Sem dúvida o ator Bruno Loves é um cara apaixonado. Seja por sua profissão, seja por sua amada esposa Priscila Fantin, seja pela vida. Vivendo um momento especial na sua trajetória, onde tem levado o autoconhecimento à fundo, Bruno reviu o passado, reconhecendo erros e acertos, dores e traumas, e iniciou um processo contínuo e transformador. Desde uma viagem para a Albânia até a mudança no sobrenome, que antes era Lopes, Bruno desbrava novos caminhos para um futuro cheio de possibilidades. Nesse papo com a MENSCH ele nos conta um pouco desse processo, fala das aventuras durante a viagem, a peça “Precisamos falar de amor sem dizer eu te amo” e claro, de amor em suas diversas formas.
Bruno segundo consta você num momento de busca de autoconhecimento. Né isso? O que te fez despertar para isso? O desejo de ser completo é algo que todos carregamos. Autoconhecimento, nesse sentido, é um processo contínuo e transformador. Ao longo da vida, estamos sempre aprendendo mais sobre nós mesmos — explorando nossas experiências passadas, compreendendo nossas dores, encarando nossos medos. Cada descoberta nos prepara para viver o presente com mais autenticidade e abre caminhos para um futuro cheio de possibilidades. Quantas vezes nos pegamos dizendo coisas sobre nós mesmos, ainda que em tom de brincadeira, que não são exatamente positivas? Muitas dessas afirmações vêm de crenças que adotamos ao longo do tempo, sem nem perceber de onde vieram ou por que acreditamos nelas. Essas crenças podem limitar quem realmente somos e como enxergamos o mundo ao nosso redor. Questionar essas ideias é um passo poderoso em direção à nossa autenticidade. Ao refletirmos sobre elas e as confrontarmos, começamos a nos aproximar da nossa essência verdadeira, abrindo espaço para uma vida mais positiva e cheia de propósito.
E uma viagem recente, para a Albânia, te ajudou muito nesse processo. Como foi essa experiência e o que trouxe na bagagem além das belas lembranças? Minha ida para a Albânia foi motivada por um desejo profundo de me desafiar, de encontrar em mim respostas que, até então, não sabia que precisava. Busquei o isolamento com a intenção de enfrentar dificuldades, acreditando que essas experiências me permitiriam acessar partes mais profundas de mim mesmo e curar feridas que nem sabia que existiam. No meio desse silêncio, recebi sinais muito fortes — respostas e orientações que me tocaram profundamente. Foi lá que entendi que minha missão de vida é ajudar pessoas. Esse entendimento me levou a mergulhar de cabeça em cursos, palestras e formações, buscando unir meu dom com conhecimento técnico, para servir de forma autêntica e com propósito. Em uma dessas noites, num raro momento de conexão de internet, consegui assistir a um podcast com o Best Seller e coach Paulo Vieira. Cada palavra parecia encaixar-se perfeitamente nos questionamentos que fervilhavam na minha mente. Era como se o universo estivesse falando diretamente comigo, confirmando meu caminho. Ao retornar ao Brasil, encontrei uma mensagem inesperada de um amigo querido, oferecendo uma vaga em um curso exatamente de quem? Entendi aquilo como uma convocação.
Outra novidade na sua vida é a descoberta do novo sobrenome, Loves. Explica para quem não sabe como chegou até isso. Quando voltei dessa viagem, trazia comigo uma bagagem cheia de novas experiências e muitos pensamentos para refletir. Em meio a esse momento de transformação, recebi de presente da minha esposa algo que mudaria ainda mais a minha visão sobre a minha carreira: um mapa numerológico. Esse foi o pontapé inicial para a grande mudança. O mapa trouxe algumas sugestões pra essa mudança, mas eu preferia algo mais sutil, que preservasse a essência do que já existia, mas que me ajudasse a expressar melhor quem eu realmente sou. A Pri lembrou que o Romeo brincava com meu nome quando era pequenininho: “Loviskis”, e resolveu testar o Loves, que trocaria só uma letra do antigo sobrenome (o “p” de Lopes pelo “v”). A numerologia confirmou que “Loves” correspondia com toda a vibração que precisava para coroar essa nova fase.
