Um homem maduro, no cerne da palavra. Este é um bom “resumo” para Vladimir Brichta. 40 anos, teatro, cinema e novelas no currículo, 2 filhos e um enteado, casado com Adriana Esteves, bonito, charmoso e um olhar equilibrado sobre a vida que não o deixa se envaidecer pelo efêmero, que o orgulha de suas raízes e o faz criar os filhos com senso crítico e liberdade de pensamento. Conheça um pouco mais deste ator que é bem uma mistura de brasilidade.
Conta para a gente o que é que o baiano (mineiro) tem? (risos) Olha, sou uma mistura de: baiano, onde cresci e tive minhas principais referências; mineiro, onde nasci e está a cidade (Diamantina) que meu pai não me deixa esquecer; com São Paulo, de onde são meus pais; com Rio de Janeiro, onde vivo há 15 anos… Enfim, sou um pouco nômade e bem misturado, como o resto da minha família e isso diz bastante a meu respeito. A partir disso, o baiano (mineiro) tem orgulho de sua família e profissão, é um otimista visitado por ideias pessimistas, tem ambições reveláveis só na intimidade e tem saudades da Bahia que já não sabe se é real ou imaginária.
Seu nome é uma homenagem do seu pai (preso pela ditadura) ao Vladimir Hergozov morto no mesmo ano que você nasceu. Como lida com a política? Nasci em uma época em que falar de política era correr risco de vida. Mas cresci com pais dispostos a correr esse risco e exercitar o pensamento, o espírito crítico. Cresci também amando a democracia, a liberdade de expressão, a liberdade de discordar e isso não ser um toque de guerra, mas um embate de pensamentos. Vibrei criança com a volta da democracia, e fui às ruas acompanhando meus pais nas Diretas Já. Mas na vida adulta nunca tive uma postura política partidária, apesar de, obviamente, simpatizar mais com umas legendas do que com outras.
E como pai, como educa os seus filhos e o que passa para eles em termos de valores e princípios? Acho que promover o espírito crítico em casa é o maior benefício que posso dar aos meus filhos, o que vai muito além da política.
Como descreveria Adriana Esteves e a importância que ela tem na sua vida? Não sou capaz de dimensionar ao certo a importância dela na minha vida. Mas certamente ela me ajudou muito a estar mais próximo do homem que sempre almejei ser.
Alguma dificuldade em formarem um casal de famosos? Acho que o mais difícil na fama não é a falta de privacidade tão comentada, ao menos não só ela. Mas educar os filhos com esse mesmo espírito crítico citado acima e aplicá-lo na relação de seus pais com o mundo e vice e versa.
O que coloca um sorriso no seu rosto e o que faz você enrugar a testa? (risos) Interpretar me deixa de testa enrugada. Já o sorriso, esse é bem mais fácil. Rio das bobagens que me permito fazer, dizer, pensar, ouvir. Tenho um apreço severo pela bobagem.
Família unida, carreira estável e próspera e ainda é um homem que arranca suspiros da mulherada! Tem algo ainda para melhorar? (risos) Olha, todo elogio é bem-vindo, mas não posso dizer que me identifico com todos. Reconhecer-me falível, limitado, foi libertador. Quanto aos suspiros, sempre que estiverem a serviço de algum trabalho, vão me envaidecer mais.
Ezequiel, Nélio Garcia, Valentina / Paulão, Enrico Fuentes, Pedro Borges Karamazov, Orlando, Carlos, Leonardo, Beto e tantos outros personagens formaram e formam o ator que você é, o que aprende e o que ensina em cada trabalho, na TV, no teatro ou no cinema? Gosto da ideia de estar aprendendo sempre e especialmente com meu trabalho. Nunca entro sabendo como fazer um trabalho, no máximo sabendo que saberei fazê-lo de alguma forma. Gosto muito de uma frase de Nietzsche que diz que a arte deve nos tornar suportáveis e, se possível, agradáveis uns aos outros. Isso tem a ver com o aprendizado e amadurecimento.
