CAPA: PEDRO NOVAES, TALENTO DE PAIS PRA FILHO

Mesmo tendo apenas 22 anos, a forma como Pedro Novaes encara a vida, seu momento como ator e músico, nos inspira. Pé no chão, atencioso e acima de tudo sabe o real valor do “ser” gente. Diante de tudo isso só podemos pensar que seus pais, não por acaso, os atores Letícia Spiller e Marcelo Novaes, desempenham seu melhor papel, o de PAIS! Pedro acabou de estrear de fato na TV, na atual fase de “Malhação”, e já demonstra uma maturidade de quem tem tempo de estrada. É verdade que desde muito cedo ele conviveu com estúdios e palcos pelo Brasil acompanhando os pais, porém não se pode negar que o rapaz se preparou para encarar a profissão e tem tirado de letra. Talento e inspiração não lhe faltam. Tai o lado músico dele de prova. Sua banda acabou de ser escolhida para um dos maiores festivais de música nacional e isso é só parte da sua trilha como artista. Ao ler essa entrevista toda concluímos que esse Pedro vai longe!

Pedro, como recebeu a notícia de que estaria nessa atual temporada de “Malhação”? Como foi o processo todo até chegar nesse resultado? Desde os testes de improviso e workshops em grupo, uma coisa muito maneira, um trabalho realmente em grupo com a Cris Moura que foi essencial. Depois de ter passado esse processo dos workshop com outros workshops de semanas de outros atores, você recebe aquele telefonema clássico que todo mundo espera que é a produção falando “gostamos muito do seu trabalho e tal, estamos a fim de seguir em frente, temos uma ideia do seu personagem, vamos seguir com mais testes…” Ali eu fui tendo essa noção de onde eu tinha que ir, mas é muito louco você receber esse aval, ser conhecido pelo seu trabalho, pelas suas habilidades, pela sua força como ator. É muito gratificante, é muito feliz ter seu trabalho reconhecido.

Por ser filho de atores sente que a cobrança é maior? A cobrança vem mais de você, deles indiretamente ou do público e crítica? Como lidar com isso? Estou sempre muito aberto a críticas porque eu sou um jovem aprendiz da vida como costumo dizer. Tenho que aprender ainda muita coisa sobre tudo, ainda mais sobre essa profissão. Mas eu não tenho muita cobrança por ser filho do meu pai ou da minha mãe, a cobrança é eu comigo mesmo. Eu sou um cara que tenta atingir a perfeição o tempo inteiro tanto na música quando estou tocando ou fazendo um show quanto quando estou vendo uma cena minha. Eu sempre tenho um adendo, uma melhora para fazer… é uma cobrança muito pessoal. Recebo críticas muito bem, adoro receber críticas construtivas que vão agregar no meu trabalho.

Tem pego muitas dicas com seus pais? Quem é mais coruja, o pai ou a mãe? Como cada um encara esse seu desafio? Tenho sim pegado muitas dicas deles. Eu troco uma ideia, mas eles são duas pessoas muito experientes só que eles realmente desde pequeno deixam a gente viver [eu e meu irmão]. Sempre foi assim “vai, faz, aprende do seu jeito”. É uma liberdade, eles não ficam no meu pé. Aquele trabalho ali foi eu que fiz da minha forma. É uma criação de liberdade, independência, autonomia e isso deu força nos meus dois trabalhos. Mas pego sim, tanto no trabalho de cena, de interpretação, de estar na cena e amo.

Que qualidades deles como atores que você pretende puxar para você? O que te inspira neles? Os dois tem muita presença, eles “estão” muito na cena. Minha mãe entra num sotaque sem fazer esforço, é surreal. Esse estalo de você dar um clique e estar na cena com aquela emoção do agora, do que está acontecendo na cena é o valor que eu tento tirar deles. Meu pai fala de coisas mais técnicas, minha mãe mais do estado sentimental da cena. Tudo me inspira neles, são meus pais e os maiores artistas que eu conheço na vida. Eu admiro os dois muito, muito mesmo. São meus pilares.

E quais ensinamentos que você levou para vida que aplica hoje em dia? Tenho muitos que fui aprendendo na vida e ainda tenho muitos pra aprender porque sou um moleque novo, mas uma coisa certa: o respeito com as pessoas, a humildade, a perseverança, acreditar no que você quer, estar aqui agora nesse momento porque a vida acontece no agora, não é o que vai acontecer nem o que aconteceu, é o presente. A vida fica muito mais prazerosa quando você lida com essa leveza de que não existe futuro nem passado, você pode até pensar neles mas só o que você tem é o aqui e o agora. Tem várias coisas que eu levo… ser humildade e reconhecer o quanto você pode aprender, o quanto você pode crescer e ser um ser humano melhor.

Ao longo da carreira dos seus pais você dever ter acompanhado muita coisa. Quais foram os momentos mais marcantes para você como filho e agora como ator? Eu tenho muita imagem da gente juntos, curtindo no meio da selva, no meio da natureza. Eles tem uma imagem pública muito forte, então nossos momentos mais íntimos é quando estamos só nós e esses momentos são muito valiosos. Mas eu lembro de perambular com a minha mãe quando ela fazia peça em vários estados do Brasil e eu “vambora!”, ia atrás dela pra um lado e pro outro. Por ser filho dos dois eu acabei tendo uma criação um pouco diferenciada mas totalmente positiva. Eu tinha que ter sido criado dessa maneira.

