O peso de ser filho de alguém muito famoso e popular com o grande público pode incomodar muita gente que luta pelo seu reconhecimento profissional. Paralelo a isso a cobrança de que ele seja um sucesso logo na largada vem atrelado a isso. Para João Silva, para quem ainda não se ligou, filho de Fausto Silva, isso tudo de nada importa. Ele tira de letra e no auge dos seus 20 anos, exatamente, apenas 20 anos, e com uma maturidade que lhe é peculiar, tem conquistado seu espaço com naturalidade. Atualmente à frente do Programa do João, na Band, ele tem dado conta do recado com louvor. Apesar do seu pouco tempo de exposição na TV, João vem desde muito novo nutrindo e aprendendo o que é TV. João bateu um papo com a MENSCH e nos contou um pouco da sua trajetória até aqui, à frente das câmeras.
João qual está sendo seu maior desafio com a estreia do Programa do João? Estou muito feliz com o programa e muito realizado com essa mudança para o domingo. É uma responsabilidade muito grande, a importância de estar em um dia muito concorrido, né? É um caminho longo, uma maratona, mas de muita responsabilidade!
Como fugir das comparações com seu pai e criar sua própria história? Na minha opinião, a comparação não existe porque eu sou um grande fã, é outro patamar. Eu sou um eterno fã do meu pai, não existe essa comparação. Existe uma admiração, uma idolatria, uma mistura de sentimentos.
Claro que, ao longo dos anos, seu pai foi uma referência e inspiração para você como filho e apresentador. Quais lições mais importantes ele lhe deu ao longo desses anos? São duas coisas, eu acho! O foco em entregar conteúdo de qualidade do começo ao fim do programa, estar próximo da direção, próximo da produção, da criação de conteúdo e estar por dentro de tudo que vai acontecer no programa. Além disso, ser cúmplice da audiência, descobrir o que o público gostaria de perguntar e fazer esse papel.
Ser filho de um dos maiores apresentadores de TV do Brasil é uma carga grande. Já se sentiu muito cobrado por isso? Como você e seu pai lidam com isso? Eu acho que o privilégio é muito maior do que a cobrança. Então, nem me apego a esse tipo de coisa. Eu tive um privilégio gigante das portas se abrirem de uma forma bem mais fácil e até de ter começado a trabalhar com meu pai, mas também de ter um grande conselheiro em casa, um pai que dá muito amor e muitas lições. Nenhuma cobrança se compara a ter um conselheiro desse, em casa.
Como era seu nível de “intimidade” com a TV antes de se tornar apresentador? Sempre fui um grande admirador da televisão, de acompanhar todas as emissoras. Sempre acompanhei gravações do meu pai, participei desse mundo, acompanhava reuniões e almoços com equipes de produção e direção em casa. Vivi bastante esse processo todo e acompanhei de perto o trabalho da minha mãe na parte de criação, que é uma mulher sensacional e uma profissional de alta performance. As viagens dela para Cannes, o festival de televisão, onde ela pegava referência e ia me contando os quadros que ela estava pensando… sempre fui muito próximo desse universo todo.
O que você assiste por aí na TV, o que mais gosta e o que não agrada (sem precisar citar nomes)? O que você acha totalmente desnecessário? Eu acho que não tem nada desnecessário na TV. Acho que cada um segue uma linha e eu sou um adepto, um fã de programas de auditório e programas de variedades, de entrevista, tem grandes pessoas que eu admiro. E agora, no conteúdo digital, sou super fã do Casimiro, um cara que conseguiu mudar o cenário e entregar a qualidade da televisão, no digital. Acho que esse é o diferencial – ele mostra que é possível e está fazendo um trabalho brilhante. Além dele, tenho referência de grandes apresentadores da televisão, até dos grandes jornalistas, cientistas políticos. Sempre fui muito adepto a tudo isso.
