CAPA: PEDRO CARVALHO CAUSANDO O MAIOR “FUZUÊ”

Desde que apareceu pela primeira vez em uma produção brasileira Pedro Carvalho, natural de Lisboa, começou uma trajetória por produções nacionais que o iriam levá-lo longe. Muito além-mar e do que imaginava esse talentoso ator português. Ao todo já são oito anos de Brasil, quatro novelas e dois longas e muitos amigos que já viraram família. Atualmente interpretando o picareta Rui Sodré na novela Fuzuê (Globo), ele tem se divertido muito neste novo trabalho. De visual novo, meio amante latino, Pedro conversou com a MENSCH e como sempre o papo fluiu fácil. 

Pedro, depois de alguns anos longe das novelas brasileiras, cá está você de volta com novo personagem na novela Fuzuê. Como surgiu o convite e como está sendo essa volta? Está sendo um retorno muito especial. Amo o Brasil, amo trabalhar aqui, viver aqui. E gosto demais dessa minha vida de ‘caixeiro viajante’, gravando um projeto aqui e projeto lá (em Portugal). Já são quase oito anos de Brasil, quatro novelas e dois longas aqui e muitos amigos que já viraram família. Depois de gravar a novela A Dona do Pedaço, ainda deu para emendar num longa que filmamos em São Paulo, antes de estourar a pandemia no Brasil – O Segundo Homem, do Thiago Luciano. Depois de filmar, voltei para Portugal para gravar novelas lá durante a pandemia e abrir a minha produtora audiovisual – 3Monkeys Filmes.

Vim com todo o amor e garra na bagagem para fazer este projeto, tenho a certeza que será mais uma linda caminhada. Estou reencontrando alguns colegas queridos com quem já tinha trabalhado em outros projetos aqui, conhecendo outros tantos extremamente talentosos. E é um reencontro muito feliz num trabalho do Gustavo Reiz, que foi o autor da primeira novela que eu gravei no Brasil – Escrava Mãe, quando vim fazer o protagonista da sua novela.

Quando o Gustavo me convidou para fazer Fuzuê, eu tinha mais dois convites em cima da mesa – para esta e para uma outra em um outro horário, e outro para uma série para o streaming. Dois grandes projetos, mas tive que escolher, porque os três iriam bater nas datas de gravação. E até por uma questão de simbolismo e gratidão, aceitei fazer a novela do Gustavo. Afinal, foi ele quem me deu a minha primeira oportunidade aqui no Brasil e gosto muito da escrita dele. Estou muito feliz por estar de volta às telinhas do Brasil e, desta vez, na pele de um vilão que me está dando muito prazer em compor.

Na trama seu personagem é o mau caráter Rui Sodré. O que podemos esperar dele? O Rui Sodré é um agente de modelos, um verdadeiro 171, que vem de Portugal acompanhando a Olívia e que vai aproveitar a fragilidade dela para conseguir tirar dinheiro dos Braga e Silva, se infiltrando na Fuzuê. Vai se aliar a Preciosa e consegue identificar em cada um o seu ponto fraco que o possa favorecer nos objetivos que pretende alcançar. É um cara que ‘ocupa muito espaço’, um verdadeiro malandro. Um pirata. Aqui no Brasil, ainda não tinha tido a oportunidade de interpretar um vilão de mão cheia e este é, sem dúvida, um desses personagens, bem dissimulado, sem chance para redenção. Ele ‘se acha’ e isso trás alguma graça ao personagem. Experimentar fazer horário das 19h me entusiasma muito também, porque é um outro tipo de público.

Então é seu primeiro vilão em novelas brasileiras? Como está a expectativa? Em Portugal já tive oportunidade de interpretar alguns vilões, no horário das 19h, das 20h, em série, cinema e teatro. Aqui no Brasil, nas telas daqui, é uma estreia para mim. Este vilão é diferente de todos os que já fiz – ele tem uma pegada de ‘espertalhão’, é quase um Jack Sparow de Piratas do Caribe ousado, abusado, sem escrúpulos. É esse cariz de novidade me dá bastante vontade de compor o personagem. Estou expectante, acho que vai ser um personagem que o público vai odiar amando, assim espero.