Agora com o foco na carreira de ator, onde fica a música na sua vida? Como isso te toca? O foco está na música também. O foco está total na música, a gente acabou de passar no concurso do João Rock. Disputamos uma vaga pra tocar no festival do João Rock, com mais de 70 mil pessoas, primeiro rolou a votação entre mais de 640 bandas, entramos entre os 20 primeiros; entre os 20, selecionaram 10, fomos batalhar com as bandas; das 10 bandas, saíram 4, fomos pra final e ganhamos a competição. Ter a oportunidade de tocar, dividir palco com Rincon Sapiência e outros artistas incríveis, participar do 2º maior festival de música nacional, a gente vai estar abrindo o evento no palco principal… Só estou falando isso porque são conquistas na nossa carreira que vamos tendo muito significativas pôr a gente estar muito focado na música. A música nunca vai acabar em mim, a “Malhação” é um trabalho e vai acabar um dia, mas a música não, eu nunca vou sair da banda, isso é certo. Claro que agora a vida fica um pouco mais agitada porque tem que conciliar as duas coisas, mas está tranquilo também porque são duas coisas que eu gosto muito de fazer.

Com a exposição que a TV proporciona você entende melhor seus pais nessa questão. Como tem sido para você e como tem lidado com isso? Eu entendo muito principalmente a questão dos horários, de ficar horas gravando, o porquê de estar tanto tempo lá, o porquê desse comprometimento ferrenho, desse profissionalismo incrível que os dois têm. Eu me inspiro muito nisso também, a relação com as outras pessoas. Eu acabo estando no ambiente de trabalho deles e entendo tudo isso, o cansaço, mas ao mesmo tempo fico feliz por compreender. Já encontrei eles várias vezes também pra trocar uma ideia, almoçar quando eles estavam gravando “O Sétimo Guardião”. É muito maneiro.

Aos 22 anos e agora com essa visibilidade toda, você vai ter que ter muita disciplina para não se deslumbrar com a fama e o assédio. Está preparado para isso? De que forma? Eu não tenho isso de “preciso ter disciplina”, eu simplesmente reconheço meu lugar. Trato a fama com respeito e humildade, não são essas coisas que farão a minha vida nem o que eu almejo. Tenho outros focos de trabalho, de vida, de diversão trabalhando, então pra mim é muito mais do que isso. São coisas ótimas, não vou mentir, mas tem que saber separar as coisas porque senão sobe na cabeça e você não consegue separar. Então tendo essa base, um pé firme no chão dos seus ideais, das coisas que você aprendeu em casa, do respeito e da humildade que eu estou citando desde cedo na entrevista. Então é isso, não tenho um preparo, é “ok, vamos continuar trabalhando”, é bem simples, não preciso me preocupar porque é uma coisa muito legal, mas é uma consequência por causa da visibilidade, mas é questão de direcionar a visibilidade, abrir portas pra banda, mostrar nossa banda e nosso trabalho.

Qual o lado bom da fama e qual o negativo? Digamos que a fama é um mal necessário? Eu não tenho muito essa visão do “sou famoso” ou “estou famoso”, eu quero chegar e fazer meu trabalho. Eu acordo, vou trabalhar, chego, tenho as coisas da banda, minha rotina é muito atarefada. A fama é boa, ser conhecido na rua, alguém pedir um autógrafo, uma foto, receber elogiar, é muito maneiro, mas como eu já falei sou perfeccionista, então sempre acho que posso melhorar e isso não vai fazer com que eu perca a cabeça. Não acho que tem lado negativo, depende de como você vê isso. É uma coisa muito boa, mas tem que ter o respeito consigo mesmo e a humildade pra entender todo esse lado de “fama”.

Como lida com o espelho, a vaidade…? Eu tento me manter saudável, me alimentar bem, eu gosto de fazer esporte, sou do dia… Gosto de pegar onda, dar um rolé de skate, gosto de sair pra fazer exercício. Quando você tem toda essa rotina esportiva com boa alimentação, o corpo fica saudável, você fica bem consigo mesmo, você fica feliz e tudo isso interfere na sua visão, na sua pele, no seu total, na sua vibe, na sua energia. Se sua energia tá boa, seu corpo tá bem, sua cara fica apresentável. Não sou muito vaidoso não, claro que a gente fica preocupado em aparentar bem, mas é isso.

Nas horas vagas o que faz sua cabeça? Eu faço muito som, eu surfo, gosto de dar uns mortais, gosto de subir pra cachoeira, trilha. Gosto de ativar o meu corpo. Falando nisso tenho até que fazer isso porque a rotina tá muito pegada, mas sempre tem um tempinho pra essas coisas que são boas pra nossa cabeça.

Para conquistar Pedro basta… Gosto de conhecer pessoas que são pessoas reais, que tem personalidade, que tem identidade. Gosto de pessoas que são pessoas mesmo, que não são fakes, que estão simplesmente incluídas num padrão social de vida e não vivem realmente o que elas querem. Eu me atraio por essas pessoas que fazem o que elas querem, o que elas sentem, o que faz elas feliz, me atraio por essas pessoas com personalidade independente.

Espero que tenha sido tudo suave, tudo tranquilo. A vida é muito leve, a gente tem sempre que tentar levar ela com leveza. Não tem porque a gente pesar, é tão boa a vida, tão tranquila. Se a gente levar tudo com leveza, com respeito, a gente consegue atingir muitas pessoas, a gente consegue ajudar pessoas pela energia, pela troca. Tamo junto, obrigado!

Fotos Dêssa Pires
Styling Samantha Szczerb
Assistente Carol Meira
Agradecimentos Cidade das Artes
Pedro veste Amil Confecções, J’Adore Luxe, Renner e Riachuelo