O ator Carlos Bonow já fez de tudo um pouco na TV, teatro e cinema. De peça infantil à novela religiosa, de musical à comédia. Para ele desafio bom é quando o personagem é próximo a seu jeito de ser. Interpretar outra pessoa sem levar traços pessoais é um desafio que o deixa animado. Inquieto, seja no oficio de ator ou na vida pessoal, Bonow não para quieto entre as suas mil atividades, do surfista ao paizão que pega na escola, 24 horas é pouco para esse cara. Cheio de projetos para o novo ano, Bonow parou para conversar conosco sobre um pouco de tudo e posou cheio de estilo para essa matéria.
Carlos, da sua estreia na TV na novela “Gente Fina’ (Globo, 1990) até Dancing Brasil (Record, 2017) já vão quase 30 anos de carreira. Que avaliação você faz dessa trajetória? Eu considero que a minha trajetória é muito bacana, com muitas aventuras. Tem o teatro que e é algo que me deu muita base, velocidade de raciocínio, me ajudou muito na comédia. E não posso deixar de falar das minhas campanhas publicitárias né? Eu durante uma determinada época eu fui um dos atores que mais fez comerciais no eixo Rio-São Paulo. Na verdade em “Gente Fina” foi mais uma figuração que eu fiz, em função de um ator que ia fazer uma participação mas ele faltou e ai eu fui catado no meio da rua. (risos) Eu estava passando pelo lugar onde iria ter gravação da novela, que era uma boate, e aí o produtor, o Gringo, que até hoje trabalha na Globo, me chamou, perguntou se eu queria fazer uma participação, etc. Eu fiquei meio desconfiado, como assim…, e acabei entrando. Mas eu não podia fazer participação com fala por que eu não tinha registro. Mas eu fiz como figurante e deu tudo certo. Aí eu fiquei um tempo pensando…, depois em 94 é que eu fui fazer uma peça profissional, “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, um sucesso no Villa Lobos, onde eu fiz o Hércules. Eu tive um grande professor, querido Evans de Brito, que foi tragicamente assassinado. Mas eu considero uma trajetória muito bacana. Com erros e acertos, assim como toda trajetória.
Na TV você já fez de tudo um pouco, de humor à infantil, de drama à histórias religiosas. O que te desafia mais? O que seria sua área de conforto como ator? Olha, por incrível que pareça o que mais me desafia são personagens próximos a mim, próximos ao Bonow, ao meu jeito de ser. Esse é o que me tira da minha zona de conforto. A minha zona de conforto, por incrível que pareça é a parte mais “vilanesca”, vamos dizer assim, uma parte que eu possa… não vilão de maldade, mas o vilão de comédia demais, algo distante de mim. Aí é minha zona de conforto, por que é onde eu posso arriscar mais, onde eu me sinto mais seguro. Quando está mais próximo do meu universo, eu não me sinto tão desafiado. E quando eu não me sinto tão desafiado, eu… não que eu vá ter menos vontade, mas eu prefiro maiores desafios.
Falando em desafio a participação no “Dancing Brasil” foi um desafio muito grande? A dança era algo “familiar” na sua carreira? Como foi a participação? A dança era um desejo muito grande que eu tinha, de aprender a dançar profissionalmente…, tecnicamente falando. Eu fiz “Se eu Fosse Você 2”, em que eu tinha que fazer uma coreografia de dança, mas a gente ensaiou durante um mês, eu Tony (Ramos) e a Glorinha (Pires). Era algo simples. E quando você tem uma câmera, você para, volta… Acho que eu não errei muito durante as filmagens (risos). Eu fiz um musical, “Estúpido Cupido”, onde as coreografias não tinham o nível de exigência técnica tão grande, apesar de que estar protagonizando juntamente de Françoise Forton. Então o “Dancing” era algo realmente desafiador pra mim. Eu queria muito. Eu não sou muito de reality show, mas o “Dancing” era algo que eu olhava e que gostaria de fazer por que vou aprender e seria importante para minha profissão, já que eu tinha uma experiência grande de palco. Eu canto mas me falta a dança profissional. Portanto foi um desafio incrível que eu achei sensacional. Adorei ter participado.
Convite feito, convite aceito? Como você avalia um convite para um novo trabalho? Emissora, salário ou papel, o que pesa mais? Mais ou menos. Na televisão acaba que quando me ligam para alguma coisa é algo que eu vou gostar. Geralmente as pessoas já te conhecem e fazem convites que já sabem seu jeito de ser, do que você gosta, do que você não gosta. O teatro a gente recebe textos de vários tipos, então às vezes a gente recusa, às vezes a gente topa fazer, vamos adiante… E o cinema, que não é a coisa mais habitual, os convites que me foram feitos foram maravilhosos, só fiz filmes bons. Então cada convite é uma história. As emissoras hoje oferecem trabalhos maravilhosos, com grande qualidade artística, técnica e mão de obra. Então as emissoras estão cada vez melhores.
Dos seus papeis na TV o que foi mais marcante? Eu tive papéis que eu gostei demais, mas eu vou colocar o meu primeiro na teledramaturgia, que foi o Gastão de “O Quinto dos Infernos”. Personagem que foi muito importante para mim e o público passou a me conhecer melhor, os produtores de elenco, diretores, então isso foi muito bom. Agora não tem como eu não citar um trabalho que eu tive por mais de um ano, com meu querido mestre Chico Anysio em “Chico Total”, que foi a maior escola da minha vida. Esse foi fantástico. Acho que 1996, foi um ano de muito aprendizado, foi um ano incrível. Ao mestre com carinho, Chico Anysio o melhor do mundo!
