CAPA: RAFAEL VITTI – UM CORAÇÃO AMBÍGUO EM “DONA DE MIM”

Em uma fase madura da carreira e repleta de novos desafios, Rafael Vitti retorna às telas na novela Dona de Mim, um projeto que promete mostrar novas nuances do ator. Conhecido por sua versatilidade e carisma, ele mergulha em um personagem ambíguo, divertido e imprevisível, e nos convida a acompanhá-lo nessa jornada de transformação. Em entrevista exclusiva à MENSCH, Rafael fala sobre seus processos criativos, escolhas profissionais, aprendizados no cinema, e a importância da arte em sua vida — seja atuando, cantando ou simplesmente vivendo.

Por Márcia Dornelles

Rafael, seu personagem em Dona de Mim é descrito como alguém que não é nem mocinho nem vilão, trazendo uma aura de ambiguidade. Como você está se preparando para dar vida a esse papel tão diferente dos anteriores? Davi é um personagem leve, despreocupado e muito divertido. Mas também é egotista, irresponsável e inconsequente. Teremos toda a novela para explorar as camadas de todas as personagens, e acredito que o Davi abre possibilidade para tudo. Nem eu sei o que esperar. Na verdade, eu espero me divertir muito fazendo esse papel — tenho certeza de que ele vai me desafiar em todos os sentidos. Eu uso muito meus colegas, no melhor dos sentidos, para construir o Davi. Com cada um, acabo descobrindo um Davi diferente. A troca e parceria com meus admiráveis colegas de elenco agrega muito à construção do personagem.

Na trama, Davi tenta conquistar Leona (personagem de Clara Moneke), uma mulher forte e independente. Como essa relação promete transformar o personagem ao longo da novela? Você acredita que ele vai amadurecer ou continuará refém de suas inseguranças? A chegada da Leona na casa dos Boaz vai mexer com a vida de todos, inclusive com a do Davi. O que começa como uma “brincadeira colorida” entre eles vai virando, pelo menos para o Davi, uma oportunidade de mudança. Ele nunca namorou, é safado e nunca experimentou o amor. Quem sabe não é agora? Chega um momento também em que ele cansa de ser tratado como criança por todos e, aos poucos, tenta ter mais comprometimento e responsabilidade. Não vai ser fácil, porque o Davi não é fácil. Mas, no mínimo, a gente vai se divertir e se emocionar vendo ele tentar.

Você já interpretou personagens variados na televisão. O que mais te atraiu neste novo papel em Dona de Mim? Primeiro, é um personagem criado pela Rosane Svartman — só isso já valia. Mas o fato de ele ter muito humor me fez ficar ainda mais empolgado. Eu gosto de me divertir trabalhando, e um personagem mais leve me permite fazer isso. O que não quer dizer que não terão momentos de tensão, momentos dramáticos também. Uma coisa é certa: Davi vai viver grandes emoções.

Após a novela Terra e Paixão, você protagonizou o filme Caramelo na Netflix, interpretando um homem que não gosta de cachorros — o oposto da sua vida real. Como foi essa experiência? O filme Caramelo foi um grande presente na minha carreira. Um projeto mega especial que me transformou de muitas formas. Tenho que agradecer ao Diego Freitas, que escreveu e dirigiu o filme, por confiar em mim e ser tão aberto para construirmos essa história juntos. Diego é hiper talentoso, e foi muito bom aprender com ele.

O filme traz uma história potente e sensível que vai tocar o coração do público. O Pedro, meu personagem, não necessariamente não gosta de cachorros — ele só tem a vida atribulada demais. Trabalha como chef de cozinha, resolve milhões de coisas ao mesmo tempo, e o cachorro Caramelo entra na vida dele de forma arrebatadora. Pedro vai aprender a amar esse cachorro com todas as forças. Para mim, foi muito interessante contracenar com um cachorro — o Amendoim. Ele ficou na minha casa por um tempo para a gente construir uma relação mais verdadeira, e foi lindo. Sinto saudades dele e penso que, no dia em que o filme estrear, vou reencontrá-lo para matar a saudade. Além disso, foi um desafio físico também — perdi 14 quilos para fazer esse papel. Amo cachorros, e acabei adotando um que fazia figuração no filme, o Leoncio.

Você chegou a fazer testes para o protagonista de Garota do Momento, mas o papel ficou com Pedro Novaes. Como você lida com esses desafios na carreira de ator? Acredito que os personagens encontram os atores. Fazer testes faz parte da profissão — há muitos fatores envolvidos na escolha de um ator para um papel. Gosto de pensar que tudo está no seu devido lugar e “o que é do homem, o bicho não come.” Estou muito realizado por ter feito o filme Caramelo e, agora, por estar nesse projeto tão potente com um personagem tão divertido como o Davi, na nova novela das sete Dona de Mim.

Ao longo dos anos, você tem buscado personagens mais desafiadores e complexos. Você usa algum critério para suas escolhas profissionais? Eu gosto de trabalhar. Adoro estar no set, estar em cena. Procuro não fugir do trabalho. Claro que, às vezes, tem projetos que nos tocam mais, que se comunicam mais com nosso íntimo. Mas acredito que faz parte do trabalho do ator elaborar e desenvolver qualquer tipo de personagem. A graça da profissão é essa.

Além de atuar, você também é músico. A música ainda ocupa um lugar importante na sua vida? Apesar de ter feito quatro anos de formação na Escola de Música Villa-Lobos, estou longe de me considerar um músico. Nunca tive essa pretensão, mas o conhecimento adquirido me ajuda demais no meu trabalho como ator. Atuar não deixa de ser: ritmo e sensibilidade. Me ajudou em Malhação, para tocar guitarra, e em Rock Story, para interpretar um cantor. Então, a música é uma arte que respeito demais e que anda junto com o ofício de ator.

Sendo filho de atores, como João Vitti e Valéria Alencar, como a influência familiar impactou sua decisão de seguir a carreira artística? Acho que influenciou de uma forma subjetiva e subliminar. Objetivamente, eu tinha aquela coisa de criança de não querer ser igual aos pais, querer fazer algo diferente. Até porque sempre ouvi: “você é igual ao seu pai.” Mas acabou que não teve jeito. Amo o que faço e sou muito feliz desenvolvendo essa profissão. Agradeço sempre por me apoiarem.

Com uma carreira que abrange televisão, cinema e streaming, como você enxerga a evolução do mercado audiovisual brasileiro e suas oportunidades dentro dele? O mercado está sempre mudando e constantemente evoluindo. Só procuro aproveitar as oportunidades que aparecem para construir personagens interessantes que se conectem com o público. Estar em um projeto é sempre uma chance de se rever enquanto ator e ser humano — e, principalmente, de aprender.

Para encerrar…deixe uma mensagem para os leitores da MENSCH. Agradeço o espaço e a oportunidade de compartilhar um pouco da minha trajetória e de como penso a profissão. Mas quero, principalmente, deixar meu convite para assistirem Dona de Mim. A novela está linda e promete altas emoções.

Fotos Márcio Farias

Styling Samantha Szczerb

Beleza Igor Leite

Video Oberdan Aleixo

Agradecimentos Raffer, Amil Confecções, Democrata, OTT e Mavie por Jana Xavier