O que o Programa do João tem trazido de novo e como está a aceitação do público? Acho que a grande diferença do nosso programa é você conseguir ter essa união de gerações. Minha geração está cada vez mais distante das pessoas mais velhas, e poder trazer e mostrar suas diferenças e semelhanças é o grande foco do programa. Temos quadros específicos para cada geração e sei que levar o público mais novo para a televisão é uma dificuldade, mas acredito muito que meu conteúdo vá reverberar no digital. Essa é a grande aposta.
Você e sua equipe trouxeram de volta quadros clássicos do seu pai como o Consultório Amoroso, um quadro cheio de bom humor e conselhos afetuosos, com especialistas. Mesmo sendo um “clássico” , o que ele traz de novo e atual? Mudou porque o Divã do Faustão, na época, era um quadro de uma ou duas pessoas dando uma resposta e sempre foi uma questão de relacionamentos. Hoje, o Consultório Amoroso parece que traz a mesma coisa mas estamos dando conselhos em questões éticas e sociais. Enfim, … é bem divertido e com pessoas de mundos bem diferentes. Esse quadro tem sua própria personalidade.
Qual o maior desafio de se manter na TV hoje em dia com a Internet dominando a atenção do grande público? Uma coisa não exclui a outra. O Programa do João tem que estar no digital e acho que quem o acompanha por 30 segundos, 2 minutos no digital também é audiência, não só quem assiste o programa por inteiro. Então é produzir conteúdo que dê certo no digital, mesmo que seja um recorte.
É possível, na TV aberta, trazer diversão, humor e ao mesmo tempo um pouco de cultura e informação relevante? Como você enxerga isso? Essa é uma grande exigência minha, acho que cada um tem seu foco, mas o meu é que o Programa do João tenha uma relação próxima com a prestação de serviço público e de saúde. Temos um quadro com o Doutor que eu faço questão de ter sempre.
Você com apenas 20 anos tem uma maturidade acima do normal para sua idade, inclusive nos relacionamentos. Você se vê assim? Eu sempre fui uma pessoa que me relacionei com pessoas mais velhas e acho que isso é uma questão de personalidade, de jeito de ser mesmo… Acho que maturidade vem muito pela questão de pessoas que viveram coisas que eu não tenho nem noção, nem sei como é. Às vezes, um cara que tem 20 anos e precisa sustentar uma família toda, acho que maturidade se cria dessa forma. No meu caso, acho que é mais uma questão de personalidade, sempre convivi com pessoas mais velhas, pela cabeça, proximidade com os amigos do meu pai, que hoje em dia são meus amigos. É questão de gosto, de cabeça, de jeito de ser…
Como lida com a vaidade? Vaidade é importante desde que tenha seu limite. A gente tem que se valorizar, se cuidar, até porque se a gente não for ter a nossa vaidade, quem vai ter por nós? Acho importante, mas tem seu limite para não virar arrogância.
Da coleção de objetos raros que você tem em casa, que vieram do seu pai, vai de um capacete de Senna até um aviãozinho de cédula de dinheiro do Silvio Santos, qual objeto tem um valor especial para você? Sou louco pelo São Paulo, torcedor fanático desde criança. Tenho a camisa do Rogério Ceni, do centésimo gol, que ele usou na partida contra o Corinthians no Barueri. É muito importante para mim, emblemático, lembro de estar assistindo aquele jogo e nem consigo acreditar que aquele item está em casa.
Nas horas vagas, o que curte? O que lhe distrai? Eu sou uma pessoa que gosta da resenha, sempre gostei muito de estar com os amigos, me divirto muito. Acho que temos que curtir bastante essa fase da vida… Por mais que meus relacionamentos sejam com pessoas mais velhas na maior parte, também tenho meus amigos da minha idade e acho que temos que curtir a vida agora que temos saúde. Gosto de sair, gosto de jogar meu futebol de terça-feira e acho que minha grande diversão também é o trabalho. Como sou uma pessoa muito social, tudo envolve o trabalho. Às vezes, quando menos esperamos, conhecemos um anunciante, um artista mais de perto e tudo isso influencia no dia a dia do programa.
Fotos Iude Rìchele