CAPA: Rodrigo Fagundes comemora a virada na carreira com o sucesso de Nelito em “Pega Pega”

O alto astral do ator Rodrigo Fagundes é contagiante e reflete em seus personagens. Depois de uma consolidada carreira no humorístico Zorra Total, Rodrigo encarou o novo desafio de fazer uma novela e aí veio Nelito de “Pega Pega” e ele foi pego de jeito pelo ritmo de estar diariamente na TV e se apaixonou. O sucesso de Nelito com o público, colegas de trabalho e a crítica é resultado também do carisma que esse grande “menino” traz no seu jeito de encarar a vida. “Se pudesse, seria criança o tempo todo”, comentou ele durante a entrevista. Não é à toa que ele está aqui, nos conquistou com seu talento e seu jeito simples de quem quer apenas levar a vida numa boa e com bom humor.

Depois do sucesso de Patrick chegou Nelito e conquistou o público. Acho que seria difícil se desvencilhar do Patrick por ele ter sido muito popular? Difícil não, porque eles são de temperaturas diferentes. Encarei como um desafio e prezo pela humanidade do personagem. Nelito permite que eu experimente várias camadas de sentimentos. Tem sido muito estimulante contar essa história. E esse carinho e aceitação gigantescos do público é o meu combustível.

Foram quase 10 anos de “Zorra Total” e agora uma novela com personagem de destaque. O desafio foi grande? Tomou o gosto pela coisa? (risos) Tomei muito gosto. Sempre fui noveleiro e poder estar do outro lado com um personagem de tamanha relevância me faz querer estar sempre pronto para receber os rumos que ele vai tomar e experimentar nuances, sentimentos e, principalmente, uma troca com meus colegas e com nossos diretores. É um texto saboroso, inteligente e que coloca a comédia num lugar elegante e os dramas num alto nível que aguça a gente que faz e o público que ama nossa história a cada capítulo.

A rotina de novela é muito diferente de humorístico? O que foi mais difícil e agradável no processo? É muito puxado sim. São longas horas de trabalho e concentração. Mas estou tão mergulhado nesse trabalho que não sinto o tempo passar. Está sendo um encontro muito feliz e isso se reflete no resultado da novela que é sucesso desde o primeiro capítulo. A parte mais difícil está chegando agora, pois estamos a 1 mês do fim e já estou com meu coração apertado.

Qual o sucesso do carisma do Nelito? Por que ele é tão querido? Nelito é muito bem escrito. É um personagem tão lindo, que pensa no outro, que cuida, é altruísta e ao mesmo tempo é muito feliz com a vida que leva. Ele é realizado no trabalho, na família…sua vida é a irmã Antônia, Dr. Pedrinho e o Carioca Palace. Pra ele, isso é como ganhar na Mega Sena toda semana (risos). Acho que essa felicidade dele faz com que o público se aproxime de forma carinhosa e queria ter um amigo assim. É o que mais ouço nas ruas.

Aliás, você parece ser um cara muito querido fora da TV também. Acha que isso também ajuda? A que se deve esse carisma? Meus amigos e familiares dizem isso sim (risos)! Esse cuidado com o outro eu tenho sim e coloquei tudo no Nelito. Só não tenho o mesmo temperamento que ele. Acho que sou mais pavio curto na vida. Mas interpretá-lo tem sido um ótimo exercício também.

É meio clichê perguntar a um humorista se ele no dia a dia também é engraçado e bem-humorado. Mas como é o Rodrigo Fagundes fora das câmeras? Confesso que não sou engraçado o tempo todo. Juro. Claro que se estou num ambiente familiar sou bem palhaço, sim. Mas, na maioria das vezes, sou quieto, mas muito atentado quando estou com meus amigos e familiares. Não gosto de me comportar de acordo com a minha idade. Se pudesse, seria criança o tempo todo.

O que te tira do sério e o que te faz rir? Não suporto injustiça, abuso de poder, pessoas que querem te ganhar no grito. Não funciono assim. Já passei por isso e me arrepio só de lembrar. Procuro encontrar humor em tudo, até nas situações mais difíceis da vida. O humor salva e muito!

 

Acha que o bom-humor é imprescindível hoje em dia com nossa realidade tão dura? Aliás, você acha a realidade tão dura? Acho sim. Uma vez uma fã me disse que nós atores somos médicos de almas. Ela levou o marido dela que tinha uma doença terminal na nossa peça, SURTO (uma comédia deliciosa que fizemos por 12 anos ininterruptos) e, no final, nos abraçaram aos prantos dizendo que por 1:15 minutos eles se esqueceram de todas as dificuldades que estavam enfrentando e se divertiram conosco. Isso pra mim não tem preço!

O que e quem te inspira na vida e na profissão? Os seres humanos de forma geral me inspiram. Na vida e na profissão, quando conheço gente generosa, fico muito feliz. Ainda mais quando se trata de um ator de quem já sou fã. Em “PEGA PEGA”, tenho a sorte de trabalhar com um elenco assim. Nos bastidores, é só alegria e todos torcem um pelo outro. Marcos Caruso e Vanessa Giácomo, que são com quem mais contraceno, são de um valor inestimável. Poder trocar com as pessoas, aprender com elas, seja na vida ou no set, é dos maiores prazeres que tenho.

Seria outra coisa se não fosse ator? O que? Gosto muito de falar Inglês. Acho que adoraria ser professor do idioma.

Aliás, como despertou que era isso que você queria ser? E como foi o início? Eu era fascinado pelas obras de Monteiro Lobato, pelo “Sítio”. Quando ganhei da minha tia os livros dele, ficava horas viajando naquelas aventuras. O faz de conta, o lúdico e as aulas de história me encantam. Sou de Juiz de Fora e vim para o RJ fazer faculdade de publicidade na PUC, onde me formei e logo me matriculei na CAL para, finalmente, me encontrar e ter a certeza de que meu lugar no mundo está na interpretação.

Seria um grande desafio fazer um personagem dramático com um vilão? Todo personagem é um desafio. Brincar com a maldade na ficção seria um prato cheio pra mim. Poder botar pra fora todos os nossos monstros, tudo de brincadeira. Na teledramaturgia, geralmente é o vilão que move a trama, isso é muito divertido. Espero poder brincar de ser mau um dia.

Nas horas de folga o que te distrai? Um bom filme, séries, um bom livro, meus amigos e dormir.

Agora em janeiro encerra a novela “Pega Pega”. Já tem planos para depois? O que vem em 2018? Quero voltar pro teatro com o meu espetáculo “O Incrível Segredo da Mulher Macaco”. É uma comédia inspirada nos filmes de Hitchcock e nos livros de Agatha Christie. A ideia é fazer uma temporada em São Paulo e uma pequena turnê depois.