CAPA: RAFAEL INFANTE, A MELHOR NOTÍCIA DO PLANTANANÃ

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Falar de humor, e fazer humor hoje em dia pode ser algo mais difícil do que em alguns anos atrás. A internet tem revelado novos humoristas e a TV tenta se adaptar ao novo humor. Rafael Infante é um desses artistas que consegue surfar muito bem por onde passa. Seja no Porta dos Fundos, de onde o grande público ficou conhecendo seu talento, seja em novelas e programas de TV ou mesmo nos palcos. Sua mais nova criação para a TV, o crítico fofoqueiro Carlinhos Avelar tem rendido boas risadas com seu carisma, velocidade e uma certa acidez ao falar de celebridades e novidades da semana (em seu quadro no Fantástico). Nos palcos, ele traz a saúde mental como tema e discute terapia na ala masculina. De uma forma ou de outra o riso é certo.

Rafael você está num momento especial com peça e participações na TV. Como esses dois formatos te desafiam e te encantam? Olá, sim. Eu amo estar em projetos legais e sempre é um desafio e de uma certa forma autoconhecimento. Os formatos e plataformas diferentes também contribuem para um sabor especial.

Indo para a TV… Você acaba de participar da novela Família é Tudo com um personagem bem ácido (e comum hoje em dia), um colunista de fofoca que adora uma fake news. Inspirou-se em alguém ou em algumas situações para compor o personagem? Boa. O Carlinhos Avelar não necessariamente foi inspirado em jornalismo. Ele nasce de uma observação de que quando nos comunicamos em tom de fofoca, falamos tudo ao mesmo tempo e ainda sim nos entendemos.

Já no Fantástico você estreou o Plantananã trazendo em poucos minutos notícias da semana. Como surgiu essa ideia e personagem? A ideia de ser um telejornal surgiu com o Porta dos Fundos. Onde Carlinhos teria seu jornal e acreditaria que era de suma importância.

Por sinal você sofreu na mão de algum Carlinhos Avelar ao longo da sua carreira? Não, não costumo consumir nem estimular este tipo de entretenimento no sentido da notícia.

E como foi contracenar com Bia, que é uma ex-BBB e tem sofrido muitas críticas por ter participado como atriz na novela? Eu confesso que não vi muito essas críticas. Mas sei que há uma resistência de pessoas que vem de outros formatos. Mas há também muita gente falando bobagem sobre tudo né. Eu vi ela querendo aprender tudo.

Como você encara esse preconceito, que sempre existiu, por parte de crítica e classe artística quando pessoas de outras áreas começam a atuar como atores? Você por ter sido do Porta dos Fundos já sofreu algo parecido? O Porta dos Fundos é um veículo que apareceu apesar de na internet, feito por atores.

Falando no Porta, ele foi (e é!) um celeiro de grande talentos que foram sendo absorvidos pela TV. Qual o segredo do sucesso do Porta? Muitos do início do Porta inclusive estavam ou haviam sido de projetos na TV. Acho que o Porta juntou pessoas no momento certo. Com coisas em comum pra falar.

Hoje em dia a TV aberta praticamente não tem mais programas humorísticos. O que aconteceu a seu ver? Talvez o cuidado de ser politicamente correto e o medo de perder audiência fez as TVs perderem a graça? Eu ainda acho que a TV não entendeu o que é o que. Tenta escutar o que é internet, e tenta separar o que é TV. Quando não existe separação real. São todos a mesma coisa já, ou não existe um público puro de alguma plataforma. Não existe quem assista novela sem ver stories juntos.

É mais difícil fazer humor hoje em dia, onde a grande maioria tem medo do cancelamento? Acho que todos os estilos ainda estão fazendo. As bolhas enaltecem o que cada bolha quer. Você pode assistir um Stand up politicamente correto e depois ir a um show de um humorista extremamente machista, em uma semana de diferença, ou na mesma noite e mesmo bairro.

Hoje em dia a internet/redes sociais é quem ditam as tendências, talentos e hits do momento? Não acredito numa plataforma isolada. Vejo tudo uma coisa só. Coisas que se destacam, independente da plataforma.

O humor precisa se reinventar? A seu ver, quem segue fazendo humor de verdade? O humor não é, em minha opinião, uma entidade, é reflexo do que somos e estamos elaborando no momento. Estamos sempre nos transformando e o humor é uma poderosa ferramenta de reflexão. Tem várias pessoas fazendo “humor” você pode ir ali no dentista e ver que ele é comediante online. Acho que você define ou sente o que é engraçado.

Na sua peça atual você fala sobre saúde mental de forma cômica. De onde veio a ideia? Acho que por ser filho de psicanalistas esse tema sempre circulou na minha vida. E também porque acho importante. E uso o humor para trazer pensamentos, perguntas e ideias.

Quais os planos para esse resto de ano? Trabalhar, criar, colher frutos de sementes já plantadas…, e também viajar (risos).

Para conquistar Rafael basta… Ser de verdade.

Foto Nilo lima 

Direção de arte MAF 

Styling Aline Sassonn 

Locação Teatro Nathalia Timberg 

Looks Gucci vintage, Junio Gomes, SHEIN