Não por acaso você acaba de encerrar a turnê com a peça “Precisamos falar de amor sem dizer que te amo”, ao lado da sua esposa, a atriz Priscila Fantin. Como foi essa turnê e como foi falar de amor para o grande público? “Precisamos falar de amor sem dizer eu te amo” é uma missão que abraçamos. Colocamos esforço, criatividade e dedicação em todos os detalhes — apenas o texto não leva nossa assinatura. É uma grande responsabilidade levar conscientização e mostrar a importância dos sentimentos de forma leve e alegre. Acreditamos que o sorriso é o caminho mais fácil para atingir o coração das pessoas. Fazemos teatro independente, indo à cidades que sequer possuem teatro. É uma maneira que encontramos de contribuir com esse agente transformador da sociedade, que é o teatro, alcançando pessoas que não teriam essa oportunidade. “Precisamos Falar de Amor” é uma obra atemporal, podemos revisitá-la sempre que quisermos, que continuará relevante. Com alegria, recebemos do autor uma continuação da peça, a parte 2, o que nos permitirá expandir ainda mais essa jornada de amor e reflexão para o público.
Falando em Priscila, soubemos que você a pediu em casamento pela sexta vez. Você é um romântico incondicional? Não é à toa que agora seu sobrenome é Loves. Adorei a pergunta! (risos) Ao longo desses sete anos juntos (que, de tão intensos, parecem muito mais), aprendemos que estamos sempre evoluindo, tanto individualmente quanto como casal. Enxergamos nosso casamento como a união de versões aprimoradas de nós mesmos, e isso é algo que celebramos com gratidão. Desde o início, desejamos receber a bênção de todas as crenças e culturas que cruzaram nosso caminho, tornando essa jornada ainda mais rica. Por isso, pedi sua mão pela sexta vez, e pretendo continuar pedindo por toda a vida.
Hoje em dia os homens estão mais sensíveis, expondo mais seus sentimentos e se abrindo mais para a sensibilidade. Como você enxerga isso? Acho extremamente importante. Precisamos deixar para trás as crenças limitantes de que certas emoções e comportamentos são só de um gênero. Independentemente de como cada um se define ou se enxerga, todos somos seres humanos, dotados de uma sensibilidade que merece ser valorizada e expressada. A sensibilidade masculina, em especial, tem um papel crucial na construção de relações mais autênticas e numa sociedade mais empática. É essencial que todos nós tenhamos a liberdade de explorar nossas emoções sem amarras, abrindo espaço para uma verdadeira evolução pessoal e coletiva.
Em meio a esse caos da vida atual e da superficialidade das relações, seja amorosa ou não, falar de sentimentos nobres como o amor, a compaixão e a fraternidade talvez seja a saída para uma vida mais real e plena. Como aplica isso na sua vida? As facilidades tecnológicas, que tem a sua funcionalidade positiva, também contribuíram para a superficialidade nas conexões humanas. Esse resultado é inerente à velocidade de informações e decisões. Todos querem ser vistos e estão colocando a própria validação nessa necessidade. Só quem é visto se sente importante. E aí vale tudo para aparecer e se destacar: lacração, intolerância, nudez, risco de vida… e o paradoxo é que isso só faz com que seja apenas mais um. Acredito que se as pessoas se preocupassem mais com seu autoconhecimento, auto aprimoramento, auto amor, auto responsabilidade e auto correção, mundo não estaria tão caótico. É fundamental enfrentar o seu passado para poder projetar um futuro consciente. E agir em conformidade a isso. Eu busco me aprimorar constantemente. Eu era mais das atitudes do que das palavras, por que acreditava que era isso que validava as intenções. Hoje sei que a palavra é tão importante quanto a atitude. Uma atitude pode representar um trauma para uma pessoa enquanto para a outra é um ato de amor. Só as palavras (honestas) podem elucidar a profundidade de uma emoção. As pessoas tem diferentes linguagens do amor (para dar e para receber). Entender isso alivia muitas angústias e diminui mal-entendidos. Nossa história é o que nos conecta aos outros.
