um belo universo para inspiração. Como suas raízes culturais influenciaram na profissão?Me enxergar fazendo parte de Salvador culturalmente. Sempre foi muito fácil, tudo vinha de uma herança africana, a nossa comida, a nossa música, as nossas danças o colorido das nossas roupas, sempre me identifiquei muito com a cultura negra da minha cidade, no entanto quando comecei a fazer teatro na década de 80, não tinha outdoors com meninas negras como eu estampado na cidade, também não tinha peça onde eu poderia ser protagonista, junto com outros artistas da cidade, eu e meus amigos, fundamos o Bando de Teatro, que tinha um elenco negro, e falava das nossas questões, dores e alegrias. Todas essas experiências levo comigo tanto pros palcos como às salas de aula.
Recentemente você participou da novela “Pega-Pega” e antes passou por duas temporadas de Malhação. Que referência da sua terra você levou para a capital carioca e o que levou do Rio para a Bahia? Assim como no teatro é também uma delícia trabalhar na TV, cansativo mas gostoso. A troca com os colegas e amigos do elenco, da produção inteira, o aprendizado de diferentes técnicas recheiam a minha atriz. Meu avô paterno escolheu o Rio como moradia e lá ficou até os seus últimos dias, minha relação com o Rio, assim como São Paulo, tem um pouco de familiar.
Ser atriz e educadora te realizam em que pontos? Saberia escolher apenas uma profissão?Digamos que a ribalta é meu vício e que a sala de aula é o que tenho a oferecer como ser humano, para melhoria e evolução da espécie, (risos). Não saberia escolher entre uma e outra, pois as duas me completam.
O quanto o teatro Olodum ajudou na sua formação de atriz e nas metas que você atingiu? O meu primeiro curso de teatro no Colégio Estadual Luiz Pinto de Carvalho, o do Sesc e a formação do Bando de Teatro (Olodum), foram minhas escolas. Tive a Oportunidade de trabalhar com os melhores mestres da cidade, aprendi a cantar, dançar, improvisar, e principalmente a trabalhar em prol do grupo, e não de um protagonismo. Tudo que conquistei e conquisto, devo a minha mãe e aos meus mestres.
Como foi participar de “Pega-Pega”? Que experiências acumulou com esse trabalho? Uma delícia ser escalada pelo Fabio Zambroni, ser dirigida por uma equipe de diretores e diretoras fantásticos, comandados pelo Luiz Henrique Rios e o Marquinho Figueredo. O texto inteligente e bem humorado da Claudia Souto, e a parceria do elenco inteiro foi uma receita feliz! Muitas saudades.
Nesse ensaio feito para a MENSCH você mostrou que está em plena forma física. Como cuida do corpo e da alimentação? É muito vaidosa? Sempre me exercitei e procuro comer saudável, mas aviso, como de tudo, não tem tempo ruim, (risos). Este ano faço meio século de vida, estou comemorando meus 50 anos com muito orgulho e bom humor, as dores aqui e acolá fazem parte, mas ainda assim, acho melhor envelhecer bem do que morrer jovem.
O que um homem precisa ter e ser para chamar sua atenção? Ter caráter e ser gostoso. Não tenho paciência para homens mal resolvidos. O tempo urge (risos).
E o que vem por aí? Soubemos de um seriado para esse ano… Conta um pouco. Por enquanto “Ó Paí Ó 2” e a série dos “Irmãos Freitas”. Os detalhes vocês vão conferir nas telas.
O que essa baiana tem que encanta tantas pessoas? Ah…Borogodó! (risos) E quem quiser saber o que é, que se achegue! Um cheiro!