Inclusive você já foi até “mulher” no seriado “Sexo Frágil”. Como foi essa experiência e o que aprendeu do universo feminino? Aquilo foi uma brincadeira que pouco me ensinou, confesso. Tenho aprendido mais sobre o universo feminino conversando com minha mulher, observando minha filha e, quiçá, ouvindo Chico Buarque.
Falando em seriado… Ao final de ”Entre Tapas e Beijos”, que na verdade é um tratado sobre relacionamentos, a seu ver, por que havia tanto desentendimento e vai-e-vem entre Armani e Fátima, Jorge e Sueli, se eles se gostavam tanto? Na verdade ali no seriado o mote, como o próprio nome do programa sugere, são os encontros e desencontros amorosos daqueles personagens. Portanto, eles precisavam dos desencontros para que a série não acabasse ao final do primeiro ano! Mas acho que o êxito do programa, que ficou cinco anos no ar como líder de audiência do horário, foi um acerto minucioso de toda a equipe e a exploração por parte dos autores de um tema tão caro a qualquer indivíduo; amor, paixão.
O que você inveja nas mulheres (se é que existe algo) e o que te dá orgulho de ser homem? “Homem” de Caetano Veloso fala por mim!
Por que homens e mulheres travam a tal guerra dos sexos? Alguma ideia para selar a paz? (risos) Além de um bom sexo, o respeito ajuda!
Depois de anos de casado e filhos ainda há espaço para namoro e sedução? SIM!
O que diria para o leitor que não crê no casamento? Creia, mas não no formato tradicional de casamento. Existem inúmeras formas de amar e viver um casamento. Sou um grande entusiasta de relacionamentos e creio que a cilada é achar que há uma única fórmula.
Surfar, andar de bike, qual o seu ideal de lazer e relaxamento? Surfar.
Você é um cara vaidoso? Até que ponto? Como cuida da aparência? Acho minha vaidade legal. Gosto da forma como lido com ela. Envaideço-me muito com o meu trabalho e isso não tem necessariamente a ver com estar com a aparência mais assim ou assada. Hoje, aos 40 anos, cuidar da aparência tem que significar também cuidar da saúde, então optei por uma ginástica que vai diminuir meu risco de problema na coluna. Enfim, estou na fase que ainda chamo fisioterapia de ginástica para soar mais jovial!
Normalmente você se considera um cara bem humorado? E o que o tira do sério? Sou sim um cara bem humorado. Acredito no humor como forte ferramenta para desarmar a “taciturdez” (“taciturnice”, como preferir) que encontramos frequentemente nos outros e em nós mesmos. Injustiça é de fato o que me enlouquece.
Encerrando…Quais os projetos profissionais para 2016? O que vem por aí? Farei uma série da Manuela Dias, com direção de Zé Villamarim, chamada “Justiça”, que começou agora em abril e deve ir ao ar no início do segundo semestre. Uma série muito interessante que retrata quatro histórias diferentes de pessoas que se envolveram com a justiça e como lidarão com o futuro, suas culpas, angústias… E ainda esse ano lançarei um filme da Claudia Jouvin que se chama Um Homem Só, onde faço um personagem que resolve fazer um clone de si para tentar resolver a sua vida frustrada.
Fotos André Wanderley / Produção executiva e direção criativa Márcia Dornelles / Stylist Xico Gonçalves / Agradecimento especial: La Suite by Dussol (locação) – www.bydussol.com
Vladimir veste: Look 1 – Traje completo Hugo Boss em lã fria 120 cinza com textura “glossy” e camisa em algodão egípcio com colarinho italiano slim. Sapatos bico fino – acervo pessoal; Look 2 – Paletó, calça e colete Hugo Boss em lã fria com padrão xadrez em tons de azul. Camisa social em algodão egípcio Hugo Boss