Soubemos que você se inspirou numa golpista que conheceu ao longo da sua carreira. Como foi isso? Sim, verdade. Eu tenho uma história muito particular que me conectou com esse personagem. Eu já conheci um Rui, mas na versão feminina, que aplicou vários golpes e era a última pessoa de quem qualquer um desconfiaria. Com uma autoestima lá em cima. Claro que ninguém nunca desconfiou de que era a maior 171 e esse é o barato, isso é o que confere a estas pessoas essas personalidades tão persuasivas e convincentes, sedutoras, de quem jamais se desconfia. Claro que quando se desmascarou a pessoa em questão, foi um choque para mim e para todos. Então, trouxe de imediato, durante os ensaios, essa vivência que presenciei de perto para compor o Rui. Me inspirei também em O Lobo de Wall Street no personagem do Leonardo DiCaprio, um golpista de primeira e no documentário O Golpista do Tinder. O Rui é sem dúvida tudo isso e vocês irão conferir.

Junto com o novo personagem, um novo visual. A barba se mantém, mas os cabelos longos são novidade. Já se acostumou com o visual? Eu gosto de mudar, cada vez gosto mais é de me transformar como ator. Isso me ajuda muito no processo de composição do personagem. O Rui é um empresário de moda, a roupa dele é diferenciada, sempre na vanguarda fashion mais elitizada e o cabelo segue esse padrão, mais raspado dos lados e comprido em cima. Para o personagem, super funciona e me ajuda a sair do padrão mocinho.

Você é um cara muito vaidoso? Como dosa isso em sua vida? Me considero bastante prático, cada vez mais. Gosto de moda, gosto de design, de perceber as tendências. Mas meu maior cuidado é com a saúde – sempre fui um adepto dos mais variados tipos de esporte – desde a arte marcial, até à corrida. O esporte faz parte da minha rotina obrigatória.

Você voltou a morar no Brasil por conta da novela ou já estava por aqui? Como anda essa relação Brasil – Portugal? Na verdade, cada vez mais me considero um cidadão do mundo. Dependendo do projeto em que esteja atuando, é onde resido. E a minha rotina – trabalho, casa, amigos, família, esporte, negócios, já é bem definida nos dois países. Então, é mesmo somente uma questão de ponte aérea. Tenho apartamento no Rio e apartamento em Portugal. E há oito anos, sempre que termino um projeto no Brasil, vou para Portugal gravar ou filmar e quando termino lá, volto para o Brasil para um novo projeto. Fico nessa ponte aérea laboral com a qual já me acostumei e que gosto bastante, confesso. 

Você sempre procura estar envolvido em trabalhos nos dois países. Acha importante manter os pés lá e cá? Sente alguma diferença de retorno de público e produção? Tenho quase vinte anos de carreira. O público português me viu crescer na TV, literalmente, como homem e como artista. No Brasil, ainda estou conquistando esse espaço, num percurso de idas e vindas (entre trabalhos em Portugal e Brasil) de oito anos, quase. Para eu manter essa ponte aérea laboral entre os dois países, já é um ato de sobrevivência da minha alma artística. Me sinto português e brasileiro. Levo o Brasil para Portugal e trago Portugal até o Brasil, nos trabalhos que faço. Eu gosto do contato com o público e aqui, o público é especialmente caloroso.

Já se aventurou por algum canal de streaming? Como enxerga esse mercado?  Sim, em 2020 filmei um longa do Thiago Luciano – O Segundo Homem, para a Paramount. Acho que o mercado está muito aquecido e isso é ótimo. Confere mais concorrência, mais trabalho, o que torna o nosso mercado mais globalizado. Para mim que falo inglês, francês e espanhol e português do Brasil fluente, permite fazer outros tipos de personagem que não sejam apenas falando o português de Portugal.

Morando no Rio de Janeiro agora, o que curte na hora de relaxar? Sempre que posso, exploro novas regiões do Brasil. Adoro conhecer as diferentes tradições de cada lugar. O contato com a natureza, fazer trilhas, conhecer novas praias.

Já participou de algum fuzuê? De vários! A vida sem Fuzuê não tem graça.

Aos 38 anos, do que você não abre mais mão na vida? De ter paz e estar seguro das minhas escolhas.

Para conquistar Pedro, basta… Ser de verdade, autêntico sem máscaras ou subterfúgios. Simplicidade e carisma são duas características que me conquistam.

Fotos Vinicius Mochizuki (@viniciusmochizuki)

Styling Juliano e zuel (@julianoezuel)

Beleza Matheus Eduardx (@matheuseduardx)