Falando em amor… você e Priscila estão juntos há 7 anos. Qual o segredo dessa relação, se é que existe? Onde vocês se completam? Não sei se é exatamente um segredo, mas acredito que o diálogo seja a base de sustentação de qualquer relação saudável. Ter espaço para expressar sentimentos, ser ouvido e respeitado, faz toda a diferença. Além disso, um relacionamento ganha força quando ambos têm o desejo de se aprimorar, de aprender com as experiências e de se tornar pessoas melhores, tanto para si quanto para a relação (e para o mundo). Essa busca por crescimento cria uma conexão mais profunda e traz mais significado ao compartilhar a vida com alguém.
E como anda sua paixão pela dramaturgia? O que ainda deseja fazer nessa área? Sou apaixonado pelo meu ofício. Atuar é mais do que uma profissão pra mim. É uma forma de vida que me permite explorar, sentir e transmitir histórias através dos personagens, seja no teatro, na televisão ou no cinema. Cada palco, cada set, cada cena potencializa o quanto amo o que faço. É gratificante saber que em breve estarei de volta ao audiovisual, fechando novos contratos e mergulhando em novos projetos. Esse retorno me traz alegria genuína.
Você sempre aparentou ser um cara vaidoso, bigode estiloso, corpo saradão… Como lida com a vaidade e o amor próprio? Me sentir bem comigo mesmo é essencial para minha jornada diária. Entendo que essa sensação começa pelo cuidado com a saúde, com o respeito que tenho pelo meu corpo como um todo, cuidando da minha alimentação, dos meus pensamentos e exercitando tanto o corpo quanto o cérebro. É o imprescindível autocuidado que todos deveríamos ter. É sobre garantir que o organismo funcione plenamente, com toda sua capacidade de pensar e sentir. A vitalidade física e mental que construo me permite estar inteiro em cada momento da minha vida. “Corpo são, mente sã”. Com o quê você tem alimentado seu corpo e sua mente?
Quando quer recarregar as baterias o que procura? Meus momentos de esforço físico (na academia) e de maturação de pensamentos (na sauna) me ajudam bastante a preservar minha energia. Mas, estar em casa, ao lado da minha família, é o que realmente me recarrega e me deixa feliz. Além disso, adoro viajar, conhecer o mundo, suas culturas e aproveitar cada experiência.
Como coach Integral Sistêmico você diria que está num momento de uma vida mais plena e satisfatória? Sim. Aprendi muito com as ferramentas que essa profissão mapeou como guias para trazer para a consciência fatos adormecidos que interferem totalmente em quem estamos sendo. O coach integral sistêmico busca o que você merece ser, o que você deve ser em acordo com a sua essência que é o que há de mais potente para prosperar na vida. E vamos nos distanciando disso a partir do momento em que nascemos. Hoje, me sinto capaz de compreender quem realmente sou de forma ampla e verdadeira. Olhei para o meu passado, reconheci meus erros, minhas dores e traumas. Iniciei um processo profundo de cicatrização e acolhimento, buscando resolver e integrar tudo isso no meu comportamento diário. Agora, vivo o presente de forma integral, prezando a qualidade em todas as minhas relações e experiências. O reflexo disso é uma visão clara e positiva do futuro, onde planejo meus dias e rotinas de maneira alinhada aos meus objetivos, metas e sonhos. O maior aprendizado foi entender que a felicidade está na jornada, e não apenas no destino final. Com isso, me tornei menos ansioso, atento aos ensinamentos e seguro dos meus desejos e conquistas.
Fotos Nilo Lima