Como você avalia esse formato de trabalhos por obra ao invés de longos contrato que as emissoras estão adotando hoje em dia? Essa questão dos contratos por obra é mais delicada né?! Para nós atores quando temos um contrato longo a gente consegue programar mais a nossa vida sem dúvida nenhuma. Por outro lado, quando a gente não tem acaba buscando outras formas. Eu nunca fui um cara acomodado, com contrato ou sem contrato eu sempre busquei fazer cinema, teatro… sem parar e cheguei a fazer quatro novelas com teatro ao mesmo tempo, que é uma loucura. Contratado ou não contratado eu vou estar sempre buscando me renovar, me reciclar e fazendo novas experiências.
No dia a dia como é o Carlos pai? E o que pensa deixar de herança para ele levar pro resto da vida? Bom herança pro meu filho são os valores né? Eu acho que o mais importante que a gente pode deixar para um filho são os valores. E isso engloba muita coisa. As pessoas falam muito em deixar um mundo melhor para os filhos. Mas eu acho importante a gente deixar filhos melhores para o mundo. Então se a gente der valores para nossas crianças o mundo vai melhorar sem dúvida nenhuma. Eu no dia-a-dia tento dedicar a parte da manhã ao meu filho, apesar de tantas atividades que eu faço, aí eu tento dividir, uma parte com ele, outra parte entre as minhas tarefas, que não são poucas. Eu o levo e busco na escola quase todos os dias. Eu tento organizar meu dia de acordo com o horário escolar dele para que eu possa estar junto, estar presente. Levar e buscar na escola é uma experiência inesquecível. Quanto mais vezes eu puder fazer isso melhor. Quando eu não posso meu pai me dá uma força. Mas e aí de noite eu tento ficar com ele, final de semana eu dou aula de teatro e ele está na minha turma. A gente tem um grupo Gratthus de teatro, eu e a Carla Araújo, onde a gente já realizou “O Pequeno Príncipe”, e eu fazia o aviador e a gente contracenava no palco. Então eu estou sempre com ele, sempre uma parceria… como ele já é um pequeno ator, ele já participa de várias coisas minhas, produções, processos. Então eu me dedico ao máximo a ele. Tudo que eu puder fazer por ele eu faço.
O que você busca como homem (cidadão)? Eu busco dignidade. E fazer a minha parte para que a gente possa construir um país melhor, um futuro melhor. Acho que a gente deve ter o dever de cidadão. O artista ele tem deveres, tem funções e obrigações à cumpri-las. Com uma voz ativa na política, na cultura, na educação, está tudo interligado. Onde eu puder usar a minha voz, a minha imagem como cidadão eu vou usar. Então eu espero, parece uma frase piegas e todo mundo acaba falando isso, mas eu espero sim justiça e igualdade para todo mundo.
E o que te tira do sério? A má educação. Ela pra mim é uma grande desgraça. Por que não adianta a pessoa ter cultura, não adianta a pessoa ter dinheiro, por que se ela não tiver educação, acabou!
Você sempre manteve o corpo em dia. Como é sua rotina de cuidados com o corpo e saúde? Eu mantenho o corpo em dia por que eu faço as coisas que eu gosto. Eu tento fazer um exercício por dia, ou correr na areia, ou surfar… eu tenho meu treinador, meu querido amigo Cláudio Baiano, com quem eu treino funcional várias vezes por semana. Então meu carro tem sempre uma mini academia, ou uma prancha de surf, ou um tênis… Tem a atividade de dança, por que depois do “Dancing Brasil” eu continuei fazendo dança na academia Ramalhos, que é onde a gente ensaiava o “Dancing”. Depois que eu saí do “Dancing” eu prometi para mim mesmo que eu ia continuar fazendo por que era meu objetivo aprender e é uma coisa que também me faz manter a forma. O meu mergulho no mar é super importante, com minha corrida na areia. Então faço coisas que me agradam. Eu não faço nada para manter a saúde que eu não gosto. Inclusive minha cervejinha. (risos)
É um cara vaidoso? Até que ponto? Eu não sou um cara exatamente vaidoso. Mas sim eu sou um cara que me cuido. Eu cuidando do meu corpo e da minha saúde, eu estou me cuidando. Eu agora que eu tenho uma parceria com a Racco, que tem produtos incríveis, eu estou começando a usar alguns produtos e que estou achando maravilhoso. Que ajudam a gente em determinados processos. Mas não me considero um cara vaidoso, cuido da minha saúde do meu corpo. E isso reflete na gente.
E o que chama atenção nas mulheres? O que te encanta? Mulher tem que ser feminina. Tem que ser inteligente e tem que ter senso de humo. E claro, tem que atrair fisicamente. Não podemos ser hipócritas. (risos)
No tempo livre o que faz sua cabeça? No meu tempo livre eu não paro de pensar, criar projetos, ler algum texto, algum livro… E claro, se eu tenho algum tempo livre e meu filho tem o mesmo tempo que eu, a gente está junto, ele e minha esposa, estamos os três livres. Quando a gente pode tenta aproveitar ao máximo os três juntos
Planos para 2018? O que vem por aí? Eu tenho um projeto de teatro que eu estou montando aos poucos e já já todo mundo vai saber. O “Cinco Homens e um Segredo” deve continuar. O “Pequeno Príncipe”, que estávamos fazendo, pode ser que volte, se não voltar, outra produção do grupo Grattus, vai existir. A televisão eu estou sempre fazendo alguma coisa e no cinema também. Então eu não fico fazendo tantos planos, eu deixo que os planos apareçam. Eu os atraio e ele chegam. (risos)